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Notícias | Região Em Esteio

Profissionais de saúde e sindicatos protestam por melhores condições de trabalho no Hospital São Camilo

Ato aconteceu no início da tarde desta segunda-feira, em frente à casa de saúde esteiense

Por Priscila Carvalho
Publicado em: 20.07.2020 às 17:24 Última atualização: 20.07.2020 às 17:26

Trabalhadores do Hospital São Camilo, de Esteio, e representantes de entidades e sindicatos realizaram uma manifestação pacífica, em frente à casa de saúde da cidade, no início da tarde desta segunda-feira (20). O motivo, segundo os organizadores, é a falta de condições de trabalho adequadas para os profissionais do local e, principalmente, falta de testagem para os mesmos.

“Não estão testando os colegas que tem contato com pacientes Covid-19, tem uma burocracia muito pesada que os trabalhadores não conseguem a sua própria testagem. Se não conseguir testar nem os trabalhadores que estão atendendo, a própria população vai ser contaminada pelos profissionais”, ponderou o presidente do Sindisaúde do Vale dos Sinos, Andrei Rex, destacando que já tiveram diversos casos de contaminação dentro do hospital.

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“Semana passada, nós tivemos um caso que a emergência Covid estava lotava e passaram um paciente com sintomas de Covid para a emergência normal. Ou seja, os trabalhadores da emergência normal não estavam com toda a paramentação que deveriam estar. Os trabalhadores estão assustados e com toda a razão”, salienta Rex, citando que o Sindisaúde já entrou com denúncia no Ministério Público. “Já oficiamos várias vezes a direção e não rebemos resposta desses ofícios e, inclusive, solicitamos ao MP que apurasse essa situação, por falta de resposta da direção do hospital”.

 

Infectados

Enfermeira da UTI Adulto da instituição, Marlei de Melo Policeno, afirma que os profissionais não estão fazendo testes e que já enviaram documentos para a direção. O pedido, segundo ela, é que os funcionários peçam e expliquem porque estão solicitando o teste via Comunicação Interna. Marlei também diz que o único EPI dado pelo hospital é a máscara.

"Várias unidades clínicas tiveram casos positivos para coronavírus. A gente está abandonado. Hoje (ontem), uma funcionária veio no médico do trabalho e foi praticamente, escorraçada. É um descaso, um desrespeito com o funcionário. Os funcionários estão voltando a trabalhar em estado grave ainda e são atirados nas unidades e ninguém faz nada”, reclama.

Conforme Marlei, até a sexta-feira (17), 69 profissionais de saúde testaram positivo no Hospital São Camilo e outros 20 aguardavam o resultado do exame.

Problemas no São Camilo não são atuais
O protesto também teve apoio do Sindicato dos Municipários de Esteio (Sisme). A presidente da entidade, Graziela Oliveira lembra que os problemas do São Camilo não são atuais. “Há muito tempo já, antes da Covid, a gente tinha problemas no hospital. Problemas de estrutura, problemas de material e que se agravaram com a Covid”, reforça, enfatizando que desde março foi encaminhado processo, mas não conseguem diálogo com a instituição. “O que a gente vê sendo colocado nas redes sociais, é uma notícia totalmente contrária do que está sendo vivido no cotidiano”, comenta.

Em abril, o Coren-RS ajuizou Ação Civil Pública (ACP) contra o Hospital São Camilo, depois de receber grande número de denúncias que chegaram à Ouvidoria do Conselho referente à não disponibilidade de EPIs aos profissionais de Enfermagem. Procurado, o Coren também informou que “o protocolo de testagem é institucional”.

"Quem cuida de vida, não pode morrer"

Também na manifestação, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Amarildo Cenci, reafirmou a necessidade de melhor atenção, cuidado e proteção dos trabalhadores da saúde. “Quem cuida de vida, não pode morrer”, sublinha. “Hoje, estamos pleiteando que se faça uma testagem, considerando que é o que recomenda a OMS e os especialistas do Brasil. Estamos preocupados porque, daqui a pouco, o pessoal que está encarregado e profissionalizado para cuidar dos outros, está passando (coronavírus) para os outros”, diz.

Direção diz que fornece testagem, conforme orientações

Questionada, a direção do Hospital São Camilo se manifestou por meio de seu diretor administrativo, Adriano Coutinho. Segundo ele, o Hospital fornece todos os EPIs previstos nos protocolos da OMS, para todos os servidores da instituição. “Quanto a testagem, é realizada em todos os funcionários que apresentam sintomas para a Covid-19, através de RT-PCR, conforme orientações vigentes. Diariamente as chefias avaliam as condições de saúde dos trabalhadores e encaminham para avaliação médica quando necessário”, disse. Coutinho também destacou que o hospital conta com Serviço de Engenharia e Medicina do Trabalho que orienta quanto aos protocolos de segurança e acolhe todos os trabalhadores quanto às doenças ocupacionais e que desde o início da pandemia a instituição formou um Comitê de Enfrentamento da Covid-19, para tratar de ações referentes a doença.

Ainda conforme o diretor, não é feito novo exame quando um profissional afastado volta ao trabalho e, sim, se ele tiver sintomas, é encaminhado para reavaliação. “Cumprido os 14 dias de afastamento, já passou o curso da doença, conforme o Ministério da Saúde. Não tem teste que possa informar cura, nenhum hospital testa pra retorno. Se não tem sintomas retorna ao trabalho normal, após passar pelo médico do trabalho”, frisou.

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