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Notícias | Região Segurança Pública

Deputada pede criação de vagão no trensurb para mulheres após homem ejacular em passageira

Caso de importunação sexual no trem evidencia escassez de medidas para prevenir novos casos. Luciana Genro (Psol) enviará ofício à empresa

Por Matheus Chaparini
Publicado em: 13.02.2021 às 05:00

Proposta de espaços exclusivos para o público feminino já é adotada em outros Estados Foto: Giovani Ribeiro/Trensurb/Divulgação

Uma moradora de Novo Hamburgo relata que foi vítima de importunação sexual dentro de um vagão do trem na manhã da última quinta-feira (11). Um homem, que estava em pé, ao lado da moça no trem lotado, ejaculou em sua blusa. Ela só percebeu ao chegar no trabalho.

Após tomar conhecimento do caso, a deputada estadual Luciana Genro (Psol) vai encaminhar ofício à Trensurb questionando quais medidas a empresa tomou para prevenir novos casos e sugerindo a criação de um vagão exclusivo para mulheres, ao menos nos horários de pico.

É algo absolutamente degradante uma mulher ter de passar por uma situação dessa.

Luciana Genro

A deputada avalia que a rede de atenção à mulher vítima de violência deixa a desejar e que o combate à violência contra a mulher é uma pauta subvalorizada. "É um processo bem demorado para conseguir atendimento da polícia. Depois, existe uma rede que deveria funcionar e que está totalmente sucateada e sem recursos."

A deputada afirma que seu gabinete fará um primeiro contato com a empresa. Caso o diálogo não evolua, levará a situação à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

O "vagão rosa" já é adotado em cidades como Rio de Janeiro, Brasília e Recife.

Até a tarde desta sexta-feira (12), a vítima não havia feito registro de ocorrência na Polícia Civil. Tentou registrar ocorrência on-line, mas não foi possível. Por não saber a identidade do agressor, não acreditou que fosse ser feito algo a respeito.

No dia seguinte ao caso, a jovem não pegou o trem. Conseguiu uma carona para ir trabalhar.

Eu não me senti bem em pegar trem novamente, tão recente assim. Achei melhor dar um tempo no uso do trem, na medida do possível.

Ela afirma que a Trensurb não prestou nenhum tipo de apoio. Recebeu apenas uma resposta no Twitter e um e-mail em que a Ouvidoria se solidariza "com seu medo e seu sentimento de impotência", mas afirma que "infelizmente agora, temos muito pouco a fazer em relação ao episódio que você passou pela manhã, pois o comunicado deveria ter sido no momento."

O caso demonstra a dificuldade enfrentada pelas vítimas de crimes sexuais em buscar apoio para lidar com a situação e de encaminhar soluções práticas no sentido de punir os agressores e prevenir novos casos.

Ficou só no projeto

Em 2018, a Polícia Civil e a Trensurb anunciaram a criação de um posto em uma das estações de Novo Hamburgo. O projeto contava ainda com a parceria da Procuradoria da Mulher da Câmara de Vereadores. O local deveria atender mulheres, crianças, e pessoas socialmente frágeis, vítimas de violência.

Nesse posto, seria possível fazer o registro de ocorrência, além de atendimento com psicólogas e assistentes sociais. A previsão era de que o espaço entrasse em funcionamento no início de 2019, mas isso nunca aconteceu.

De acordo com a Trensurb, "foram identificadas questões técnicas que apontaram para a necessidade de revisão da proposta inicial do projeto-piloto", o que não teria evoluído em função da pandemia.

Trensurb lamenta o caso

A Trensurb lamentou o fato acontecido com a passageira. A empresa orienta que usuários que presenciem ou sejam vítimas de violência ou assédio entrem em contato pelo telefone (51) 3363-8026 ou enviem SMS para (51) 98463-9863. Ou, tão logo quanto possível, procurem um dos empregados da Trensurb nas estações.

 

Importância do registro de B.O.

Em 2020, foram registradas 17 ocorrências por importunação sexual em Novo Hamburgo. Para o delegado Rafael Southier, há subnotificação.

"A vítima se vê sozinha, fica refém da situação e acaba não reportando às autoridades. Sem o registro, o agressor segue atuando e faz mais vítimas."

 


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