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Notícias | Região Imunizante

O que falta para acabar a espera pela segunda dose da CoronaVac

Doses foram entregues ao Ministério, agora falta a pactuação entre os Estados para que comece a distribuição nacional

Por Bianca Dilly
Publicado em: 15.06.2021 às 03:00

Entregas do imunizante foram feitas ao Ministério nesta segunda-feira e na última sexta Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini
Cerca de 92 mil gaúchos ainda contam os dias no aguardo da atrasada segunda dose da vacina CoronaVac. O cálculo é do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS) e leva em consideração todos que receberam a primeira aplicação do imunizante do Instituto Butantan, mas que esperam há mais de 28 dias pela finalização do esquema vacinal contra a Covid-19.

O Estado e as Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs) não informaram dados sobre as segundas doses em aberto. Só em Novo Hamburgo, segundo a Prefeitura, são aproximadamente sete mil pessoas nesta situação. O tempo de atraso varia, mas há moradores que esperam há dois meses.

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O Ministério da Saúde (MS) recebeu 1,8 milhão de doses do Butantan nos últimos dias. Foram 800 mil na última sexta-feira e mais um milhão ontem. Porém, a distribuição entre os Estados ainda não foi pactuada e não há previsão de quando as vacinas chegam ao RS.

Pendências

"Já estamos gerenciando junto à Secretaria Estadual da Saúde (SES) para que esse primeiro lote, que ainda não sabemos data ou quantitativo, seja direcionado para suprir as segundas doses que ainda estão pendentes em vários municípios gaúchos", afirma o presidente do Cosems/RS e secretário municipal de Saúde de Canoas, Maicon Lemos.

Pactuação das doses

De acordo com o MS, após a entrega de novas doses pelos fabricantes, há a organização de reuniões tripartite. Representantes dos Estados, municípios e do ministério se reúnem para definir o quantitativo para cada local. A assessoria de imprensa ainda não tinha a confirmação sobre o encontro relativo às novas remessas. A expectativa era entre o final do dia de ontem e hoje.

Após a pactuação, é elaborado o informe técnico. "Só depois que todo o planejamento é construído, as doses são liberadas para a distribuição", afirma o Ministério, garantindo que as vacinas serão destinadas ainda nesta semana.

Nos lotes anteriores, o envio aos Estados era em 48 horas. No RS, a distribuição às Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs) ocorre nas primeiras 24 horas após a chegada no aeroporto.

Quase um mês desde o último lote

A última distribuição de CoronaVac no Estado ocorreu no dia 19 de maio, com 251.200 doses entregues. Há quase um mês, na ocasião, a expectativa era de zerar a fila com o quantitativo, o que não ocorreu na prática.

Conforme a SES, alguns problemas podem ter atrapalhado a contagem, como falhas nos registros e até migrações de pessoas entre municípios, ou seja, que tomaram a primeira dose em um lugar e agora precisam tomar a D2 em outro.

A SES informa que desde janeiro distribuiu 1.647.470 doses de CoronaVac para a aplicação da primeira dose em grupos prioritários. Para segundas doses, a Secretaria afirma que foram entregues 1.650.580 vacinas. "Nesta segunda-feira, 199.223 segundas doses da CoronaVac não estavam registradas no sistema", diz nota, sobre o cadastro que é realizado pelos municípios.

Pelo cronograma do Ministério, cinco milhões de doses devem ser entregues pelo Instituto Butantan neste mês. Ainda não há data.

Na dependência das quantidades

Costumeiramente, o Estado recebe 7% das doses entregues pelos laboratórios ao governo federal. Contudo, o cálculo da CoronaVac tem levado em consideração os números atrasados em cada local. Se não fosse por isso, as duas últimas remessas do Butantan totalizariam cerca de 126 mil doses ao RS, possibilitando, enfim, que a fila de segunda dose em atraso fosse zerada.

"O Cosems não irá pactuar avanços com primeira dose da CoronaVac antes de completar esse quantitativo de doses 'dois'. Entendemos que precisamos encerrar esse ciclo e concluir o esquema vacinal dos pacientes que ainda aguardam", acrescenta Lemos. "A qualquer momento teremos informações mais precisas", conclui o secretário.

Sem estoque

Na última semana, a prefeita Fatima Daudt divulgou expectativa para a chegada de mais doses da CoronaVac nos próximos dias. Porém, o Município informa que "depende totalmente do envio de doses que começa pelo Ministério da Saúde e passa pelo Estado". Ontem, a Prefeitura informou que não tem estoque de CoronaVac.

A estratégia de vacinação, para quando receber as doses, vai depender do quantitativo. "No caso de um volume pequeno, será feito agendamento e busca ativa, mas se for um volume mais expressivo, é possível, sim, marcar um drive-thru para completar o ciclo vacinal", conclui a prefeita.

Janssen atrasa

Outra remessa de vacina atrasou. A Janssen, imunizante de dose única produzido pela Johnson & Johnson, deveria chegar ao Brasil nesta terça, mas o fabricante informou ontem que suspendeu o envio das 3 milhões de doses previstas, sem dar novo prazo. O ministro da Saúde Marcelo Queiroga confirmou a informação, mas disse que o governo trabalha para que a entrega seja feita nesta quarta-feira.

A angústia de quem aguardapela vacina

A demora para distribuição da CoronaVac preocupa, principalmente, as pessoas que ainda aguardam para receber a segunda dose do imunizante. O reforço é necessário para que se tenha a imunização completa contra o novo coronavírus. Milhares estão nesta situação na região.

"Eu sou idoso e cardíaco e estou isolado em casa há 15 meses, só saio para ir em médicos. Eu só preciso da segunda dose. Nem deixar meu irmão entrar na minha casa eu posso, fico falando com ele do portão e usando máscara", contou o aposentado Nilo Hahn, de 73 anos, que tomou a vacina no dia 31 de março.

Família se isolou

Hahn deveria ter recebido a outra aplicação da CoronaVac no dia 28 de abril, cumprindo o intervalo máximo de 28 dias entre as doses, mas já são mais de 70 dias sem saber quando estará em paz. "A ansiedade é grande para que esse dia chegue logo, sinto como se eu estivesse perdendo a minha vez, meu direito de ser imunizado", desabafa.

Ele e a esposa, a professora aposentada Suzana Hahn, 71, moradores de Novo Hamburgo, estão isolados em Imbé, Litoral Norte, desde março de 2020, e só pretendem voltar ao município após completarem o esquema vacinal.

"Com todo esse atraso, creio que manter eles lá é o melhor a se fazer. Quando estiverem imunizados, daí sim, retornam para casa mais seguros", comentou o filho do casal, Paulo Hahn, 48.

Colaborou Joceline Silveira 

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