A duplicação dos 21,5 quilômetros da RS-118
Conforme prometido pelo governo, rodovia é entregue antes do Natal
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Esperança no futuro
Proprietário de uma borracharia, que fica às margens da rodovia, no quilômetro 1, Faresin conta que há 15 anos está na região e, há 11, adquiriu o terreno onde hoje mantém sua firma. "Quando eu comprei isso aqui, era uma estrada ruim, todo mundo falava mal. A gente falava com os clientes que a borracharia era na 118, e eles diziam que não dava para vir aqui", conta, lembrando a antiga situação da rodovia.
Morador de Esteio, há 7 anos ele começou a obra de sua empresa, mesmo com a opinião contrária de muitos. "Quando comecei a fazer, todo mundo me chamou de louco, porque as pessoas diziam que a faixa não ia sair. Mas, eu imaginava que sim. Tanto que me precipitei, construí tudo antecipado, e agora vou poder finalizar", disse, recordando que se preparou para poder fechar as portas quando foi necessário, por conta da obra, e já fazendo planos para chamar a atenção de seu negócio, agora que a rodovia está pronta. "Tu não tem noção de quanto eu cresci aqui, só dessa faixa estar saindo", complementa Faresin, satisfeito com a inauguração.
O mesmo alívio mostra o proprietário de uma loja de materiais de construção, também situada às margens da RS-118, André Mattos, 31 anos. Morador de Sapucaia do Sul e com comércio há 11 anos no ponto, Mattos acompanhou boa parte da obra e lembra que ela prejudicou bastante o seu negócio, mas, agora, agradece pela entrega. "Eu achava que ia morrer e nunca ia ver a 118, pelo jeito que ela era antes, o que tinha de casa, desapropriação", exemplifica.
Uma obra de todos
Ao subir ao palanque na tarde de quarta, o governador Eduardo Leite fez questão de agradecer a todos os gestores atuais e passados, que contribuíram, em alguma medida para a conclusão da duplicação da RS-118.
Segundo ele, na noite do dia 22, teria ligado para os ex-governadores Tarso Genro, Yeda Crusius, Germano Rigotto e José Ivo Sartori, seus antecessores, que participaram do processo de desenvolvimento das obras. "Eu registro aqui o mérito de cada um deles. É muito comum na política ouvirmos frases do tipo 'estamos fazendo aquilo que os outros não fizeram', ou 'o que há muito se pedia'. São afirmações desonestas. Porque assim como outros deixaram obras não concluídas, tantas obras eu não conseguirei fazer, mas que permitirão que outras obras sejam feitas pelos governos posteriores. É muito importante na política reconhecermos que o Estado não começa com a gente e não termina com a gente."
Iniciada há 14 anos, mas com diversas interrupções, obra foi retomada pela atual gestão em junho de 2019, após obter financiamento de R$ 131 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para executar a fase final da rodovia sem novas suspensões.
*Colaborou: Priscila Carvalho
Mais obras e o pedágio
A RS-118 ou Rodovia Mario Quintana (a estrada recebeu o nome do poeta em outubro de 2006) chegou à conclusão da duplicação em seu trecho entre a BR-116 e a BR-290, mas ainda tem muito chão pela frente. A RS-118 não fazia parte do plano inicial de concessões, e seu anúncio de inclusão foi confirmado em outubro deste ano. Ainda em análise, a concessão da 118 teria dois pontos principais: a manutenção dos 21,5km do atual trecho 100% duplicação (da BR-116 em Sapucaia do Sul à BR-290 em Gravataí) e a duplicação dos 17 quilômetros restantes da BR-290 à RS-040, entre Gravataí a Viamão, trecho crítico e de muitos acidentes atualmente. O secretário Juvir Costella adianta que o governo acaba de contratar o projeto-executivo para a construção de um viaduto no entroncamento entre as RSs 118 e 030, próximo à free way, para desafogar o tráfego no trecho. A licitação do projeto estaria prevista para abril e a execução durante o ano que vem.
Linha do tempo
1982
Em abril de 1982, a RS-118 (antiga RS 18 - Viamão-Gravataí, inaugura nos anos 1970) é inaugurada em toda sua extensão, cerca de 40km da BR-116 em Sapucaia do Sul até a RS-040 em Viamão.
Final dos anos 1980 para os 1990
Rodovia transformada em caminho para as praias pelos moradores do Vale do Sinos começa a apresentar problemas de fluxo e segurança devido à pista simples, de baixo escoamento e perigosa nas ultrapassagens.
Virada dos anos 1990 para 2000
Governo do Estado anuncia melhorias, entre elas, os primeiros estudos para duplicação.
2006
O Estado volta a anunciar a duplicação, agora com projeto. Neste ano, inclusive, a Rodovia recebe o nome Mario Quintana.
2011
As anunciadas obras estão apenas em Gravataí com previsão de serem entregues em 2015. Mas, apenas uns 4 quilômetros tiveram obras.
2014
O Estado anuncia 50% da obra pronta, só que em trechos sem sequência e a parte de Sapucaia nem iniciada. Muitos pontos estão cheios de buraco.
2016-2018
O governo Sartori faz um esforço para que as obras de duplicação andem. Mas, sem a reeleição e recursos, obras param.
2019-2020
O governo Leite resolve priorizar a duplicação e investe milhões no organograma, para, enfim, duplicar os quase 22 quilômetros entre a BR-116 e a free way.
23-12-2020
Duplicação da RS-118 é entregue. Agora vêm as obras de passarelas, iluminação, novos viadutos e a duplicação até Viamão. Para isso, a rodovia será pedagiada.
Redecker representou a Câmara dos Deputados
Representando a Câmara dos Deputados, o deputado federal Lucas Redecker parabenizou o governo. "Para que o Estado do RS possa se diferenciar dos outros, melhorando a capacidade logística e mostrando que não iniciamos obras que nunca são terminadas. Vemos que este governo não tem problema de pegar obras iniciadas por outros governos e dar continuidade", frisou.
Uma rota para as praias agora com mais segurança
Rota de muitos motoristas que trafegam rumo às praias do litoral gaúcho neste verão, e também um dos principais caminhos de ligação entre cidades da região metropolitana, a RS-118 aguardou por quase duas décadas pela sua duplicação, que foi dividida em três lotes, sendo o último do quilômetro zero ao 5, em Sapucaia do Sul. Um grande passo para o avanço das obras foi a inauguração do viaduto sobre a avenida coronel Theodomiro Porto da Fonseca e a liberação de mais 3,5 quilômetros de pistas novas, em Sapucaia do Sul, em setembro.
O trecho é um dos locais com maior fluxo de veículos por ligar os municípios de Esteio e Sapucaia do Sul e por ser utilizado pelos moradores das duas cidades como rota de saída em direção às BRs 116 e 290. Por isso, mesmo com a pandemia, o governo do Estado manteve os trabalhos como estratégia para a mobilidade e o desenvolvimento econômico.
Antes de todos os transtornos das obras de duplicação na última década e também do perigo de trafegar em uma rodovia mal sinalizada, com poucos pontos de ultrapassagem e margens e acostamento com casas e pedestres, a RS-118 era chamada de o "atalho" para ir às praias, um acesso que encurtava o caminho para se chegar à free way. Muitos motoristas abandonaram este "atalho" que virou um verdadeiro rali em meio às obras. Mas, no último ano, com o avanço da duplicação em alguns pontos, a rodovia voltou a ser mais utilizada.
Além do fato de encurtar em tempo o acesso à free way para quem vem aqui do Vale do Sinos (são cerca de 20 a 30 minutos a menos pela RS-118 do que indo até Porto Alegre pela BR-116 para pegar a BR-290 próximo ao aeroporto), tem a questão da quilometragem (cerca de 12 quilômetros a menos pela 118), o que rende uma economia no consumo de combustível. É a volta do atalho ao litoral, agora, bem mais seguro do que na época da pista simples.
Lições que a obra deixa
O prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal, agradeceu pela conclusão da obra que beneficiará o município e toda a região metropolitana. "É um marco histórico que tem muita representação para toda a região. Essa obra tem marcas regionais, políticas e do Estado que não podemos mais ser e do Estado que queremos e podemos ser. Esta obra nos deixa grandes lições e aprendizados que não podemos esquecer. Vimos o quanto as burocracias podem atrapalhar o uma vontade genuína."
Atração de investidores
Embora não tenha participado da solenidade de inauguração da obra devido à outra agenda no município, o prefeito de Sapucaia do Sul, Luis Rogério Link, destacou as melhorias que a aguardada obra deve trazer pra ao município. "Vamos ter uma melhora na mobilidade urbana, mais segurança porque eram muitas travessias na RS. Muitas vidas foram perdidas ali", comenta. Link também destaca que Sapucaia do Sul está localizada em um ponto "altamente estratégico, entre as BRs 116 e 448 e a RS-118".
Gratidão e mais desafios
Natural de Esteio, o deputado estadual e secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, não economizou nos agradecimentos durante a solenidade de entrega da duplicação da 118. Ele ressaltou que a gestão cumpriu o prometido nos últimos meses, inclusive, à reportagem na última sexta-feira: a entrega da obra antes do Natal. "Enfrentamos chuvas, intempéries, mas sempre dizendo que entregaríamos antes do Natal. Poderia ser um presente, mas isto é um compromisso."
Iluminação deve estar pronta até março
Conforme o governador Eduardo Leite, o projeto para a iluminação da RS-118 deve ser concluído ainda no primeiro trimestre de 2021, pois, em suas palavras, "é uma questão de segurança". O governador aproveitou a oportunidade para agradecer aos deputados que votaram a favor da prorrogação do aumento das alíquotas de ICMS, na noite de terça-feira. "Estes 28 deputados evitaram que o Estado colapsasse na economia e garantiram que esta obra não seja a última grande obra do RS, garantindo a população no rumo certo e seguro." Ele também destacou que o equilíbrio das contas alcançado hoje deve-se aos cortes realizados pelo governo Sartori.
