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Notícias | Região Coronavírus

Região volta a ter mais de 90% de ocupação nas UTIs

Percentual não chegava neste patamar desde a terceira semana de julho, em um dos períodos mais críticos da pandemia. A superlotação é mais grave em São Leopoldo

Por Débora Ertel
Publicado em: 26.11.2020 às 03:00 Última atualização: 26.11.2020 às 08:04

UTI Covid-19 do hospital Centenário chegou a 100% de lotação na tarde de ontem Foto: Aline Marques/Especial
A região 7 do distanciamento controlado, composta por 15 cidades e capitaneada por Novo Hamburgo, atingiu nesta quarta-feira 91% de ocupação dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo adulto (UTI). O percentual não era tão elevado desde a terceira semana do mês de julho, quando a taxa chegou a 102%, um dos períodos mais críticos da pandemia. Os dados são do Painel Covid-19 da Secretaria Estadual da Saúde e integram os indicadores usados pelo governo para definir as bandeiras.

O sinal de alerta está ligado na rede privada hamburguense, com Hospital da Unimed e Hospital Regina com leitos 100% ocupados desde a semana passada, além do Hospital Sapiranga não ter vaga disponível. A situação mais preocupante se encontra no Hospital Centenário, onde a taxa de ocupação se encontrava ontem em 137,5%. O levantamento mostra que a superlotação é uma constante na casa de saúde leopoldense desde 11 de novembro. De lá para cá, somente em 14 de novembro o Centenário não teve pacientes internados na UTI além da capacidade. Já no Hospital Municipal hamburguense, a ocupação era de 62,5%. Em Campo Bom, O Hospital Lauro Reus tinha taxa de 80% de ocupação até ontem.

O quadro mudou radicalmente em pouco mais de um mês na região. No dia 8 de outubro o Jornal NH ainda publicou matéria mostrando que a queda de contaminação por coronavírus tinha se refletido nos atendimentos hospitalares. Naquela data, a taxa de ocupação nos leitos de UTI estava estável há duas semanas em 75,7%.

Por que cresceu tanto?

Se o inverno e as temperaturas baixas eram vistas como um problema para combater o coronavírus, parece que a alta dos termômetros e a proximidade com o verão não foram a solução para frear os casos da doença. Na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki, esse cenário é resultado do comportamento da sociedade, que está operando quase que na normalidade. A exceção de funcionamento pleno ainda são as escolas. "As eleições foram um só dos elementos. Mas a gente tem a sensação que o movimento só cresce", aponta. "Por isso estamos vivenciando esse aumento de casos. Quem não se contaminou na primeira leva está sofrendo agora", complementa.

O número de testes positivados para coronavírus não para de crescer em todo o Estado há duas semanas. Em Novo Hamburgo, por exemplo, foram atendidas no Centro de Triagem Covid até terça-feira 2.187 pessoas, 53% a mais que todo o mês de outubro. Destes pacientes, 117 foram encaminhados para internação hospitalar, sendo que 47 permaneciam internados até terça-feira, 14 na UTI.

 

Taxa de ocupação de leitos UTI na região

Ocupação de UTIs na Região 7 em novembro de 2020

Internações devem crescer daqui em diante

"A tendência é que aumentem as internações na semana que vem. Basta ver o pico de casos novos e levar em conta o tempo para o desenvolvimento dos sintomas", analisa Spilki. De acordo com ele, o aumento de encontros e, consequentemente, de aglomerações foi um facilitador para disseminar a contaminação. Ele comenta que aos poucos as restrições foram diminuindo, com o aumento da circulação de pessoas. "Daqui a 14 dias vamos pagar essa conta, infelizmente, com mais internações, mais leitos de UTI e óbitos", diz. Conforme Spilki, chama atenção o comportamento dos jovens que realizam festas e encontros como se nada estivesse acontecendo. Segundo o especialista, embora possam não ficar doentes, são transmissores do vírus.

Situação monitorada

O secretário de Saúde de Novo Hamburgo, Naasom Luciano, considera que a "Situação está sob controle na rede pública, mas o alerta fica aceso. Fazemos o monitoramento constante da ocupação para prever qualquer lotação", explica.

Conforme Naasom, é difícil prever se essa situação poderá se repetir na rede pública. "Cada dia é uma situação, muda constantemente", explica. Caso o quadro mude, a postura da equipe é seguir o plano de contingência. "Temos gatilhos que são acionados quando a situação se agrava, que então marca a organização de leitos extras. Quando a ocupação chega a 85% esse gatilho é acionado e é feita a organização de pessoal e materiais", diz o secretário.

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