O Dia dos Pais com novo significado para quem ficou órfão ainda criança

A pandemia se atravessou no abraço de diversos pais e filhos neste domingo. O eu te amo vai ser por videochamada, ligação ou a distância para vários deles. Ainda assim, vai dar pra ver e sentir a felicidade contida naqueles mais sisudos e o choro naqueles mais emotivos. O amor vai ter reciprocidade, mesmo que não tenha o estalar do beijo, o aconchego do abraço. Mas para muita gente o Dia dos Pais é uma lembrança. Daquelas boas, mas que arrancam lágrimas.

Tem gente que só pode ver o pai nos pensamentos, ao fechar dos olhos ou no álbum de família. Mais da metade da vida do hamburguense Tiago Ramão, 32 anos, tem sido assim. A morte prematura de Daniel Carvalho Ramão, aos 49 anos, deixou Tiago órfão de pai aos 13. Foi entregando cartas que Daniel sustentou os quatro filhos. Foi na igreja que mostrou o certo e o errado. Mas as complicações da diabetes apareceram e aquela sensação de nunca mais chegou. Quando morreu, o caçula tinha 6, a mais velha, 23. "No começo foi difícil. A gente assistia aos jogos do Grêmio juntos. Eu jogava em escolinha e todos acompanhavam os filhos nos jogos, mas o meu não estava mais comigo", lembra Tiago.

Por algum tempo o Dia dos Pais foi só aquela lembrança doída na família Ramão, até que os filhos resolveram conceder mais este título à dona Ângela. "Começamos a comemorar com minha mãe. Afinal, ela que segurou as pontas e terminou de criar os quatro." Menos de dois anos atrás a data sofreu nova transformação na vida de Tiago. A vinda ao mundo da pequena Alícia fez nascer um pai. "Sempre quis. No domingo, o homenageado serei eu. A Alícia ainda não entende a data, mas só de ouvir ela falar papai já me desmancho."

E é seguindo os passos do pai Daniel que o filho Tiago quer honrar o título conquistado com a chegada de Alícia. "No aniversário de um ano dela quis muito ele por perto, pra vê-la. Mesmo não estando aqui, continua sendo um exemplo. O amor não muda."