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Crise fecha 24 mil postos de trabalho na região

Só em abril, 44 cidades daqui tiveram saldo negativo de 20 mil vagas de emprego e número não para de crescer

Reportagem: Ermilo Drews

O que todo mundo imaginava, os números comprovam. A pandemia e as medidas de isolamento social adotadas para contê-la tiveram impacto tremendo na geração de empregos e nas demissões na região. Se em janeiro e fevereiro, as 44 cidades da área de abrangência do Jornal NH tiveram saldo positivo de 6.575 postos de trabalho, ou seja, bem mais contratações do que demissões, o mesmo não ocorreu nos meses subsequentes com a confirmação da pandemia, na segunda quinzena de março. Naquele mês, o saldo foi negativo em 32 das 44 cidades. O cálculo de admissões e desligamentos ficou no vermelho, com menos 4.310 vagas. Em abril, quando a epidemia global já estava estabelecida, a situação foi bem pior. Resultado: fecharam-se 20.181 postos de trabalho. Na soma dos dois meses, todos os municípios da região fecharam no vermelho, o que significou a perda de 24.491 empregos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Alguns municípios tentam reagir, com apoio a micro e pequenas empresas e até com novos empreendimentos. Novo Hamburgo, por exemplo, anunciou na terça-feira a implantação de uma empresa para os próximos meses que promete gerar 4,5 mil vagas até o fim do próximo ano. Número que, se confirmado, passaria uma borracha no desempenho de março e abril (leia mais na página ao lado). Chance para Saimon Quadros, 20 anos, uma das milhares de pessoas que perderam o emprego na cidade. O jovem trabalhava numa loja de roupas no Centro, que não suportou o fechamento por um mês e reduziu a equipe. Ele é um dos 3.984 trabalhadores que encaminharam seguro-desemprego pelo Sine entre março e a primeira quinzena de maio em Novo Hamburgo. Número que triplicou em comparação ao mesmo período do ano passado.

 

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Demissões preocupam

"Novo Hamburgo vinha em uma ascendência na geração de emprego no início do ano, com mais de 700 postos de trabalho criados entre janeiro e fevereiro, tradicionalmente meses de baixa atividade econômica", observa a prefeita Fatima Daudt. A chegada da Covid no País, porém, interrompeu esta série positiva. "A perda de emprego nos preocupa muito, pois isso afeta diretamente toda a família", admite.


Crise das maiores até as menores cidades da região

Com pouco mais de 4 mil habitantes, a perda de 278 postos de trabalho em abril fez com que Riozinho fosse a cidade que mais perdeu percentualmente, quase 20%. "A indústria de calçados, um dos pilares da nossa economia, está quase totalmente parada", justifica o prefeito Valério Esquinatti. O município ampliou em 60 dias o prazo para pagamentos de tributos para dar fôlego aos contribuintes.

 

Poder público precisa investir

Professora da Universidade Feevale, a economista Lisiane Fonseca da Silva observa que o País e o mundo enfrentam duas crises, a econômica e a de saúde, que precisam ser enfrentadas juntas. Ela entende que a liberação de crédito, medida adotada pelos governos, é salutar, mas não basta. "Isto atende o curto prazo, principalmente empresas que têm problema de fluxo de caixa, precisam pagar folha de pagamento, fornecedores." No entanto, defende que para lidar com um problema deste tamanho, o Estado, em seus diferentes níveis, precisa ser mais atuante e não esperar que a retomada econômica venha só da iniciativa privada. "A maior parte do mercado se contrai por cautela, segura o dinheiro como reserva e setor produtivo não investe porque a demanda não cresce. Muitos economistas, inclusive de governos de mercados liberais, defendem que é hora do poder público investir", analisa. Para isso, ela entende que medidas de austeridade precisam ser repensadas e o investimento estatal deve ser eficaz.

 

Cautela coletiva

Lisiane reforça que reformas estruturantes e políticas de austeridade são importantes, mas a longo prazo. "A curto e médio prazo, é preciso investimento, que nesse momento só pode vir do poder público porque as empresas não vão fazer isso", opina. "Obviamente, não adianta construir uma estrada que leve a lugar nenhum. Daí é dinheiro jogado fora. Precisamos de investimento que gere crescimento econômico", finaliza.

 

As medidas adotadas em Novo Hamburgo

Sobre as medidas para minimizar a perda de empregos, além do anúncio da nova empresa, em meados de maio, Fatima cita o Pacto pelo Futuro, articulado em parceria com entidades empresariais e que prevê a participação do Sebrae na elaboração de um plano de retomada econômica que leve em consideração os riscos da pandemia. O Município desenvolve ainda várias ações no sentido de retomar as conexões entre o empregador e quem busca trabalho. Neste sentido, a Agência Municipal de Emprego (AME) retomou as atividades no dia 11 de maio, inicialmente só para encaminhamento de seguro-desemprego. Coordenador da AME, Nelson Dietrich Júnior, adianta que a agência faz prospecção de emprego junto a empresas da cidade.

Aberto processo seletivo para central do Santander

Entrada da atual planta fabril da RS/Tupã onde será instalada a estrutura do banco Foto: Juarez Machado/GES
No dia seguinte ao anúncio dos governos gaúcho e hamburguense da instalação da Central de Atendimento Remoto de Alta Tecnologia do Grupo Santander, o banco confirmou que o processo seletivo para as novas vagas em Novo Hamburgo já está aberto. A projeção da instituição financeira é de gerar até 4,5 mil empregos até o final de 2021 no Município. E os interessados em trabalhar na central, que será a nova unidade da Toque Fale, empresa de Campo Bom que foi adquirida pelo grupo no primeiro trimestre deste ano, já podem enviar os currículos para talentos@toquefale.com.br. Além disso, podem se candidatar por meio dos sites https://jobs.i-hunter.com/santander/login e https://santanderbrasil.gupy.io/jobs/210779.

Após confirmar ao Jornal NH que o processo seletivo para as vagas de Novo Hamburgo já havia começado, o Santander Brasil anunciou que estava iniciando um movimento estratégico para atrair talentos capazes de elevar a eficiência e a produtividade do banco e abriu seleção para 1,5 mil profissionais. Dessas, "a maior parte das contratações será destinada à área de tecnologia, que tem sido decisiva para viabilizar o trabalho remoto e a oferta on-line de produtos e serviços, bem como alternativas de atendimento à distância", consta em nota divulgada pelo banco.

Na nota, a instituição financeira ainda cita o investimento feito na estrutura de atendimento em Novo Hamburgo. A inauguração está prevista para setembro deste ano já com os primeiros 600 colaboradores. Depois, a intenção é contratar 350 funcionários por mês.

Contrato firmado é de aluguel

Desde o ano passado, o Grupo Santander conversa com a direção da RS/Tupã Indústria de Plásticos sobre o local em que instalará a nova central. Com contato direto com o banco, o contrato firmado entre a direção da empresa hamburguense e o Grupo Santander é de locação do espaço.

Com entrada pela Rua Carolina, o local onde a partir de setembro deve estar funcionando a Central de Atendimento Remoto de Alta Tecnologia do Santander Brasil, e que centralizará em Novo Hamburgo o atendimento remoto do banco no País, é hoje a sede de duas empresas. A proprietária do espaço, RS/Tupã está de mudança, conta o diretor da indústria de plásticos hamburguense, Augusto Saldanha. “Temos uma filial em Novo Hamburgo e até o final de junho devemos estar operando no novo endereço”, conta, ao dizer que o novo parque fabril da empresa tem 5 mil metros quadrados. No mercado há mais de 40 anos, a RS/Tupã tem cerca de 140 colaboradores. “Vamos continuar em Novo Hamburgo, mas agora em outro local. Sobre o atual endereço da empresa, já era uma ideia antiga aproveitar o espaço para algo comercial”, revela Saldanha.

Área do Santander será exclusiva

Sobre o espaço que a central do Santander ocupará no local, Saldanha conta que a área do Santander será exclusiva do banco. A empresa baiana que loca uma parte do espaço deve continuar no local. "Os prédios serão separados", comenta o diretor da RS/Tupã, que é a proprietária da área.

 

Todo mundo ganha quando se tem emprego, inclusive o pessoal do mototáxi

Até os mototaxistas que atuam em frente à Estação Santo Afonso da Trensurb estão esperançosos. "Quanto mais gente trabalhando, mais dinheiro circulando. Pensa, são 4,5 mil empregos que querem criar até o próximo ano. Isso é mais que a população da maioria das cidades gaúchas. Imagina quanto emprego indireto vai trazer", comemora o mototaxista Eduardo Alves, 54. "Vai melhorar o bairro, vai melhorar para o comércio. Todo mundo ganha quando se tem emprego", completa Gilberto Rodrigues, 55, colega de Alves.

Dono de armazém desistiu de fechar negócio a metros do empreendimento

Logal da central de Tecnologia do Santander,comercio logal ,moto taxi. Foto: InÉzio Machado/GES
Uma das donas de um armazém familiar a poucos metros da área que irá receber o empreendimento do Santander, Gecilda Homem Soares, 60 anos, vê com esperança a instalação da empresa. "É bem aqui na frente, né. Meu filho tinha dito pra gente vender tudo aqui e ir embora dias destes. Estava desanimado, as vendas caíram muito com a pandemia. Agora, mudou de ideia. O pessoal aqui do entorno está todo ouriçado com a notícia", fala a comerciante.

 

*Colaborou: Nicolle Frapiccini

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