A compra direta de vacinas contra a Covid-19 pelos Estados, regiões e municípios vem ganhando força nos últimos dias - tanto que prefeitos e associações já iniciam os cálculos para verificar quantidade necessária de doses, caso o processo se confirme. Associação de Municípios do Vale do Rio do Sinos (Amvars) e o Consórcio dos Municípios da Região Metropolitana (Granpal) participam.
Ambas têm encontro virtual com o governo gaúcho hoje, ao lado de outros representantes regionais e da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). A reunião vai tratar das vacinas, além de atualizar detalhes sobre o cumprimento dos novos decretos e avaliar a cogestão.
Negociações
"Além da União Química, que fabrica a Sputnik V e está em negociação com o Ministério da Saúde, estamos abrindo outras frentes. Uma das conversas é com a Pfizer", detalhou Leite.
É também para a Pfizer e a União Química que a Amvars deve enviar protocolo de intenções. O objetivo é manifestar interesse de compra de vacinas por intermédio do Consórcio Público dos Municípios do Vale do Sinos (CP Sinos). De acordo com a Associação, agora serão realizadas conversas entre os prefeitos, para tratar de números de imunizantes. Mesmo que a venda direta ainda não tenha sido liberada, a Amvars explica que as cidades estão se antecipando em formalizar o interesse.
Levantamento
Pela Granpal, as conversas estão mais avançadas com a Pfizer. "Estamos fazendo um levantamento de quantitativo junto aos municípios", diz o secretário-geral e prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal, acrescentando que a expectativa é de fechar até hoje e poder encaminhar um pedido de continuidade na negociação. Para o município, por exemplo, ele fala em 40 mil doses neste momento.
Ainda, outras tentativas são realizadas. "Estamos em tratativas com a União Química, mas dependemos da autorização da Anvisa para uso emergencial ou definitivo, o que ainda não saiu. Tentamos com a Johnson, mas eles não têm previsão de comercialização", descreve Pascoal.
Por fim, há o acordo com o Butantan, selado após visita no ano passado. "Como eles comercializaram seis milhões de doses para o Ministério da Saúde, não devem ter capacidade de entrega tão rapidamente", complementa.
A possibilidade de compra direta das vacinas cresceu com o registro definitivo na Anvisa do imunizante da Pfizer/BioNtech e a formação de maioria no STF para a liberação da compra por Estados e municípios caso necessário. No RS, deputados estaduais aprovaram projeto de lei que altera o Orçamento de 2021 e permite remanejamentos para a aquisição de vacinas. A proposta foi sancionada por Leite ontem.
Técnicos e pesquisadores de universidades se reúnem virtualmente na manhã de hoje com a prefeita de Novo Hamburgo, Fatima Daudt, para avaliar o comportamento atual da Covid. Um dos objetivos é traçar o possível cenário da pandemia nos próximos dias e semanas. Entre os convidados estão Maria Catira Bortolini, professora titular do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisadora sobre Covid-19, novas variantes e suas capacidades de infecção.
Município - Doses disponibilizadas - Doses aplicadas - % aplicado
Campo Bom - 2.272 - 2.138 - 94%
Dois Irmãos - 1.450 - 1.413 - 97%
Estância Velha - 1.686 - 1.444 - 86%
Igrejinha - 1.712 - 1.310 - 77%
Ivoti - 918 - 885 - 96%
Novo Hamburgo - 13.992 - 12.114 - 87%
São Leopoldo - 7.994 - 1.970 - 25%
Sapiranga - 2.742 - 2.398 - 87%
Taquara - 2.178 - 1.521 - 70%
O total de doses distribuídas se refere à primeira e segunda doses.
Fonte: Secretaria Estadual da Saúde. Atualizado ontem às 16 horas.
Mais 135 mil doses da vacina da Oxford/AstraZeneca chegaram ao Estado no final da manhã de ontem. A distribuição do novo lote ocorrerá entre hoje e amanhã. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), a prioridade dessa remessa é ampliar a vacinação de idosos e a faixa etária será definida durante a reunião com os municípios.
No início da noite desta quarta-feira também chegaram mais 84,2 mil doses da Coronavac em Porto Alegre.
Agora, são 923,6 mil doses recebidas pelo governo gaúcho até o momento, sendo 251 mil da Oxford/AstraZeneca e 672,6 mil da CoronaVac. Cerca de 490 mil vacinas já foram aplicadas, com 435 mil correspondendo à primeira dose.
Quais são as vacinas
Até o momento, o País aplicou somente doses da Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, e da vacina de Oxford com a parceira anglo-sueca AstraZeneca. Como ambas têm apenas autorização de uso emergencial da Anvisa, o foco fica com os grupos prioritários.
Em relação à vacina da Pfizer, a farmacêutica divulgou inicialmente que só deve negociar com o governo federal. O registro autoriza a aquisição também pela rede privada, mas a informação é de que não há acordos até agora.
Para o presidente da Famurs, Maneco Hassen, e o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Paranhana (Ampara) e prefeito de Parobé, Diego Picucha, as reivindicações junto à União devem ser mais efetivas. "É necessário que a gente cobre do governo federal agilidade na distribuição de vacinas e em quantidade suficiente para garantir doses para todos", diz Hassen.
Caso isso não ocorra, Hassen pleiteia liberdade para que os outros entes se unam: "É hora de autorizar que façamos a aquisição direta aqui no Estado e nos municípios. A vacinação é a única saída para contermos a velocidade desse vírus."
Picucha, porém, espera que não se chegue ao ponto de os municípios terem que arcar com a vacinação. "Essa é uma responsabilidade do Ministério da Saúde, que assumiu esse compromisso. Todos os municípios estão sendo penalizados pela pandemia e, além de estarem com recursos restritos em caixa para a compra da vacina contra o coronavírus, uma corrida em busca do imunizante só iria inflacionar ainda mais os valores", avalia.
O Ministério da Saúde foi contatado, mas não enviou posicionamento até o fechamento desta edição.
Leite voltou a afirmar que confia no PNI, mas diz que não vai ficar "assistindo e esperando pelo governo federal". Ainda que se tenha a expectativa de recebimento de mais doses em março, o governador afirma que ainda não é o suficiente. "Nós precisamos de mais velocidade, pois o cenário é muito crítico aqui no RS e em outros Estados também", arremata.
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