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Notícias | Região Situação se agravou

Com a pandemia, estoques de sangue chegam a nível crítico

Nível das doações caiu drasticamente em hospitais da região, enquanto que a demanda permanece a mesma; Hemovida e Hemocentro do Estado frisam que a situação preocupa

Publicado em: 27.07.2020 às 03:00 Última atualização: 27.07.2020 às 07:57

Souza doa sangue no Hemovida, em Novo Hamburgo Foto: Inézio Machado/GES
Se antes a rotina já não era das mais simples, com a pandemia a situação se agravou e bancos de sangue e leite da região lutam para manter os estoques abastecidos e continuar auxiliando no tratamento de pacientes internados em hospitais. O desafio agora exige respeito ao distanciamento e mais medidas de higiene. Outro fator (que não tem a ver apenas com o Rh) fundamental nesse processo é a solidariedade das pessoas.

O nível de estoque do Banco de Sangue e Centro de Hematologia Hemovida, junto ao Hospital Regina, em Novo Hamburgo, por exemplo, é considerado crítico. "Nunca a coleta esteve tão baixa. Antes, conseguíamos 1,4 mil bolsas por mês. Agora, estamos em cerca de 750. Caiu pela metade", explica o médico coordenador Cláudio da Cruz Baungarten. Para exemplificar a gravidade, Baungarten cita que em um nível confortável se teria cem bolsas de sangue "O" positivo. "Hoje estamos com 30. De sangue 'O' negativo, seriam 30 bolsas. Tenho três", detalha. E são nove hospitais conveniados que necessitam do serviço.

Essa não foi a realidade desde o início da pandemia. "Por enquanto, estamos conseguindo atender, porque tínhamos um estoque. Só que, há algumas semanas, começou a cair bastante", relata. E, ao mesmo tempo em que a procura pela doação sofreu uma queda brusca, a demanda permanece a mesma. "A gente depende dos doadores. Estamos fazendo várias campanhas para isso. Estendemos horários, flexibilizamos, às vezes, aos sábados, abrimos o dia inteiro, fazemos pedidos nas redes sociais, disparamos e-mails para os mais de 20 mil doadores do nosso banco e contamos com parceiros, como grupos de entidades", detalha.

Principal fornecedor

No Hemocentro do Estado, principal fornecedor de bolsas de sangue da região, a situação é semelhante. No momento, os estoques se encontram em nível regular a crítico. "Precisamos intensificar a captação de doadores, para termos os estoques em nível adequado. Principalmente, para o sangue do tipo 'O' positivo e negativo", sublinha a Secretaria Estadual da Saúde (SES). Porém, todos os tipos sanguíneos são necessários.

Das 39 casas de saúde atendidas pela instituição na Região Metropolitana, 15 ficam nos vales do Sinos, Paranhana e Caí. Só que, na maior parte dos casos, é preciso se deslocar até a capital para doar. O atendimento está sendo realizado, preferencialmente, com pré-agendamentos por telefone ou WhatsApp, pelos números (51) 98405-4260 ou (51) 3336-6755, ramal 102. "Também estamos atendendo a demanda espontânea, mas sugerimos que liguem ou mandem mensagem primeiro, para termos um parâmetro do número de pessoas que estarão aqui e podermos nos organizar melhor", afirma a assistente social Roberta Fabiana Abbad, do setor de captação do Hemocentro.

O espaço fica na Avenida Bento Gonçalves, 3.722, junto ao Hospital Sanatório Partenon, no bairro Partenon, Porto Alegre. As doações podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 8 às 16 horas, sem fechar ao meio-dia.

Média reduzida

Um terceiro centro que faz a diferença na região é o Hemovale, de Lajeado, que atende hospitais como o de Montenegro, referência para 14 cidades do Vale do Caí. "Antes da pandemia, tínhamos uma média diária de 40 doadores. Hoje, temos algo em torno de 25 doadores", frisa a farmacêutica do setor de sorologia, Fernanda Marca. O órgão também realiza campanhas para ampliar as doações e afirma que o apoio de empresas tem feito a diferença. "Elas mobilizam seus funcionários e nos ajudam a manter os estoques", pontua. O contato é o (51) 3748-0442.

 

O exemplo e a mensagem do metalúrgico José de Souza

O metalúrgico aposentado José Rogério de Souza, 53, saiu de casa recentemente, em São Leopoldo, tendo o Hemovida como destino. "A gente sabe que os bancos de sangue estão com os estoques baixos por causa da pandemia e precisamos fazer a nossa parte", conta. Ele explica que é doador há cerca de 20 anos, mas tinha perdido um pouco o hábito de doar por causa do trabalho. "Agora, estou mais por casa e resolvi doar de novo. Enquanto eu estiver com saúde, vou doando", diz, sobre o ato que realiza, ao menos, duas vezes por ano.

Souza também convida as pessoas a fazerem o mesmo. "Não custa nada pegar meia hora do dia e ajudar até seis pessoas que estão necessitadas. O sangue que tu doas não faz falta para o teu corpo", destaca. Para concluir, ele afirma que as pessoas não precisam ter receio em fazer a doação. "Eles estão tomando todos os cuidados. Fazem agendamentos, tudo é bem higienizado, usam materiais descartáveis e é obrigatório todo mundo estar de máscara", arremata.

 

Situação é diferente nos bancos de leite

Já para os bancos de leite humano a situação é um pouco diferente. A maior parte dos hospitais da região não tem esse serviço, que visa a destinar leite materno a bebês da neonatologia. Só hospitais da capital. O que se repete são problemas ocasionados pela pandemia, como o constatado pelo Banco de Leite Santa Casa. Enquanto o estoque ideal deveria ser de 13 litros, desde o início da pandemia caiu para seis. Interessadas em doar leite podem ligar para o (51) 3214-8284.

Já o banco de leite do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, por enquanto, só recebe o leite excedente de mães que têm seus bebês na instituição. O que for recebido é doado para o Hospital Fêmina. Por isso, o estoque se mantém estável. A despeito da pandemia, o Grupo Hospitalar Conceição consegue manter um bom estoque, "Mantivemos a média de 40 litros por mês de doação", frisa a pediatra Cristina Simon. No local, o problema ocorreu em agosto do ano passado, quando o estoque zerou. "Desde então, temos mantido um bom nível", acrescenta.

Agora, a coleta das doadoras passa por um rigoroso controle de riscos e prevenção. "Dessa forma, seguimos com a legislação no que tange à higiene, conduta e segurança da doação. As orientações de ordenha e coleta são sistematicamente repassadas às doadoras", diz, explicando que foi incluído no cadastro o histórico anterior ou atual de síndrome gripal ou confirmação de Covid e uso obrigatório de máscaras.

Douglas foi ajudado por ações como a de Betina

Betina Cezimbra Ludwig, uma das doadoras e integrante da Campanha Mensal de Doação de Sangue de Dois Irmãos Foto: Arquivo pessoal
Quem faz parte da ação dois-irmonense desde o começo do ano é a assistente de conteúdo Betina Cezimbra Ludwig, 22 anos. "Entrei no grupo no final de janeiro", conta, lembrando de sua primeira doação na campanha no final de fevereiro. "Logo depois, começou a pandemia." Para Betina, o que chamou a atenção foi que mesmo com toda a situação desconhecida que precisavam lidar, os doadores não desanimaram. "O mais legal é que o pessoal continuou se organizando", detalha.

Ela, que doa sangue desde 2017, diz que pretende continuar fazendo parte da campanha local. Uma nova doação já está nos planos da jovem. Do outro lado, de quem já foi ajudado, está a família Boll. Na terceira edição da campanha, o pequeno Douglas, então com 5 anos, foi o motivo da mobilização. "Ele está com leucemia linfoide aguda. Quando descobrimos, ficou 41 dias internado, recebendo sangue e plaquetas", relata a mãe, a dona de casa Marcia Maria Vier Boll, 47.

Atualmente, o pequeno está fazendo tratamento em casa. Ainda assim, nos últimos meses, houve doações programadas para ele. "Caso Douglas não precise, tem muitas crianças necessitando no Clínicas", conta Marcia. Em quase um ano de tratamento, o menino contou com a solidariedade dos conterrâneos por diversos momentos.

Dois Irmãos e região estão engajadas na causa

Acima e abaixo, edições da Campanha Mensal de Doação de Sangue de Dois Irmãos, que está ocorrendo todos os sábados, em diferentes hospitais da região Foto: Divulgação/Prefeitura de Dois Irmãos
Cada vez mais, é a comunidade que faz a diferença nesse momento. E entre as ações que enchem o coração e promovem alívio aos bancos, está o exemplo da Campanha Mensal de Doação de Sangue de Dois Irmãos.

"No dia 10 de agosto, completaremos um ano da primeira doação, quando ajudamos uma pessoa que estava necessitando com urgência. Até o aniversário, vamos chegar em torno de 750 doações", explica o chefe do Departamento de Desporto, Sérgio Kroetz, sobre a continuidade da iniciativa, organizada em parceria com a Secretaria de Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente.

Porém, o novo coronavírus chegou à região e em março a campanha foi suspensa. Mas não demorou muito para ser retomada. Cerca de um mês depois, em abril, as doações recomeçaram. "Voltamos e, para minha grande surpresa, voltamos com tudo. Estamos indo praticamente todos os sábados, com uma média 16 pessoas, que é a metade da capacidade do ônibus, para manter a segurança de todos. Quando necessário, vamos durante a semana com carros particulares", frisa Kroetz."

Os hospitais Conceição, Clínicas, Santa Casa, Ulbra e Regina são os que costumamos ir", pontua. Para participar, é necessário agendar a saída, pelo telefone (51) 99500-2719, diretamente com o chefe do Desporto.

 

É possível agendar por telefone

Pelo número (51) 3581-5241. Quem esteve gripado ou teve contato com alguém gripado não pode doar. Para doar, é necessário apresentar documento com foto e estar alimentado.

Saiba mais

Três pessoas, no máximo, têm agendamento simultâneo. Doadores podem ter idade entre 16 e 69 anos, sendo que os menores de idade devem estar acompanhados.

 

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