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Notícias | Região Cadê a vacina?

Prefeitos e governadores pressionam governo federal, que acena com 230 milhões de vacinas

Entidades municipalistas querem saída de ministro da Saúde e ameaçam ir à Justiça por mais vacinas. Acuado, Pazuello promete 230 milhões de doses até julho

Publicado em: 17.02.2021 às 17:12

Pressionado, Pazuello prometeu mais de 230 milhões de vacinas até final de julho Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Com as vacinas contra a Covid-19 se esgotando nos municípios, a pressão sobre o governo federal, especialmente na figura do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, aumentou. Depois de governadores cobrarem um cronograma claro sobre a vacinação e de 30 senadores assinarem pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a atuação do governo federal na pandemia, a pressão agora vem dos prefeitos. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou nota na qual exige a saída de Pazuello "para o bem dos brasileiros". Acuado, o ministro acenou nesta quarta-feira, 17, a governadores a entrega de mais de 230 milhões de doses até julho.

Em entrevista ao programa Ponto e Contraponto, na Rádio ABC 103.3 FM, Maneco Hassen, presidente da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), endossou o pedido da confederação. "Não existe organização alguma do governo federal e do Ministério da Saúde. Esbarramos na escassez e até falta de vacinas porque o processo é tratado sem nenhuma organização ou planejamento pelo governo federal", disparou.

O presidente da Famurs lembrou que o governo gaúcho e prefeitos da região metropolitana já se organizaram para adquirir vacinas, se for necessário. "O orçamento do Estado tem R$ 2 bilhões alocados para este fim. Prefeituras do Consórcio dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) já se colocaram mais de uma vez à disposição para buscar recursos para comprar vacina."

No entanto, Maneco admite que eventual iniciativa dos demais entes federativos esbarraria na questão legal. "Atualmente, o governo federal não autoriza isso, nem estados, nem municípios, nem a iniciativa privada podem comprar." Ele reitera que a pressão é para que o governo federal agilize o processo de entrega das doses, mas, se necessário, esta briga pode parar na Justiça. "Esperamos que a União cumpra com sua tarefa, compre as vacinas. Mas se for preciso, vamos judicializar a questão."

Presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars), o prefeito de Campo Bom, Luciano Orsi, reforça o coro dos descontentes. "O assunto (saída de Pazuello) não foi pauta da Amvars, mas será. Pessoalmente, não gosto de pessoalizar a questão. Mas precisamos de vacina já. Temos capacidade de pessoal e logística nos municípios para proteger muito mais pessoas. Acredito que teríamos condições de imunizar toda a nossa população num período máximo de 120 dias, mas precisamos de vacina."

O Jornal NH procurou os presidentes das associações de municípios do Litoral Norte, Caí e Paranhana, mas eles não quiseram se manifestar ou não atenderam as ligações.

Frente Nacional dos Prefeitos critica prioridades do governo

Outra entidade municipalista de abrangência no País todo, a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) não chegou a pedir a saída de Pazuello, mas criticou o governo federal. Em documento, a FNP cita insatisfações com as prioridades do governo, como pautas de costumes ou regramento sobre aquisição de armas e munições, bandeiras do presidente Jair Bolsonaro.

"Isso é um desrespeito com a história dos mais de 239 mil mortos e uma grave desconsideração com a população. Prefeitas e prefeitos reafirmam que a prioridade do país precisa ser, de forma inequívoca, a vacinação em massa", critica a FNP, que tem como foco 412 cidades brasileiras com mais de 80 mil habitantes.

Todos vacinados até dezembro

O Ministério da Saúde afirma que 11,1 milhões de doses já foram entregues. Este volume serve para vacinar cerca de 6,5 milhões de pessoas. Segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde, o número de pessoas vacinadas no País chegou a cerca de 5 milhões no domingo.

Pressionado pela ameaça de uma CPI, Pazuello afirmou, na semana passada a senadores, que metade da população será vacinada até junho. O restante, até dezembro. Segundo o ministro da Saúde, o Brasil trabalha para ter "reservas" de vacina.

A governadores, Pazuello prevê 230,7 milhões de doses até julho

Acuado em nova reunião com governadores, nesta quarta, Pazuello apresentou um cronograma de entregas de vacinas para o primeiro semestre. De acordo com o ministro, a previsão é que entre o final de fevereiro e julho serão distribuídas aos estados mais de 230,7 milhões de doses.

Destas, 112,4 milhões são da Oxford-AstraZeneca, via Fiocruz; 77,6 milhões de doses da CoronaVac, do Instituto Butantan; e 10,6 milhões de doses da Covax Facility.

O cronograma também prevê contratos que estão em negociação, como a compra de 10 milhões de doses da Sputnik V e 20 milhões de doses da indiana Covaxin. A expectativa do ministério é assinar estes contratos ainda nesta semana.

As próximas entregas estão previstas ainda em fevereiro. Serão mais 2 milhões de doses da vacina de Oxford-AstraZeneca importadas prontas da Índia e 9,3 milhões da Coronavac, via Butantan. Em março, a pasta aguarda a chegada de 18 milhões de doses do Butantan e mais 16,9 milhões do imunizante de Oxford.

Na terça-feira, o Ministério da Saúde já havia assinato contrato com o Instituto Butantan garantindo 54 milhões de doses adicionais. Elas complementam contrato inicial de 46 milhões de unidades via o instituto paulista.


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