Um kit de miçangas, mãos habilidosas e um coração cheio de amor pelos animais. Foi o que bastou para que uma menina de 10 anos, moradora do bairro Feitoria, em São Leopoldo, usasse do tempo livre para fazer o bem a cães e gatos resgatados por voluntários da cidade. Das pedrinhas coloridas que ganhou da dinda, a pequena Alice Antunes começou a produzir pulseiras, colares e anéis para vender. A brincadeira de criança, no entanto, virou negócio sério quando Alice decidiu onde investiria o valor arrecadado com as vendas.
"Quando percebi que não precisava desse dinheiro, pensei no que poderia usar. Foi aí que surgiu a ideia de ajudar os animais de rua, porque sempre gostei. Minha tia Ju me deu a ideia de comprar ração e doar para ONGs", conta Alice.
O trabalho focado no auxílio a grupos voluntários teve início no ano passado, justamente quando as entidades mais precisavam. É que as dificuldades habituais para arcar com os custos da alimentação dos animais e para manter os espaços se intensificaram por conta da pandemia.
Doação
Por meio de uma colega de trabalho da mãe, Alice conheceu o grupo Coração Vira-Lata. Com as vendas, arrecadou R$ 200 e usou parte deste valor para comprar ração e fazer a primeira doação, no último dia 6. "Parte do valor utilizei para repor materiais e outra para comprar a ração. Doei 20kg. No dia da doação eu estava muito ansiosa para conhecer a ONG, e foi incrível. Ganhei muitos 'lambeijos' e amor dos animais", recorda Alice. O objetivo da menina é continuar produzindo pulseiras para ajudar o grupo.
Mãe de Alice, a assistente de departamento pessoal Danielle Antunes, 33 anos, é a responsável por comprar o material para a produção da filha, sempre adotando cuidados preventivos por conta da pandemia da Covid-19. “Ela controla o estoque e nos avisa quando precisa de material. A produção e criatividade ficam por conta dela. Todos da família fazem a divulgação, oferecendo para amigos e colegas de trabalho”, explica.
Segundo Danielle, a ideia surgiu como forma de ocupar o tempo de Alice fora da escola durante a pandemia. “Pensamos em como poderíamos aproveitar esse tempo. Ela sempre nos pediu miçangas. Então, ela ganhou o kit da dinda”, detalha.
Conforme a mãe da menina, o amor, os cuidados e a atenção pelos animais faz parte da vida de Alice e acompanha a filha desde bebê. “Ela é uma menina com o coração lindo. Desde pequena, sempre teve um amor muito grande pelos animais”, ressalta.
Alice acredita ter herdado esse sentimento das avós, Solange e Juci. "A vó Solange sempre ajudou os cães de rua, dando comida, água e remédios. Sempre adotou os abandonados", lembra Alice.
“Adoro combinar cores”, conta. As pulseiras, anéis, colares e chokers são vendidas a preços entre R$1 e R$20. Entre a clientela, estão parentes e conhecidos, além daqueles que ficam sabendo da ação pelo Instagram, onde ela divulga os produtos e também realiza as vendas.
Segundo Danielle, a família sempre admirou o trabalho de voluntários dedicados à causa animal. “Pessoas que possuem esse tempo para cuidar de animais abandonados são seres especiais. É uma doação de tempo e amor, acredito muito que eles são recompensados pelos animais. E a Alice nos fez enxergar o quanto podemos ajudar mais, doar um tempo para cuidar e dar carinho”, afirma.
Fundadora do Grupo Coração Vira-Lata, Lídia Cecatto se emocionou com a atitude de Alice. “Em meio a uma pandemia, que nos traz tanta tristeza e medo, temos um belo exemplo de como fazer nossos dias mais felizes. Alice é uma menina linda e com um coração mais lindo ainda. Nossa ONG teve o privilégio de ser a escolhida”, comemora. Coração Vira-lata é um grupo de voluntários voltados para a proteção animal por meio da doação do tempo livre e esforço para resgatar e ajudar animais abandonados. As Organizações não Governamentais são entidades privadas da sociedade civil, sem fins lucrativos.
Segundo a fundadora da ONG, Lídia Ceccato, os gastos dos voluntários do Coração Vira-Lata com aluguel de casas de passagem, medicamentos, tratamento veterinário, vacinas e alimentação para os animais somam aproximadamente R$ 2,5 mil mensais. Por isso, o auxílio da comunidade é fundamental.
Como ajudar
A ONG aceita doações de roupas e acessórios para as vendas do brechó da entidade ou repasses em dinheiro. Depósitos podem ser feitos diretamente na conta da ONG na Caixa Econômica Federal:
Agência 3486 Padre Reus
Operação 003
Conta 601-3
Mais praticidade no seu dia a dia: clique aqui para receber gratuitamente notícias diretamente em seu e-mail!