Agora, a vacinação contra a Covid-19 tem data e horário para iniciar no Brasil. De forma simultânea em todo o País, a partir das 10 horas da próxima quarta-feira, deve ser dada a largada da campanha. O anúncio, não oficializado pelo Ministério da Saúde, foi feito na manhã de ontem pelo ministro Eduardo Pazuello, durante encontro com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), com a presença de 130 prefeitos, entre eles, estavam os chefes dos Executivos de Canoas, Jairo Jorge, e de Esteio, Leonardo Pascoal.
Aos prefeitos, Pazuello repetiu que 8 milhões de doses de vacinas devem estar disponíveis em janeiro, sendo 2 milhões do modelo de Oxford/AstraZeneca, que serão buscadas na Índia neste final de semana, e 6 milhões da CoronaVac. Estes imunizantes serão entregues no Brasil pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan, respectivamente.
Estas primeiras 8 milhões de doses devem ser distribuídas de forma proporcional à população dos estados. No Rio Grande do Sul, a estimativa é de que o lote inicial seja de 200 mil a 300 mil vacinas. "Da mesma forma, o governo do Estado distribuirá aos municípios quantidade proporcional à população a ser vacinada", destaca a Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Doses insuficientes
Obviamente, a conta ainda não fecha. Só em Novo Hamburgo, considerando trabalhadores de saúde e idosos como públicos-alvo na primeira fase da campanha, a estimativa é de que 40 mil pessoas devam ser imunizadas. "Então, seriam necessárias 80 mil vacinas, considerando primeira e segunda doses", resume a prefeita Fatima Daudt.
Sem a possibilidade de vacinar todo o grupo prioritário no começo da campanha, a orientação do governo federal é de que os profissionais de saúde na linha de frente do combate à pandemia sejam priorizados. Assim, a estimativa da Prefeitura hamburguense é de que este público represente nove mil pessoas e necessite de 18 mil vacinas. De acordo com a SES, profissionais de saúde que trabalham nas UTIs e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) terão prioridade nestas primeiras doses.
Em relação à possibilidade de aquisição de doses pelas administrações municipais, o prefeito de Canoas explica que a ação foi vetada na manhã de ontem pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "Respeito, claro, a decisão do ministro, mas penso que nós poderíamos estar colaborando", diz. *Com informações das agências Brasil e Estado
A logística de distribuição das vacinas no Estado deve seguir o caminho de outras campanhas, como o calendário vacinal de rotina. Quando as doses chegarem em solo gaúcho, os municípios serão informados e ficam responsáveis pelo transporte, retirando a carga em Porto Alegre. De acordo com a SES, a partir deste ponto cada cidade pode se organizar da melhor forma com a estrutura disponível.
Pelo Plano Municipal de Imunização Covid-19 de Novo Hamburgo, que recebeu atualizações na última semana, a previsão é de que as 26 unidades de saúde façam parte da estratégia, bem como a unidade móvel e de sistemas drive-thru em locais como a Fenac e a Prefeitura. Para o armazenamento e distribuição nos locais de aplicação será utilizada a mesma formatação dos demais programas de imunização.
Pazuello disse aos prefeitos que as doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, produzida em parceria com a Fiocruz, vinculada ao Ministério da Saúde, devem chegar aos Estados no começo da próxima semana. Um avião sairá na noite de hoje do Brasil para buscar as doses na Índia. Inicialmente, a previsão era que a aeronave saísse na noite de ontem e retornasse no próximo sábado. Antes do aval da Anvisa, porém, as doses devem ficar sob cuidados da Fiocruz.
Após o anúncio feito por Pazuello aos prefeitos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que voltou a cobrar a apresentação de documentos necessários para liberar o uso emergencial da vacina de Oxford/AstraZeneca e da CoronaVac.
A Anvisa fará no domingo uma reunião de diretoria colegiada para liberar ou não o uso destas vacinas. A Anvisa informou aos laboratórios que os dados pendentes são "essenciais e condicionantes à análise e decisão técnica sobre as vacinas". Além disso, a agência afirma que o prazo de 10 dias para a aprovação do uso emergencial pode ser comprometido pela falta de documentos. Este prazo é interrompido no momento em que a agência faz exigências às empresas.
Segundo painel da Anvisa, 29,32% dos dados da CoronaVac estão "em análise", 29,76% seguem "pendentes de complementação" e 40,92% foram "concluídos". Já 36,11% dos dados da CoronaVac estão "em análise", enquanto outros 31,29% seguem "pendentes de complementação" e 32,6%, "concluídos".
Há clara disputa entre os governos federal e de São Paulo pela "primeira foto" da vacinação no Brasil. O ministério planeja realizar um evento no Palácio do Planalto para começar a campanha. A ideia é realizar o evento na terça, um dia antes do começo da campanha. Bolsonaro já disse que não irá se vacinar contra a covid-19. Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que quer abrir a vacinação no seu Estado imediatamente após a decisão da Anvisa.
*Com informações das Agências Brasil e Estado
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