O desaparecimento do soldado Jéferson de Mato Morinel, 19 anos, intriga a 3ª Divisão do Exército de Santa Maria, que mobilizou o serviço de inteligência para uma varredura na região. Em Novo Hamburgo, a família está aflita por informações. A última notícia é das 19h30 de quinta-feira, quando entrou em contato com o pai, Valdir, 48, por mensagem de celular. Ele já não tinha ido ao quartel naquele dia. Conforme os comandantes, Morinel não tinha problema de disciplina, aparentava estar adaptado à rotina militar e era benquisto entre os colegas. Segundo a família, ele foi servir, em fevereiro deste ano, porque queria seguir carreira.
O soldado parecia animado na última mensagem ao pai. "Ele enviou foto de um lugar onde comia churrasquinho. Disse que estava com colegas", conta a irmã, Daiane, 31. O alerta foi acionado no sábado à noite. Sem falar com o filho há dois dias, Valdir ligou e enviou mensagem. "O telefone estava sem sinal. Ainda hoje nem chama", observa Daiane, que logo recebeu ligação do pai. "Ele pediu para eu falar com o quartel. Telefonei para lá e até pedi desculpas pela hora, pois passava das 21 horas. Quando disseram que ele não estava no alojamento, tive que autorizar que abrissem o armário dele. Todos os pertences estavam lá. Não tinha levado nada."
Encarregado de Pessoal na 3ª Divisão do Exército de Santa Maria, o tenente Carlos Serra diz que alimentava a esperança de apresentação do soldado nesta segunda. "Estamos com nosso serviço de inteligência atrás de informações e algumas foram levantadas, que estão sob sigilo." Ele revela que o lugar exato do "churrasquinho" ainda não foi descoberto. "Mas obtivemos notícias relativas a áreas complicadas. Estamos preocupados e mobilizados", resume.
O tenente demonstra apreço pelo recruta. "Fui a Novo Hamburgo em janeiro fazer a seleção e conversei com todos. Vi no Morinel um rapaz humilde, disposto a servir e aprender." O jovem foi escalado para o refeitório. "É um setor onde a maioria não quer trabalhar, mas o Morinel sempre atendeu a todos muito bem, nas tarefas de auxiliar de cozinha e como garçom." O hamburguense deve cumprir o expediente do dia e é liberado no fim da tarde. Também concorre a escala de fim de semana. Como é de longe, dorme no quartel. "Lembro na primeira folga, quando disse que não iria para casa porque não tinha dinheiro. Respondi que não deixaria de ver a família por causa de 100 reais e ele foi", recorda o tenente, que resolveu ajudar o jovem.