Ideia de lockdown para frear o coronavírus ronda a região

O bloqueio total do funcionamento de determinada localidade, popularmente conhecido como "lockdown", não chegou a acontecer no Rio Grande do Sul. No entanto, a sua possibilidade não é completamente descartada pelos nossos prefeitos. O lockdown é a medida mais rígida que pode ser adotada em períodos extremos, como a pandemia de coronavírus, pois inclui restrições para a circulação nas ruas, proibição de cruzar fronteiras e, até mesmo, adoção de toque de recolher. No Brasil, a medida já foi implementada em Estados das regiões Norte e Nordeste, como Maranhão, Pará e Ceará.

Em entrevista à Rádio ABC 103.3 FM na manhã desta quarta-feira (22), a prefeita de Novo Hamburgo, Fatima Daudt, disse que a medida ainda não é necessária na cidade.

CONTEÚDO ABERTO | Leia todas as notícias sobre coronavírus

Na sexta-feira passada, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, apresentou uma carta ao governador Eduardo Leite e aos prefeitos da região do Vale do Sinos, propondo que o governador, junto aos setores produtivos e os gestores públicos, utilizando dados técnicos, faça uma parada geral de 15 dias, reabrindo gradualmente as atividades com segurança depois disso. A proposta de lockdown foi apresentada como alternativa para pôr fim aos constantes decretos de fechamento e abertura do comércio.

"Por falta de uma decisão coletiva, esse abre e fecha, que causa incerteza e insegurança, tem gerado prejuízo enorme para o setor comercial, sobretudo para os pequenos comerciantes, aumentando a crise e as demissões", disse Vanazzi. No documento, o chefe do Executivo leopoldense pediu que os prefeitos da região metropolitana assumissem a estratégia de isolamento social geral por 15 dias, "garantindo a fiscalização e engajando todos os setores organizados de suas cidades no controle da trágica situação."

No entanto, o prefeito não teve adesão de outros gestores municipais da região e, segundo ele, não recebeu nenhum tipo de retorno do governo do Estado. A reportagem contatou a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual da Saúde (SES), mas não obteve nenhum tipo de retorno até o fechamento desta edição. Entre os prefeitos integrantes da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars), o assunto não chegou a ser discutido.

Conforme a assessoria de comunicação da Amvars, ocorreu uma reunião com os prefeitos na tarde de ontem, na qual os gestores se propuseram a adotar medidas mais duras para combater aglomerações e compartilhar responsabilidades com o governo estadual.

Para Vanazzi, se o lockdown tivesse ocorrido no mês de junho, a situação da região seria diferente. "Nossas cidades são interligadas. Se tivéssemos feito isso há 30 dias, tenho certeza de que não estaríamos na bandeira vermelha", ressalta.

Mais um decreto capilé

Na tarde de ontem, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, assinou um novo decreto, prorrogando até o dia 28 de julho a vigência do texto anterior, que reitera o estado de calamidade pública no Município. Sem alterações expressivas no que já estava posto, o decreto mantém proibida a utilização de espaços públicos como parques e praças, com o objetivo de evitar aglomeração. O uso de máscaras de proteção respiratória segue obrigatório por toda a população, inclusive passível de multa pela falta de utilização.

O decreto também reforça o entendimento de que é permitido apenas ao Clube Esportivo Aimoré funcionar para treinos e jogos coletivos com seu mando de campo, sem a presença de público, devendo o clube atender integralmente os protocolos da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Conforme o novo texto, o comércio atacadista, que já estava liberado para atuar nas modalidades de drive-thru, pague e leve e tele-entrega deve, entre outras regras, oferecer álcool gel e tapete sanitizante, além de equipamento de proteção individual (EPIs) para os trabalhadores.

Ontem, São Leopoldo contabilizou 70 novos pacientes infectados pelo novo coronavírus, chegando a 1.949 casos. O Município contabilizou, também, 1.593 pessoas recuperadas da doença. A cidade alcançou, ainda, a marca de 7.081 testes realizados, uma média de 3 mil exames para cada 100 mil habitantes. A área Covid-19 do Hospital Centenário estava com 38 pacientes.

 

Dois óbitos em Sapucaia do Sul

A prefeitura de Sapucaia do Sul confirmou, ontem, 34 novos casos de coronavírus na cidade, e dois óbitos. Uma das vítimas é um homem, de 62 anos, morador do bairro Cohab, que estava internado no Hospital Municipal Getúlio Vargas. Ele era hipertenso. A segunda vítima foi um homem, de 40 anos, morador do bairro Fortuna, que tinha imunodeficiência.

Marchezan vê piora nos indicadores

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, também vislumbra uma possibilidade de lockdown, caso os números da pandemia na capital continuem avançando. Ele percebe que houve uma queda na adesão ao isolamento social por parte da população no último mês. "A partir de 15 de junho, começamos a ampliar as nossas restrições. Infelizmente, essas restrições não tiveram o mesmo impacto sobre a circulação e não diminuímos a demanda por leitos, o que continua ameaçando a capacidade das estruturas da capital", comenta.

Ele reconhece que um lockdown por 15 dias poderia auxiliar na contenção da pandemia, mas reitera que a opção pelo fechamento precisaria ser conjunta. "Essa decisão eu não tomaria isolado. É uma opção da cidade. Só ocorreria se os hospitais manifestassem publicamente essa necessidade, com apoio das entidades empresariais e da imprensa. Mas a perspectiva é que as restrições de hoje se prolonguem", salienta.

A Covid-19 nas cidades da região do VS

São Leopoldo

1.949 casos

38 internados

1.593 recuperados

44 mortes

Sapucaia do Sul

681 casos

20 internados

468 recuperados

20 mortes

Esteio

483 casos

24 internados

292 recuperados

19 mortes

Portão

214 casos

6 internados

113 recuperados

5 mortes

Capela de Santana

21 casos

7 internados

7 recuperados

0 morte

Total na região

3.348 casos

95 internados

2.473 recuperados

88 mortes

* Dados cruzados entre prefeituras da região (com atualizações até sábado, já que no domingo não está sendo feita a contagem nos municípios) e Secretaria de Saúde do RS até as 20 horas de terça-feira (21)