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Notícias | Região Saúde

Municípios acendem o alerta com piora em indicadores da Covid-19

Depois de receber os primeiros avisos no novo sistema de 3As, região registra números preocupantes

Por Bianca Dilly
Publicado em: 28.05.2021 às 03:00

UTI Covid do Hospital Centenário operava com 72% da capacidade ontem Foto: Divulgação/Prefeitura São Leopoldo
Menos de duas semanas após a implementação do sistema 3As de monitoramento pelo governo estadual, blocos da região já apresentam piora nos indicadores da pandemia. A área de Caxias do Sul, formada por municípios da Serra gaúcha, por exemplo, recebeu um dos primeiros avisos do novo modelo de acompanhamento e na última quarta-feira passou para o estágio de alerta. Na mesma data, a região de Taquara teve o aviso inicial, enquanto que a de Novo Hamburgo foi classificada da mesma forma no último sábado.Comparativo pandemia RS

Internações

Na hora de emitir as notificações, as taxas de internação estão entre os principais fatores levados em conta pelo Estado. Um dos motivos para o alerta de Caxias do Sul foi a variação semanal de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), que sofreu um aumento de 7% na média.

Neste mesmo critério, Novo Hamburgo teve 5% de aumento e Taquara 3%, após semanas de queda nos números. No RS, o incremento geral é de 10,3%.

E, dos pacientes hospitalizados, a maioria tem relação com o novo coronavírus. Na região de Taquara são 32 internados em UTI, todos com confirmação ou suspeita da doença.

No bloco liderado por Novo Hamburgo, a situação se refere à metade dos casos, semelhante ao perfil estadual, que tem 54% do total de internações relacionadas à pandemia.

Outras doenças

Porém, além da preocupação com a Covid-19, o inverno se aproxima e com ele também aparecem outras doenças respiratórias. Tradicionalmente, a partir da 21ª semana do ano, que é a atual, o RS passa a registrar crescimento nas internações por Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs). "Outono e inverno se caracterizam como estações problemáticas para infecções de vias aéreas em nosso Estado", ressalta o infectologista Fernando Lipp.

Segundo o especialista, o risco desta época do ano está diretamente relacionado ao comportamento das pessoas. "O principal problema não decorre das baixas temperaturas, mas sim da tendência natural de maior permanência em ambientes fechados, com consequente contato físico aumentado, e baixa ventilação natural", descreve.

Sobrecarga no sistema

Além da preocupação com mais doenças circulando ao mesmo tempo e em expansão, é preciso lembrar que as estruturas físicas do sistema de saúde possuem limitações, apesar das ampliações. "Com a ocorrência da Covid, possivelmente verificaremos uma sobrecarga ainda maior sobre o nosso sistema de saúde", resume Lipp.

Exemplo disso é que em maio de 2020, o Rio Grande do Sul contava com 1.723 leitos de UTI adulto, espalhados em 294 hospitais. Hoje, são 3.417 leitos disponíveis em 300 hospitais do Estado. Naquele momento, quando a pandemia começava a caminhar para o primeiro pico, a taxa de ocupação era de 70,6% e, do total de leitos de UTI em uso, apenas 100 era por Covid, ou seja, 5,8%. O restante era de pacientes com SRAG e outras doenças.

Na tarde de ontem, a ocupação estava em 83,8%, com 2.864 leitos ocupados. Destes, 1.869 são por confirmação ou suspeita de Covid-19, o que equivale a 54,7% do total de UTIs ocupadas. Ou seja, o número total de leitos de UTI foi praticamente dobrado e, mesmo assim, o sistema pode ficar sobrecarregado em função do total de pacientes infectados ao mesmo tempo.

Das sete macrorregiões do Estado, quatro já operam acima dos 90% nos leitos de UTI. A região Norte não tem mais leitos livres, estando com 100,7% dos leitos ocupados. A metropolitana, onde está o Vale do Sinos, tem a menor taxa, com 74,7%. Mas por aqui há leitos de UTI apenas pelo SUS. Hospitais particulares já estão superlotados, com o sistema operando em 108,2%.

Primeiro aviso emitido à região de Taquara

Além das hospitalizações, outro dado que chama a atenção na região de Taquara é a variação da média semanal de novos casos de Covid. Conforme boletim divulgado ontem, houve aumento de 104,1% no período. É a região com maior crescimento no Estado e a segunda em relação às mortes, com 150%.

Contatada, a Associação dos Municípios do Vale do Rio Paranhana (Ampara) informa que o comitê técnico regional está analisando e acompanhando os dados epidemiológicos da região. "Nossos corpos técnicos e prefeitos estudam quais novas medidas podemos adotar como região, assim como nossa Secretaria Municipal de Saúde estuda medidas específicas para o nosso município", afirma o presidente e prefeito de Parobé, Diego Picucha.

A Ampara ainda destaca que o aviso "é apenas uma indicação que devemos redobrar nossa atenção e não descuidar das medidas que já estamos adotando e para que possamos planejar quais ações podemos implementar para manter a pandemia sob controle em nossas cidades".

No aviso do Estado, outro dado apresentado é o da vacinação contra a Covid. Em relação ao percentual de primeira dose, é a última região do RS, com 20,9% da população imunizada.

Sem novidades nas ações da região até o momento

A região de Novo Hamburgo, que está próxima de completar uma semana desde o aviso recebido, segue com dados preocupantes. Conforme boletim da manhã de ontem, a variação semanal de casos sofreu um incremento de 20,9%, de mortes, 18,2%, e de internações em leitos clínicos, 6%.

No último sábado, após a notificação, o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars) e prefeito de Campo Bom, Luciano Orsi, explicou que o comitê Covid está acompanhando os indicadores e que, se houver necessidade, novos decretos, mais restritivos, podem ser antecipados.

Ontem, Orsi disse que não houve atualização até o momento. Hoje deve haver reunião dos prefeitos para avaliação.

Serra

Os prefeitos da Associação dos Municípios de Turismo da Serra (Amserra) também devem realizar uma reunião rápida para definir os próximos passos.

A Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) está realizando o monitoramento diário dos casos, que aumentaram na região. O presidente da entidade, Fabiano Feltrin, afirma que um plano de ação com sugestões está sendo elaborado e será encaminhado ao Estado para que a região possa minimizar a situação da pandemia nos municípios:

"Teremos que ser mais restritivos e ampliar as ações de conscientização. É importante que a comunidade entenda o momento que estamos vivendo", reforça.

 

Estágios do novo sistema de monitoramento

Até o momento, as regiões de Canoas, que engloba cidades do Vale do Caí, além da área liderada por Lajeado, são as únicas que não receberam notificações do governo estadual no novo sistema de monitoramento.

Caxias do Sul e as demais que tiveram alertas têm 48 horas para responder e apresentar plano de controle da Covid-19. No estágio do aviso, em que estão Novo Hamburgo e Taquara, o foco se mantém nas ações preventivas e de fiscalização.

Cuidados

O infectologista Fernando Lipp destaca que as recomendações à população seguem. "Higienização das mãos, ventilação de ambientes quando possível, uso de máscara e isolamento se tiver sintomas compatíveis com síndrome gripal", aponta.

Colaborou: Micheli Aguiar

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