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De acordo com a estação hidrológica do Serviço Geológico do Brasil, em poucos minutos choveu 90 milímetros nos dois municípios. Na estrada intermunicipal Alziro Fuchs, onde o asfaltamento foi concluído no mês de dezembro, a força da água estourou a canalização à beira da estrada e destruiu o asfalto, abrindo crateras. A estrada é o principal acesso aos moradores da localidade de Morro Carrard, que pertence ao município de São Vendelino.
Segundo relatos de moradores, a correnteza arrastou carros e uma mulher, que foi socorrida por familiares e passa bem. "Nunca tinha visto nada parecido. A água descia a rua como se fosse onda e junto vinham as pedras e o barro, um horror. Foi um filme de terror na verdade", destaca a aposentada Maria Spines, de 78 anos.
No início da tarde de desta quarta-feira (4), Euzébio Giehl, 42 anos, tentava contornar a situação. Depois de ter ficado ilhado com a família dentro de casa na noite anterior, Giehl trabalhava para desobstruir o acesso à propriedade. "Aqui aconteceu um desastre natural. Parecia que estavam jogando a água de baldes. Vieram pedras, pedaços de asfalto e muito barro pra dentro do terreno", detalha.
A enxurrada provocou deslizamento de terra na altura do quilômetro 36 da RS-122. Segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), o trânsito estava parcialmente bloqueado por cerca de 100 metros no sentido Serra/Capital devido à terra e lama que invadiram a pista. Bombeiros Voluntários dos dois municípios trabalhavam na limpeza e durante a noite de ontem a via deveria estar totalmente desobstruída.
"O grande problema foi a falta de vazão da água. Os bueiros entupiram e o barro dos barrancos cedeu e veio arrastando tudo que encontrou pela frente até chegar à rodovia", avaliou o comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de São Vendelino, Fabio Dorneles.
A pavimentação da estrada intermunicipal Alziro Fuchs, que vai da RS-122 até a subida do Morro Carrard, em trecho de quase um quilômetro, foi concluída em dezembro de 2020. Realizada em parceria entre os municípios de São Vendelino e Bom Princípio, custou cerca de R$ 1 milhão, sendo que o gerenciamento da obra foi de São Vendelino, que investiu mais, segundo o prefeito de Bom Princípio, Fábio Persh.
"Neste momento, é prematuro fazermos qualquer pré-julgamento de responsabilidades ou causas sem a devida apuração, embasada em laudos e conhecimentos técnicos de engenharia. Não se tem neste curto espaço de tempo conhecimento pleno para afirmar se as causas dos danos foram decorrentes de fenômeno da natureza ou causas humanas", afirmou Persh, durante vistoria realizada nesta quarta, acompanhado do secretário da Agricultura e interino de Obras de São Vendelino, Sidnei Schaefer.
Schaefer explica que a prioridade inicial é a desobstrução dos bueiros e restabelecer o fornecimento de energia elétrica para os cerca de 80 moradores. "Estamos com duas equipes trabalhando desde a noite de terça no local para resolver os problemas o mais breve possível", afirma.
E nota oficial, a prefeitura de São Vendelino lamentou os prejuízos causados a cerca de 25 famílias que residem no local e reiterou que irá trabalhar em conjunto com a cidade vizinha na reconstrução da via.
"Juntamente com o município de Bom Princípio, iremos nos reunir e avaliar as questões técnicas do projeto e a relação com o ocorrido. Estamos solidários à comunidade e agradecemos aos voluntários, bombeiros e aos servidores públicos que, em meio à forte chuva, trabalharam para que todas as vidas fossem preservadas e protegidas", diz o comunicado.
De acordo com a MetSul Meteorologia, a estação meteorológica automática no município de São Vendelino registrou apenas 23 milímetros de chuva na noite de terça-feira, logo choveu muito mais em pontos distintos da estação naquela localidade para que ocorressem danos tão extensos.
O que é corroborado pela medição de estação hidrológica do Serviço Geológico do Brasil que acusou quase 90 milímetros. Segundo a MetSul, que havia alertado para o risco de chuva extrema e isolada, as cidades sofreram com um forte temporal de verão.
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