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Notícias | Região FRAUDES FINACEIRAS

Três sócios da InDeal voltam para a cadeia

Delegado revela intenção de comprar banco suspeito após operação desta quarta, quando dois "laranjas" também foram presos por ocultar bens

Por Silvio Milani
Publicado em: 25.08.2021 às 20:59 Última atualização: 26.08.2021 às 06:54

Enquanto milhares de investidores da InDeal ainda tentam reaver o dinheiro perdido, a Polícia Federal vai descobrindo a continuação de crimes financeiros praticados por sócios da empresa de Novo Hamburgo, principalmente para esconder bens. Três deles voltaram à cadeia em nova fase da Operação Egypto, nesta quarta-feira (25), quando dois supostos “laranjas” também foram capturados. Os agentes cumpriram cinco mandados de prisão e 12 de busca no Rio Grande do Sul, com trabalho concentrado no Vale do Sinos, Santa Catarina e São Paulo.

Prioridade na investida desta quarta foi apreender documentos para descobrir mais bens ocultados da cúpula da empresa de Novo Hamburgo Foto: Polícia Federal
Na manhã de 21 de maio de 2019, a PF prendeu cinco sócios e cinco gestores da InDeal, suposta pirâmide financeira que já havia arrecadado mais de R$ 1 bilhão de 23 mil investidores, atraídos pela promessa de rentabilidade de 15% ao mês. A empresa foi fechada no mesmo dia. Os dez acusados foram sendo soltos e se tornaram réus de processo por fraude financeira, com outros cinco denunciados no esquema.

Os locais

Apenas um dos três sócios presos hoje foi encontrado na mesma casa da primeira prisão. É Regis Lippert Fernandes, 50 anos, em Florianópolis. Os outros dois foram capturados em São Paulo. Em 2019, Angelo Ventura da Silva, 40, tinha sido pego no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo, e Francisco Daniel Lima de Freitas, 47, em condomínio de alto padrão no bairro Encosta do Sol, em Estância Velha.

Única prisão no RS foi em Estância Velha

A única prisão no RS foi em Estância Velha, em bairro não informado. O homem estaria lavando dinheiro no Vale do Sinos em negócios de fachada não revelados. Em local mantido sob sigilo em Dois Irmãos, foram apreendidos documentos. Outro “laranja” foi detido em São Paulo. Os lavadores de dinheiro estanciense e paulista devem se juntar aos 15 réus da ação penal que tramita na 7ª Vara Federal de Porto Alegre.

'Fomos ver como conseguiam manter o padrão de vida'

O delegado de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, Eduardo Bollis, lembra que, quando fechada a InDeal pela Operação Egypto, os sócios continuaram sendo investigados. “Percebemos que um deles, depois de solto, seguia adquirindo bens em nomes de terceiros e continua com patrimônio bastante considerável. Fomos atrás para saber como foi capaz de manter aquele padrão de vida, considerando os bloqueios que fizemos na primeira fase, principalmente em contas de bitcoins.” O delegado observa situação grave atribuída a mais sócios. “Percebemos que fizeram tentativas de recuperar o acesso à carteira de bitcoins.”

Delegado revela plano de compra de banco

Ao investigar o “laranja” de mais de um sócio, a PF descobriu planos ambiciosos do grupo. “Começaram a falar em mercado financeiro, ações, voltaram a mencionar captação de dinheiro de terceiros e agora falam na criação de uma criptomoeda”, conta o delegado. Mas o que mais surpreendeu, conforme ele, foi a negociação de compra de um banco.

“E o primeiro ponto problemático é que o nome desse banco, que não é famoso, já foi citado em casos suspeitos Brasil afora. Não tem registro de funcionamento no Banco Central”, salienta.


Documentos devem levar a mais apreensões

A fase de hoje da Egypto, chamada de Operação Vita Continuat, teve como prioridade a apreensão de documentos. “Para tentar compreender os negócios. E que bens vão para nomes de terceiros, quem são os que emprestam nomes. A partir daí, a ideia é avançar para outras apreensões de patrimônio, como as expressivas que aconteceram na primeira fase”, explica Bollis.

Ele dá a entender que a investigação lida com experts na ocultação de bens. “Essas pessoas nos trazem dificuldade nesse sentido, pois são muitos bens em nomes de terceiros e muitos em criptomoedas.” E revela outras descobertas. “Sabemos que compram veículos e colocam em nome de terceiros. Todas essas questões precisam ser aprofundadas.”

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