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Notícias | Região Colapso da saúde

'Um cenário de guerra', resume gestora do Hospital Regina sobre período crítico da pandemia

Fazendo coro a outros especialistas em saúde, administradora da instituição hamburguense, que fechou a Emergência, narra a luta pela saúde

Por Débora Ertel
Publicado em: 10.03.2021 às 03:00 Última atualização: 10.03.2021 às 08:35

Em meio a uma demanda crescente de infectados e com toda a rede hospitalar gaúcha em ocupação crítica, Gisele fala sobre como é o cotidiano da luta pela saúde e a pressão sobre os profissionais Foto: Divulgação
No domingo, o Hospital Regina informou o fechamento da emergência adulto Covid-19 e demais doenças por tempo indeterminado. O serviço só será disponibilizado novamente quando houver regularização dos atendimentos. A medida foi tomada devido ao aumento das ocupações das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Município e também no Estado.

Nesta terça-feira, o Vale dos Sinos chegou ao 17º dia de UTIs lotadas, nas redes pública e privada, sendo que no Regina a ocupação estava em 187,5%. Ou seja, havia 16 leitos de UTI para 30 pacientes internados.

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O hospital é referência para diversos planos de saúde e também para pacientes oncológicos.

Segundo a administradora executiva da instituição, Gisele Albaneo, todos os esforços têm convergido no aumento da capacidade da instituição em atender o público. "Demanda que está cada vez maior de pacientes críticos, dentro de uma estrutura física e de equipamentos que é finita", descreve.

Conforme Gisele, o hospital e todos os seus profissionais organizaram uma força-tarefa em pouco espaço de tempo, ampliando a sua capacidade de atendimento a pacientes críticos. Com isso, os profissionais têm se desafiado a atender pacientes com maior gravidade do que habitualmente.

Na entrevista abaixo, a gestora fala da luta diária.

Entrevista com a administradora executiva do Regina, Gisele Albaneo

Jornal NH - O que acontece por trás do aumento dos atendimentos de pacientes graves e estruturação dos leitos de UTI?

Gisele - A capacidade humana dos nossos profissionais tem sido colocada a prova desde o início da pandemia, passamos pelo medo de ficarmos doentes ou contaminarmos nossas famílias. Pelo contexto do Brasil de falta de abastecimento de EPIs e medicamentos para sedar os pacientes.

Os profissionais têm vivenciado diariamente, de forma mais acentuada neste momento, o sofrimento das famílias, o medo, a incerteza e a angústia de pessoas jovens (e dos jovens há mais tempo), que pedem socorro com o olhar, ao perceber que daqui a pouco serão entubadas.

Aliado a isso, o aumento rápido e exponencial de pacientes com extrema gravidade, em que o óbito acontece de forma muito rápida, também tem abalado os profissionais. Tudo isto tem levado ao esgotamento físico e emocional.

O que os profissionais da linha de frente têm relatado?

Gisele - Preocupação com a faixa etária dos pacientes, a maioria jovens e com extrema gravidade, esgotamento emocional e físico. Observamos um verdadeiro cenário de guerra, aonde os profissionais têm se mobilizado de forma árdua na luta pela vida.

Há pessoas afastadas por questões psicológicas, como problemas de depressão?

Gisele - Neste momento, não há profissionais da linha de frente Covid afastados por questões psicológicas, porém a exaustão emocional e física dos profissionais tem preocupado a instituição.

A escala normalmente é 12 por 36 horas. Tem sido possível cumprir esse ritmo diante da demanda?

Gisele - Temos escala de seis horas diárias e 12 por 36 horas, sendo necessário reforço de escala e suspensão de férias. Também há remanejo de profissionais para as áreas críticas, ampliação de equipe médica com muitas dificuldades em razão da escassez e esgotamento dos profissionais.

É ofertado um serviço de apoio emocional aos profissionais?

Gisele - Sim. É oferecido a todos que necessitarem.

Houve profissionais que pediram demissão por não suportar a pressão?

Gisele - Sim, vários profissionais. Desde o início da pandemia eles têm realizado outras escolhas de vida.

Existe alguma perspectiva de retomar o atendimento na emergência? Como estão orientando os planos de saúde?

Gisele - O cenário da emergência continua o mesmo, a fim de garantir a qualidade e segurança dos pacientes graves que estão internados na emergência com característica de UTI. A instituição orienta a procura por outros locais de atendimento de acordo com a rede referenciada, o que varia conforme cada convênio.

E o atendimento oncológico, segue a mesma rotina? O que mudou?

Gisele - Assim como todas as especialidades médicas, os pacientes oncológicos são orientados a procurarem a rede de atendimento de sua referência.

No caso da Oncologia SUS, os atendimentos ambulatoriais e cirurgias de urgência permanecem inalterados, exceto cirurgias que demandem leito de UTI para recuperação.

 


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