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Notícias | Região Coronavírus

Números mostram março como o mês mais trágico da pandemia

Comparativo aponta aceleração das mortes pelo novo coronavírus entre fevereiro e a primeira quinzena do mês, com tendência de ainda piorar

Por Débora Ertel
Publicado em: 18.03.2021 às 03:00 Última atualização: 18.03.2021 às 08:25

O Brasil atingiu na terça-feira um triste recorde com quase 3 mil mortos por Covid-19. No RS, em um só dia, foram confirmadas 502 vidas perdidas para a doença. Pelas redes sociais, diariamente, familiares e amigos comunicam a partida de pessoas próximas por causa do coronavírus. O mês de março, até agora, tem sido o pior período da pandemia em todos os sentidos.

Nas 44 cidades de cobertura do Jornal NH, distribuídas nos Vales do Caí, Paranhana e Sinos, além da Serra e Litoral, até 16 de março foram registrados 508 óbitos. Para se ter uma ideia do impacto das estatísticas fornecidas pela Secretaria Estadual da Saúde, o número até agora é 138,41% superior aos de janeiro, com 213 mortes, e 57,76% a mais que fevereiro, quando a região teve 322 perdas.

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E a tendência é que março registre, no mínimo, o dobro de óbitos do mês anterior. A contaminação no Estado continua alta. Na última semana, a contaminação no RS cresceu quase 6%.

Na região, apenas uma cidade não teve mortes por coronavírus. É a pequena Alto Feliz, no Vale do Caí, com 144 casos da doença confirmados, sendo seis novos na terça-feira.

Enquanto que em janeiro 28 municípios registraram óbitos por Covid, em fevereiro foram 31 e neste mês, 35.

Novo Hamburgo, o maior município da região, é o local onde a Covid fez mais vítimas até agora em março. Somente até terça, 80 óbitos foram registrados. Ao longo de fevereiro, foram 55, ou seja, o Município já teve 45% de mortes a mais que o mês anterior.

No entanto, a cidade onde proporcionalmente mais cresceram os óbitos foi Osório, que de 5 mortes em fevereiro subiu para 25 em março, um aumento de 400%.Comparativo de mortes covid

Estância Velha recebe respiradores

Estância Velha divulgou que vai receber três novos respiradores, que estão sendo retirados no Hospital Universitário de Santa Maria. O prefeito Diego Francisco havia conversado com o governador Eduardo Leite e pedido mais aparelhos, já que os quatro disponíveis no hospital da cidade estavam em uso e havia necessidade de mais respiradores. Após acerto com o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, e a direção do Hospital Universitário, a previsão era que os aparelhos chegassem a Estância Velha nesta madrugada.

Faixa etária, riscos e variantes

Segundo os dados do painel coronavírus da Secretaria Estadual da Saúde, no mês de março há um crescimento de vítimas abaixo dos 60 anos.

Se nos dois primeiros meses de 2020 a maioria dos mortos na região era de idosos, com 54% em janeiro e 63% em fevereiro, em março metade das vítimas tem até 59 anos.

Conforme Eduardo da Silva, farmacêutico do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, a Covid ainda é uma doença que afeta os mais velhos, e a idade ainda é fator de risco bem maior. "Acontece que, em um momento de incidência do vírus a nível populacional tremendamente alta, a quantidade de pessoas jovens que adoecem e morrem também é alta", explicou durante bate-papo científico promovido pelo governo do Estado na terça.

Segundo Silva, a circulação maior é a grande habilidade que a nova variante presente no RS, a P1, com origem em Manaus, tem em relação às anteriores.

Sobre a morte de pessoas mais jovens, o farmacêutico comenta são muitos os anos de vidas perdidos por conta da doença. "Foram 647 pessoas não idosas mortas no Estado em duas semanas. Imagina que cada uma poderia viver 20, 25 anos a mais. Por isso esse mês de março tem sido terrível", diz. A aceleração de propagação do vírus é uma das preocupações.

Gestores hospitalares alertam sobre insumos

Representantes da rede hospitalar estadual fizeram ontem uma exposição aos parlamentares gaúchos sobre os problemas enfrentados pelas instituições e pelos profissionais da saúde. O alerta, em especial, foi sobre falta de insumos e esgotamento dos recursos humanos disponíveis.

"Os representantes da rede hospitalar foram enfáticos ao descrever o cenário de guerra enfrentado pelos profissionais da saúde em decorrência da pandemia da Covid-19, e apontaram a elevação nos preços de medicamentos e insumos, a falta de equipamentos, como respiradores e cilindros de oxigênio, a exaustão das equipes e a dificuldade de custeio da estrutura hospitalar", resumiu a assessoria da Assembleia Legislativa, em nota.

O encontro ocorreu de forma virtual e foi organizado pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da AL.

O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul, Luciney Bohrer, relatou as dificuldades para a aquisição de medicamentos por falta de disponibilidade, altos valores ou pela exigência de pagamento antecipado, assim como insegurança em relação a oxigênio e cilindros.

Governadores formam consórcio

Os governadores Eduardo Leite, RS; Carlos Moisés, de Santa Catarina; e Ratinho Júnior, do Paraná, se uniram em busca de saídas conjuntas para conter a expansão da crise da Covid-19. A oficialização do consórcio de saúde foi ontem.

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o antigo, Eduardo Pazuello, em processo de transição no comando da pasta, participaram.

Dentre as ações articuladas entre os três Estados estão a integração de dados relacionados à pandemia, o estoque regular de insumos e a regulação de leitos hospitalares conjunta, além da articulação para possível compra de vacinas.

No entanto, não foi anunciada nenhuma data ou prazo de ações em grupo. "Cada um fará sua compra, mas de forma articulada. A regulação dos leitos, essa integração dos leitos hospitalares, e articulação da aquisição de vacinas", elencou Eduardo Leite em entrevista coletiva.

Os governadores destacaram a união para "dar mais firmeza" na compra de vacinas, em caso do Ministério da Saúde não cumprir o calendário de aquisição e distribuição. "Vamos conjuntamente buscar as farmacêuticas para adquirir as vacinas se não tiver a compra (pelo Ministério da Saúde) ou se tiver algum caminho para a antecipação", destacou Leite.


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