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Notícias | Região Campo Bom

Empresa que fornecia oxigênio ao hospital passa a ser investigada pelo Ministério Público

Promotora conclui que "há elementos robustos" de que tanto a administração do Lauro Reus quanto a Air Liquide sabiam que estoque de oxigênio era baixo

Publicado em: 27.05.2021 às 17:38 Última atualização: 27.05.2021 às 17:50

Em março peritos do IGP inspecionaram equipamentos Foto: Divulgação/IGP-RS
O Ministério Público (MP) de Campo Bom passa a tratar a fornecedora de oxigênio Air Liquide como investigada no inquérito civil que apura as mortes no Hospital Lauro Reus em decorrência de uma pane no sistema de oxigênio. A rede ficou cerca de 40 minutos sem funcionar na manhã de 19 de março e seis pacientes que estavam entubados morreram. Os outros 15 que também estavam entubados morreram horas ou dias depois e a Polícia Civil apura se os óbitos têm relação com a pane.

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Em um despacho de terça-feira (25) mas divulgado nesta quinta-feira (27), a promotora Letícia Elsner Pacheco de Sá resume que "as informações até então coletadas são suficientes para incluir a Air Liquide Brasil no polo passivo do presente inquérito civil", ou seja, a empresa passa a ser tratada como investigada no caso. Com isso, passa a ter prazo de 15 dias para apresentar alguma manifestação. O mesmo prazo é dado à Associação Beneficente São Miguel, contratada pela Prefeitura de Campo Bom para administrar o hospital da cidade. Após o caso a ABSM suspendeu o contrato com a Air Liquide.

O Ministério Público passa a ser mais uma instituição a concluir que já no dia anterior sabia-se que o estoque de oxigênio líquido no hospital estava em nível crítico. "Há elementos bastante robustos de que era de ciência tanto do Hospital Lauro Reus quanto da Air Liquide do Brasil Ltda que o estoque de oxigênio líquido encontrava-se em nível crítico já na tarde do dia anterior ao fato e, portanto, havia o risco de desabastecimento", escreveu a promotora.

A sindicância do próprio hospital, o inquérito da Polícia Civil e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta pela Câmara de Vereadores para apurar o caso vão no mesmo sentido. Em todas as investigações ficou claro que na quinta-feira, dia 18 de março, já havia alerta de redução no estoque de oxigênio.

Segundo o Ministério Público, o hospital estava "ciente da redução dos níveis de oxigênio" mas não adotou corretamente o procedimento padrão previsto para esses casos. Mesmo assim, comprovou que cientificou a Air Liquide que o oxigênio estava no fim. A empresa, segundo o MP, "não demonstrou qualquer ação efetiva para garantir o fornecimento de oxigênio ao hospital, mesmo diante dos registros da telemetria." Telemetria é o sistema por meio do qual a empresa monitora à distância os níveis do tanque de oxigênio.

Ainda conforme despacho da promotora de Campo Bom, a Air Liquide "não procedeu à adequada revisão dos equipamentos a cada envase, pelo que constatou somente no dia seguinte à tragédia a ausência de uma serpentina nas baterias reservas". A ausência desta serpentina pode ter prejudicado o acionamento correto do sistema reserva de oxigênio, composto por dois conjuntos de cilindros.

A empresa Air Liquide foi procurada pela reportagem do Jornal NH, mas até a publicação desta reportagem não havia comentado o assunto.

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