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Notícias | Região O terror do Fátima

Há um ano, Canoas acompanhava o surgimento do primeiro serial killer da cidade

Sem nunca antes ter passado pela polícia, o caseiro Lacir Lopes, 43 anos, revelou-se um assassino frio e sem remorso. Ele matou e esquartejou dois homens e uma mulher antes de ser preso pelos homicídios. "Continuaria matando se não fosse preso pela polícia", defende o delegado Thiago Carrijo

Publicado em: 19.12.2020 às 09:16 Última atualização: 19.12.2020 às 13:17

Foi necessário um exaustivo trabalho no terreno até que corpos fossem achados Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL
A data é 30 de novembro de 2019. Um sábado. Por volta de 11 horas, uma jovem procurou a sede da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas para pedir ajuda. Ela contou aos policiais que o irmão desapareceu. Mais: disse saber quem o matou e onde estava o corpo. Os agentes de plantão foram surpreendidos pela história. Após ouvir o relato, os policiais partiram rumo ao endereço apontado, uma fábrica de gesso localizada na Avenida Guilherme Schell, no bairro Fátima, a poucos metros da 4ª Delegacia de Polícia (DP). Ao chegaram no local, os agentes da Polícia Civil entraram em contato com o caseiro que cuidava do endereço. Lacir Lopes, 43 anos, informou que morava na propriedade há alguns anos. Foram necessários apenas alguns minutos para que o inusitado acontecesse. Um dos policiais esbarrou em uma perna cortada no meio do mato, a poucos metros da pequena casa onde Lopes vivia. O caseiro foi rendido naquele mesmo momento pelos policiais. E o que veio à tona a seguir foi o surgimento do primeiro psicopata que se tem notícia na história da crônica policial canoense.

"Desde o começo, percebemos que ele era um homem frio e sem remorso", recorda o delegado Thiago Carrijo, na época responsável pela Delegacia de Homicídios de Canoas. "Só dizia que não sabia de nada, que não era com ele." Próximo ao local onde a perna foi achada, os policias localizaram também um braço humano. Os restos mortais pertenciam ao irmão da jovem que procurou a polícia, um rapaz de 25 anos que trabalhava no local. Ele havia desaparecido uma semana antes. Conforme o delegado, a partir do aparecimento de indícios da primeira vítima, foi necessário muito trabalho até que fossem encontrados outros cadáveres no extenso terreno. Ao prosseguir nas buscas por mais quatro dias, os policiais acharam também ossadas de dois outros corpos: o de uma mulher de 34 anos e o de um homem de 27 anos, ambos mortos em março de 2018. "Usamos todo o efetivo da DP das buscas, além dos bombeiros e de cães farejadores que colaboraram com os trabalhos", recorda Carrijo. "Foi exaustivo, mas conseguimos encontrar todas as vítimas que ele matou."

Um psicopata "doméstico", na avaliação da polícia

Lacir Lopes não era um homem recluso. Pelo contrário, era bastante conhecido por circular por bares no bairro Fátima. Foi justamente durante uma bebedeira que teria dito, em alto e bom tom, que matou um homem a pauladas. A informação foi confirmada pelo próprio caseiro, quando confessou ter matado as três vítimas. "Ficamos todos estarrecidos, porque ele não parecia ser alguém perigoso", contou à nossa reportagem um morador do bairro, que preferiu não ter o nome divulgado. "Eu mesmo achava que era bobagem aquelas coisas que ele dizia. Não levava a sério. Ninguém mata uma pessoa e sai dizendo o que fez." Entretanto, foi o que aconteceu e com requintes de crueldade. Fora o colega morto a golpes com um pedaço de pau, a mulher foi morta a marteladas e um outro rapaz a golpes de facão. Havia sangue em vários pontos da pequena casa onde Lopes vivia. "Ele não se preocupou sequer em limpar", apontou Carrijo. A mulher morta pelo caseiro era companheira dele. Teria entrado na lista de desafetos ao levar da propriedade um botijão de gás. "Um psicopata sai à caça de vítimas, mas ele não. Matava pessoas próxima por desentendimentos que não justificavam os requintes de crueldade que usava", esclarece o delegado. "Era um serial killer doméstico. E continuaria matando se não fosse preso pela polícia."

À espera de sentença da Justiça

O caseiro atualmente está sendo mantido recluso em Porto Alegre. Conforme o delegado Mario Souza, diretor da 2ª Delegacia Regional, após a confissão das mortes, ele teve a prisão preventiva decretada e aguarda audiência no tribunal. "A Justiça entendeu que ele representa um risco para a sociedade e não deve ser solto durante o processo."

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