As empresas de transporte coletivo estão se equilibrando na "corda bamba" para manter os serviços nos municípios. Em Estância Velha, a linha Silas, do grupo Viação Montenegro, teve queda de mais de 90% no número de passageiros e em suas receitas, de janeiro até abril deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019. Os números refletem o impacto da pandemia do coronavírus na economia, que afeta diversos setores.
"A empresa enfrenta enormes dificuldades financeiras para manter nos horários de pico o serviço essencial de transporte público, sem nenhum subsídio por parte dos governos municipais, estaduais e federais", salienta.
Os usuários reclamam da falta de horários. A operadora de caixa Marília Batista, 36 anos, trabalha em uma loja no Shopping, em Novo Hamburgo, e mora no bairro Lago Azul, em Estância Velha. Ela trabalha do meio-dia às 20 horas.
"Para ir, tenho ônibus às 11 horas, mas para voltar, o último para Estância é às 20 horas. Tenho sempre que sair correndo, às vezes acabo perdendo. No domingo, como começo às 14 horas, não tenho ônibus para ir para o trabalho", relata.
Silva destaca que a Viação Montenegro está com motoristas afastados, com a parte comercial fechada desde o início da pandemia e com os mesmos custos de depreciação de frota, insumos, óleo diesel, taxas, impostos e toda carga tributária do transporte. Ele cobra medidas para que o serviço não pare. "Se nenhuma atitude for tomada, este serviço com certeza deixará de existir", desabafa.
A prefeitura de Estância Velha informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "a gestão está buscando alternativas de aporte financeiro junto às esferas Estaduais e Federais."
Em Novo Hamburgo, a situação também permanece crítica, segundo a diretora administrativa das empresas Hamburguesa, Futura e Courocap de Novo Hamburgo, Sheila Fiori. Há pouco mais de um mês, as empresas haviam cogitado paralisação do serviço.
Até abril, o Município havia registrado queda de 80% no número de passageiros em relação ao mesmo período do ano passado. "A paralisação não está descartada, por falta de recursos mínimos", diz Sheila. Mesmo com a inclusão de 91 horários de ônibus em 18 de maio, ela destaca que o número de passageiros se manteve igual " e, consequentemente, o custo do serviço aumenta", reforça.
A Prefeitura informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "tem mantido diálogo constante com as empresas na busca por soluções."
Há usuários que também reclamam do serviço, como a vendedora Juliana Silva, 37, que utiliza a linha Vila Marte. "No final de semana, só tem horário de manhã cedo e eu começo a trabalhar no sábado ao meio-dia e no domingo às 14 horas." Ela diz que os horários no final do dia não estão sendo respeitados. "Eu pego às 20 horas, mas sempre tenho que sair mais cedo, porque ele passa antes. Na semana passada, eu fiquei até às 20h30 na parada e ele não passou", reclamou a comerciante.
A Socaltur, que atende os municípios de Ivoti, Lindolfo Collor, São José do Hortêncio e Presidente Lucena, com linhas até Novo Hamburgo e São Leopoldo, está trabalhando em escala de domingo, com horários reduzidos. "Como a perda de passageiros foi grande no começo da pandemia, optamos em colocar somente ônibus em horários de pico. No dia 11 de maio, aumentamos alguns horários no começo da manhã, meio-dia e fim de tarde", informou a empresa.