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Notícias | Região Operação Magna Ópera

Patrimônio de R$ 16 milhões é 'congelado' de 'Chefe dos Chefes' e outros dois líderes de facção

Bens de duas células de facção sediada no Vale do Sinos foram alvos da ofensiva, que mirou os 'braços financeiros' dos traficantes

Publicado em: 19.05.2020 às 08:35 Última atualização: 19.05.2020 às 08:41

Um patrimônio milionário, estimado em R$ 16 milhões, foi 'congelado' em investigação que terminou com a Operação Magna Ópera, deflagrada na manhã desta terça-feira (19) contra duas células de facção com sede no Vale do Sinos. A ofensiva contra os traficantes que usavam laranjas para esconder o dinheiro do tráfico ocorre em Novo Hamburgo, Estância Velha e São Leopoldo. A ação também abrange as cidades de Capão da Canoa, Guaíba e Viamão, além de Itapema e Camboriú, em Santa Catarina.

Bens de dois homens de 51 e 50 anos, o mais velho chamado de 'Chefe dos Chefes', e de um segundo, de 36 anos, foram os alvos da ofensiva.

Primeira célula

Os traficantes de 51 e 50 anos, que possuem antecedentes criminais em grandes roubos nos anos 90/2000, homicídios e tráfico de drogas, são considerados de alta periculosidade, experientes, com extremo poderio econômico, proprietários de empresas, bem como apontados dentre a segunda geração de fundadores da facção, responsáveis pela alta especialização dela no decorrer das últimas duas décadas, a nível de cartel, e ainda operando uma rede de tráfico de drogas, além dos crimes de lavagem de dinheiro.

“Durante três décadas, a organização opera rotas internacionais de tráfico de drogas, armas, dinheiro, via Paraguai, Argentina e Uruguai, sendo que nos anos 90 com conexão ao Cartel de Cáli, e nos seguintes por intermédio de um narcotraficante brasileiro, naturalizado paraguaio”, esclarece Nonnenmacher.

“Algumas empresas também estão sob investigação, suspeitas de participação nos crimes de lavagem de dinheiro para a organização, e foram alvos de buscas hoje, totalizando 69 pessoas físicas e jurídicas”, afirma Bringhenti.

Os fatos foram devidamente comprovados nas investigações, tanto é que um dos seus operadores logísticos e financeiro, um indivíduo com antecedentes criminais por roubos, porte de arma e associação criminosa, que se dizia empresário em Novo Hamburgo, foi preso no Estado do Mato Grosso do Sul recentemente com cerca de 1,6 toneladas de maconha.

Outra prova é um imóvel encontrado no decorrer de várias diligências, a demonstrar o poderio econômico e logístico da organização, tipicamente de cartel, localizado pela Polícia Civil gaúcha, de uma fazenda no Mato Grosso, de propriedade da organização criminosa. Ela fica próxima à região da Bolívia, com uma área de 140 mil hectares, com pista de pouso no meio da mata fechada, avaliada em R$ 42 milhões de reais, equivalente em tamanho a quase três vezes a cidade de Porto Alegre.

Segunda célula

A segunda célula atacada é liderada por um homem, de 36 anos, que se dedicava ao tráfico de drogas e à prática de homicídios em menor escala até passar a ingressar na facção hoje combatida. Com a entrada na facção, o alvo galgou ascender na organização criminosa e hoje, além de ter grande patrimônio registrado em nome de laranjas, reside em uma residência de condomínio de luxo em Porto Alegre avaliada em cerca de R$ 3.000.000,00.

“O objetivo dos trabalhos de hoje foi devidamente cumprido com o atingimento da desejada asfixia patrimonial dessas duas importantes células da facção”, disse Bringhenti.

“Esta operação é fruto de uma longa investigação, de extrema dificuldade, que ao final conseguirá provas dos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, com o devido sequestro de bens e ativos financeiros de grande vulto dos envolvidos”, completou Nonnenmacher.

Investigações

As investigações duraram cerca de dois anos. Somando as ordens judiciais deferidas em decorrência das duas investigações, a operação de hoje deu cumprimento a 341 medidas, dentre elas 138 quebras de sigilos bancário, fiscais e bursátil; 60 mandados de buscas, bloqueio de contas bancárias de 41 investigados, indisponibilidade de 29 bens imóveis e 23 veículos. O total de bens indisponibilizados no dia de hoje chega a R$ 16.129.327,00.

Foram empregados mais de 200 policiais civis gaúchos, três equipes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais da Policia Civil de Santa Catarina, 13 servidores do Gaeco, além de equipes de apoio da DPRI de Montenegro, Core/DPM e DP de Capão da Canoa, distribuídos em 70 viaturas.

O nome da Operação é uma alusão à “grande obra”, em latim.

Operação histórica

Conforme o diretor do Denarc, delegado Vladimir Urach, a operação é histórica para a Polícia Civil, visto que atinge os líderes máximos desta organização criminosa, que desde os anos 90 hegemoniza a distribuição de drogas e armas no Estado por variadas rotas internacionais, porquanto também o alvo principal, uma das lendas da criminalidade gaúcha, pela sua inteligência e astúcia, sempre dificultou o trabalho das polícias para a formação de provas.

O diretor do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos (GIE), delegado Endrigo Veiga Marques, esclarece que o trabalho de hoje é fruto da desejada integração entre Departamentos da Polícia Civil, inclusive somando esforços com o Ministério Público Estadual.

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