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Após chamar a atenção com um cartaz na BR-116, leopoldense consegue emprego

Há duas semanas, Lucas Rafael estava às margens da rodovia, no trecho de Novo Hamburgo, em busca de um trabalho formal

Por Matheus Beck
Publicado em: 28.05.2020 às 00:00 Última atualização: 28.05.2020 às 12:56

Lucas Rafael, o filho Pedro Henrique e a esposa Cíntia comemoram esse novo momento para a família com renda fixa Foto: Inézio Machado/GES

"Eu nem estou acreditando ainda", revela Lucas Rafael Fontes, 26 anos, que nesta quarta-feira (27), voltou a trabalhar de maneira efetiva e com carteira assinada. A história do morador do bairro Scharlau, em São Leopoldo, comoveu a região há duas semanas. Há dois anos sem a certeza dos valores mensais - trabalhando somente em bicos - Rafael foi às margens da BR-116 e, com um cartaz, anunciou o seu maior desejo: um emprego.

Quatorze dias depois do manifesto na rodovia, em área pertencente a Novo Hamburgo, Rafael já comemora o primeiro dia na formalidade e projeta um novo momento para a esposa Cíntia Eliete de Jesus, 20, e o filho Pedro Henrique de Jesus Fontes, que completa dois anos no dia 6 de junho.

"Ele levanta bem cedo sempre. Aí o celular tocou e ele veio me dizer que tinha sido contratado. Foi muito gratificante. Foi muito esperado esse serviço", contou a esposa, com sorriso no rosto e o filho no colo.


A história

Há duas semanas, nas mãos de Rafael, estava um pedaço de toalha de mesa. No verso, em letras vermelhas, o pedido. A esposa Cíntia relembra a confecção do material. "Ele é todo envergonhado. Já tinha largado um monte de currículo, mas ninguém tinha chamado. Então ele me contou, fez a faixa de noite e no outro dia foi pra lá", lembrou.

No primeiro dia, ainda sem celular, Rafael demorou a voltar, fator que preocupou Cíntia. No segundo dia, 12 de maio, a presença do homem de 26 anos chamou a atenção da reportagem do Grupo Sinos. O conteúdo foi publicado, viralizou nas redes sociais e as ligações passaram a chegar no telefone da esposa.

"Ao todo, fiz umas cinco entrevistas. Mas no fim, acabei conseguindo oportunidade numa empresa que fica a 15 minutos de casa. Vou trabalhar caminhando", contou Lucas Rafael, que agora faz parte do setor da produção de uma empresa leopoldense que não quis ser identificada.

"Estou realmente feliz e também com plano de saúde", ressaltou o agora empregado, acerca de um dos benefícios dispostos nesse novo período.

Outras empresas seguiram ligando após a contratação, mas agora, com orgulho, Lucas Rafael agradece, informa que já obteve a tão esperada contratação e segue as atividades.

A busca permaneceu mesmo na chuva

Foi no dia 11 e 12 de maio que Lucas Rafael foi avistado na beira da BR-116. Os dois dias e a publicação de uma reportagem levaram frutos ao leopoldense. Mesmo enquanto permanecia na via, Rafael recorda de muitos motoristas que pararam para conhecer um pouco da história que o levava a buscar o emprego da forma corajosa e inusitada.

A solidariedade

"Uma vizinha me chamou e disse que ele (Rafael) estava famoso. Aquele dia o celular não parou de tocar", contou Cíntia, sorridente da forma com que a notícia chegou à casa localizada em um pequeno desvio da Rua Pérola, no bairro Scharlau.

Segundo a esposa de Rafael, eles desligavam o celular e ele voltava a chamar em seguida. Além das empresas o procurando, muitos moradores da região auxiliaram de outras formas. "Um monte de pessoas veio aqui. Pessoas que nem conhecíamos. Ligavam, vinham ou mandavam por Uber alguma coisa. Alguns fizeram depósito em dinheiro. Mandaram também alimento, roupas e brinquedos para o Pedro. Ganhamos bastante coisas", recorda a esposa de Rafael, voltando a agradecer a comoção e auxílio de todos.

De tudo um pouco

Ainda em 2020, Lucas Rafael esteve trabalhando na colheita, em Santo Augusto, interior do Estado. Por lá, familiares da esposa acolheram a família. Sem o desejado emprego fixo, Lucas Rafael retornou com a família para São Leopoldo.

A carteira assinada, que não aparecia para o jovem há dois anos estava distante, mas não por ausência de tentativas. "Já fiz de tudo um pouco. Trabalhei com obra, pintura, reciclagem, vendendo coisas na rua como pão e, recentemente, também vendendo máscaras", conta.

Segundo Lucas Rafael, o filho de um ano e 11 meses, não havia sequer nascido quando o benefício fazia parte da vida da família.

Agora, a perspectiva é de evolução e, no que depender do trabalhador, não faltará dedicação para permanecer no emprego. "Estou aprendendo. Ninguém nasce sabendo. Mas nunca deixei de buscar", contou o agora aliviado trabalhador.

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