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Notícias | Região Para o litoral

RS-118 volta a ser boa opção aos motoristas

Com a entrega das obras de duplicação, muitos recomeçaram a usar a rodovia. Conforme o Daer, antes eram 30 mil usuários por dia, agora já são 40 mil

Por Priscila Carvalho
Publicado em: 09.01.2021 às 08:00 Última atualização: 09.01.2021 às 13:42

Ainda há o que fazer, mas a diferença já é gritante. Essencial para a região metropolitana, há muito tempo, a RS-118, ou Rodovia Mario Quintana, também é parte do caminho escolhido por quem busca as praias gaúchas e de Santa Catarina, pela facilidade no acesso à BR-290, a free way, rodovia que leva ao litoral. Porém, deixou de ser preferida por muitos pelo péssimo estado de conservação que apresentava até algum tempo atrás. De pista simples, buracos múltiplos, asfalto em deterioração e falta de acostamento em alguns trechos, a RS-118 ostentava uma péssima fama.

Para os moradores da região, então, que precisavam cruzar por ali diariamente, já não havia esperança de avanço. Por, pelo menos, duas décadas, a população ouviu falar e esperou, ansiosa, pela obra de duplicação da via, fundamental para a melhoria da segurança, trafegabilidade e desenvolvimento econômico da região. No dia 23 de dezembro último, depois de 14 anos do real início das obras, o trecho de 21,5 quilômetros da Rodovia Mario Quintana, da BR-116, em Sapucaia do Sul a 290, em Gravataí, foi entregue, duplicado. Para alívio e elogios de quem passa pela rodovia.

Fluxo

Com pistas duplas, asfalto novo e acostamento, o cenário da RS-118 já mudou bastante. Bem como o movimento, que já cresceu nos últimos dias conforme observação de quem mora na redondeza e os próprios registros do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer). Antes da duplicação, a autarquia estima que cerca de 30 mil veículos passassem diariamente pela via. Agora, esse número já aumentou mais de 30%. "A média atual de tráfego na RS-118 duplicada é de, aproximadamente, 40 mil veículos por dia", informou o órgão, em nota, ponderando que o período de festas de fim de ano pode ter elevado esse número - por ser rota para as praias -, mas não de forma significativa.

"Ficou um luxo"

Para quem circula pela rodovia recorrentemente, a melhora é evidente. Caso do motorista de caminhão Márcio Luís Winter, 59 anos, que circula pelo trecho todos os dias para buscar argila em Gravataí e levar à empresa em que trabalha, em Bom Princípio. "Conheço isso aqui desde que era estrada de chão ainda", conta. "Eu faço o trajeto de uma ponta (da BR-116, em Sapucaia do Sul) até a outra, no começo da free way e agora é um toque. Antes era tranqueira, desvio, carro batendo do lado, carro desviando de outro lado, tinha os buracos, era um inferno. A partir das 4 horas (da tarde) tu não podia passar aqui que ficava empenhado, perdia uma hora para fazer esse trechinho aqui. Agora, ficou um luxo", opina Winter.

Voltando à 118

A duplicação e consequente melhoria do estado da pista também fez com que motoristas voltassem a optar por ela. O gerente comercial Carlos Henrique Schmidt, 50, é um deles. Morador de Novo Hamburgo, toda semana ele precisa se deslocar para Santa Catarina a trabalho e costumava utilizar a RS-118, mas relutou em certo momento pelas precárias condições da rodovia. "Durante muitos anos não usei. Aí, quando começaram as obras, de vez em quando passava para ver como estava. Agora, faz cinco meses que uso direto", comenta, salientando que notava a diferença em toda viagem. "A cada semana que eu subia e descia (voltava do Estado vizinho) estava melhor. Ficou bom."

Duas passarelas já em fase de licitação

Depois da duplicação, a RS-118 está visivelmente melhor em muitos aspectos. Mas, para quem mora na redondeza, a travessia de um lado ao outro ainda é uma preocupação. A dona de casa Adenira Escouto Soares, 33 anos, reside no bairro Boa Vista, em Sapucaia do Sul, à esquerda da rodovia no sentido BR-116/free way. Mas, sua família mora do outro lado da via e, assim como muitas crianças da região, os filhos, de 7 e 13 anos, estudam na Escola Afonso Guerreiro Lima, que também fica no lado oposto. Sem passarela no ponto, reivindicação também antiga, o temor com o risco de acidentes é grande.

Para minimizar, a opção é dar a volta de carro ou por aplicativo, o que também se tornou caro, já que os retornos são distantes um do outro. "É uma mão para atravessar. Ficou bem caro por causa dessa baita volta que eles têm que dar e fica complicado para crianças da escola atravessarem. Os carros vêm em cima, não param, não diminuem. Pra mim, está horrível nessa parte", colocou.

Proprietária de um comércio à beira da rodovia, onde também reside, no Jardim Betânia, em Cachoeirinha, Cláudia Rodrigues, 38, confessa que para a sua loja a duplicação foi muito boa, mas a segurança na travessia ainda precisa ser observada. Ela tem uma filha de 10 anos que estuda na Escola Alzira Silveira Araújo, do outro lado da via, precisando atravessar, no quilômetro 10, para chegar ao local. Além disso, retornos também são solicitados no ponto. "Está ficando bom (a rodovia). É só mais essa função de precisarmos da travessia. O principal é a passarela para as crianças irem pra escola e, pelo menos, um retorno mais próximo."

Nesta semana, as licitações dessas duas primeiras passarelas planejadas para a RS-118, nos quilômetros 5,1 e 10,4, foram abertas. Ambas ocorreram na quarta-feira, dia 6, mas não tiveram proponentes, restando os dois certames desertos pela Subsecretaria da Administração Central de Licitações (Celic).

A obra também ajudou bastante a empresa de locação de ferramentas onde Enadia Marques, 52, é secretária, pois muitos foram os pedidos de entrega de material enquanto havia transtorno no acesso ao local por conta da obra. Mas, o melhor mesmo para ela foram as condições do asfalto e a retirada dos desvios. "Ficou muito melhor. Para ir pra praia então...", comemorou.

Iluminação ainda é deficiente

O que Schmidt e os demais motoristas esperam agora é pelo restante das melhorias que ainda precisam ser feitas na extensão da rodovia. A sinalização viária, por exemplo, carece de itens. Nos primeiros quilômetros da via, em Sapucaia do Sul - último lote a ser concluído nas obras de duplicação -, não há placas informando a velocidade máxima da via. Também poderiam haver mais placas apontando os acessos às cidades pelas quais a RS-118 cruza. Além disso, um problema já bastante antigo é a iluminação, que inexiste nos 21,5 quilômetros duplicados, assim como os chamados "olhos de gato", tipo de sinalização rodoviária capaz de refletir a luz dos faróis dos automóveis, o que dificulta a visibilidade à noite nos pontos que não são perímetros urbanos. Ainda assim, Schmidt e Winter veem vantagens em passar pela RS-118. "Mesmo assim, é muito melhor. Aqui ficou muito bom", elogia o motorista de caminhão.

Viaduto deve desafogar o trânsito junto a 030

O problema da iluminação na rodovia deve ter solução em breve. Na entrega da obra, às vésperas do Natal, o governador Eduardo Leite disse que o projeto para a iluminação da RS-118 deve ser concluído ainda no primeiro trimestre de 2021, pois, em suas palavras, "é uma questão de segurança". Outro ponto que pode ter resolução ainda este ano é a construção de um viaduto no entroncamento entre as RSs 118 e 030, próximo à free way, em Gravataí, para desafogar o tráfego intenso no trecho. O secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, disse que a licitação do projeto estaria prevista para abril e a execução durante o ano.

Travessias e retornos

Cláudia (foto) reside e tem comércio à beira da 118 (abaixo). Ela comemora a obra, mas pede por passarelas e retornos.


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