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Notícias | Região Mais doses por ampola

CoronaVac pode render mais?

Butantan emitiu alerta que ampolas de dez doses podem render mais se forem aplicadas com cuidado. Centro Estadual de Vigilância Sanitária (Cevs) explica que é difícil sobrar vacina

Por Débora Ertel
Publicado em: 30.01.2021 às 07:00 Última atualização: 30.01.2021 às 08:50

Ampolas da primeira remessa continham uma dose cada. Na segunda, são no mínimo dez Foto: Ivan de Andrade/Prefeitura de Imbé
Diante da expectativa de dar início à produção de novas doses da CoronaVac, o Instituto Butantan fez um comunicado, em suas redes sociais, direcionado aos profissionais da área da saúde. A recomendação é para que os aplicadores de vacina façam um melhor aproveitamento das ampolas do imunizante contra o coronavírus.

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Segundo o Butantan, cada frasco de CoronaVac possui, nominalmente, 10 doses de 0,5 mililitros (ml). Mas por conta das boas práticas de fabricação, o instituto envasa um volume maior, de 6,2 ml. Dessa maneira, esse volume extra, se retirado corretamente das ampolas, poderia render até duas doses a mais.

O Butantan garante que esse cuidado pode contribuir para imunizar um maior número de pessoas a cada frasco aberto. No entanto, a chefe do Centro Estadual de Vigilância Sanitária (Cevs), Tani Ranieri, diz que na prática a teoria é outra.

De acordo com ela, normalmente os frascos com apresentação de dez doses, quando aspirados corretamente, dão pra dez doses, ou seja, não há doses extras. "Não se consegue tirar 11 doses, muito menos 12 ou mais", pondera. Segundo Tani, se por ventura sobra líquido no frasco, os vacinadores aspiram até terminar. "Se o volume não corresponder à quantidade necessária para compor a dose, que é de 0,5ml, então é desprezado", explica.

O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), o médico gaúcho Juarez Cunha, diz que é comum haver uma margem se segurança nas ampolas. "O importante é que a dose seja na quantia correta e que nada seja desperdiçado", ressalta.

Cunha destaca que sempre fica alguma quantia no canhão da agulha como na parte plástica. "Então existe uma perda esperada, ainda mais quando essa ampola é manipulada dez vezes. Mas se sobra, pode ser aspirado até formar uma dose", comenta.

Anvisa emite alerta sobre aplicação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta nesta semana sobre os cuidados referentes à administração da CoronaVac apresentada em frasco multidose de 5 ml.

Segundo a Anvisa, os profissionais de saúde envolvidos na aplicação do produto devem se certificar de que o volume aspirado do frasco multidose é de 0,5 ml por pessoa, de modo que cada um receba somente a dose necessária.

Outra orientação importante é que todas as doses devem ser utilizadas num prazo de até oito horas após a abertura do frasco multidose, desde que ele seja mantido em condições assépticas e sob temperatura entre 2 e 8 graus Celsius.

Prática já é comum, diz Cevs

Tani Ranieri diz que os aplicadores de vacina estão acostumados a cumprir o que orienta o alerta da Anvisa. De acordo com ela, essa não é a primeira vacina recebida no formato de multidoses e os aplicadores já têm experiência de outras campanhas de vacinação.

Conforme a chefe do Cevs, a orientação é mais no sentido de, como a demanda não é espontânea - ou seja, as vacinas são aplicadas em pacientes selecionados, sempre se reúnam dez pessoas no momento de aplicar o imunizante para que nada hajam sobras.

Como ficam os intervalos entre uma dose e outra?

Tanto a CoronaVac como a vacina de Oxford/AstraZeneca precisam ser aplicadas em duas doses, com intervalos diferentes para cada vacina. A SBIM orienta a população a obedecer os prazos estipulados para garantir a eficácia do imunizante. De acordo com o presidente da instituição, pesquisas comprovaram o resultado da vacina e por isso o prazo deve ser respeitado.

"Principalmente na CoronaVac, que demonstra uma eficácia maior quando a segunda dose é aplicada entre duas e quatro semanas", salienta. Já para a vacina Oxford/AstraZeneca, o prazo é de 12 semanas. "Precisamos ter calma e saber que todos serão vacinados", finaliza.

Ministério da Saúde acena com compra de doses extras

Na sexta-feira, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o Ministério da Saúde informou que a assinatura da compra das doses extras da vacina CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o laboratório paulista, ocorrerá na terça-feira, dia 2.

O contrato com o Ministério da Saúde prevê a entrega de 46 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações até abril e a opção para aquisição das 54 milhões de doses adicionais.
A demora numa definição pela União fez o governador paulista, João Doria, ameaçar que iria ofertar aos estados e a outros países da América Latina os imunizantes, caso o governo federal não se posicionasse até a próxima semana. O Ministério da Saúde havia dito, anteriormente, que estava dentro do prazo contratual para se manifestar, que seria 30 de maio.

De acordo com Dimas Covas, as exportações da CoronaVac não interferem nas negociações para atender o Brasil. Com a entrega de 1,8 milhão de doses na sexta, o Butantan cumpriu o cronograma acordado com o Ministério da Saúde que previa a entrega das 8,7 milhões de doses da vacina até 31 de janeiro.

Já os insumos da China para a produção de 8,6 milhões de doses devem chegar a São Paulo na quarta-feira. Serão 5,4 mil litros de insumos. Na sequência, virão outros 5,6 mil litros.

Chile vai aplicar CoronaVac

A CoronaVac foi testada no Chile em ensaios clínicos de fase 3 e recebeu autorização do Instituto de Saúde Pública (ISP) chileno para uso emergencial. A expectativa é que, após a negociação do governo de 10 milhões de doses para o primeiro semestre deste ano, chegue a primeira remessa com pouco mais de 2,1 milhões de doses até o fim de janeiro. A vacina será administrada em adultos entre 18 e 59 anos.


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