Internações por Covid-19 crescem 104% e mortes aumentam 51% nos hospitais da região

O virologista e professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki, analisa que a escalada dos casos, que também pôde ser percebida a nível estadual e nacional, pode estar relacionada a fatores como o aumento da circulação de pessoas durante as férias e no feriadão de carnaval. "Devemos ter uma mescla que inclui os fatores citados de viagens, aglomerações e ainda a introdução de variantes de maior transmissibilidade", pontua.

Para o especialista, a circulação da nova variante do coronavírus no Rio Grande do Sul, a cepa chamada de P1, que foi identificada inicialmente em Manaus, pode estar relacionada ao agravamento da pandemia em solo gaúcho e, embora ainda não tenha sido detectada na região, há probabilidade que já circule por aqui. "Sabemos que, pelo menos, as principais variantes, dentre elas P1 está presente na região metropolitana e Serra e deve estar associada também ao aumento no número de casos."

Spilki comenta, também, sobre a variedade de mutações do vírus que circulam e proliferam-se pelo País, fato que já despertou os olhares da comunidade científica de todo o mundo. "Em virtude da insuficiência com que lidamos com a segunda onda e esta atual provável terceira onda, o País é sem dúvida um dos celeiros de diversidade do vírus no mundo. Mas também vejo que não estamos sozinhos, novas variantes têm surgido em regiões populosas com controle deficiente, como partes da Europa e Estados Unidos." Para o especialista, no cenário atual, medidas mais duras como um "lockdown" são quase inevitáveis. "Com vacinação lenta, medidas insuficientes e o negacionismo vigente, há poucas alternativas para um momento crítico como esse, que não algo mais próximo de um lockdown", pontua.

Perspectivas

Para conter o avanço dos casos e óbitos, o virologista considera indispensáveis três fatores: mais restrições, ações conjuntas do poder público e vacinação ampla. "É preciso de uma melhor coordenação por parte do Estado para que medidas regionais sejam tomadas sem diferenças entre os municípios. Além disso, seria fundamental uma intensificação da vacinação, e depois de passado este período um retorno muito cauteloso (às atividades)", afirma.

Caos hospitalar

Na noite de ontem, como vem ocorrendo diariamente nas últimas semanas, os hospitais da região operavam em sua capacidade máxima. Na casa de saúde leopoldense, a situação era de superlotação. A área reservada para a Covid-19 no Hospital Centenário, de São Leopoldo tinha 57 pacientes internados, sendo 20 deles internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ou seja 110% da sua capacidade. Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte a situação se repetia. Havia 41 pacientes para 18 vagas, uma superlotação de 227%.

Conforme o mapa de leitos do Estado, o Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) estava operando com 117,9% da sua capacidade. Havia 46 pacientes para 36 leitos de UTI Covid. Entre os leitos clínicos, a situação era ainda mais dramática, com 157,1% de ocupação. Além disso, a capacidade máxima dos respiradores também já foi ultrapassada com taxa de uso de 105,1%.

Já no Hospital São Camilo, de Esteio, que até fevereiro jamais havia alcançado sua capacidade máxima, aparecia no portal estadual com 125% dos seus leitos de UTI e 93,8% dos respiradores em uso. O diretor administrativo do São Camilo, Adriano Coutinho, destacou o aumento da presença de pessoas mais jovens internadas e os esforços da equipe para conseguir atender à demanda crescente.

Transporte será suspenso no domingo

Após a reunião do Comitê de Atenção ao Coronavírus de São Leopoldo, que ocorreu na tarde de ontem, ficou decidido que o Município deve aderir às regras da bandeira preta por, pelo menos, mais 10 dias. O transporte público será novamente restrito aos domingos, atuando apenas as linhas e horários que atendem as trocas de turno dos trabalhadores da saúde. O estacionamento rotativo continua suspenso.

A Covid-19 nas cidades da região do VS

São Leopoldo

18.835 casos

57 internados

18.259 recuperados

297 mortes

Sapucaia do Sul

8.042 casos

78 internados

6.882 recuperados

221 mortes

Esteio

6.960 casos

64 internados

6.418 recuperados

199 mortes

Portão

2.070 casos

18 internados

1.955 recuperados

47 mortes

Capela de Santana

551 casos

44 internados

484 recuperados

4 mortes

Total na região

36.458 casos

261 internados

33.998 recuperados

768 mortes

* Dados cruzados entre prefeituras da região e Secretaria de Saúde do RS até as 20 horas de terça-feira (9). 

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