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Notícias | Região CIDREIRA

Idosa acorda após ser dada como morta em posto de saúde no Litoral Norte

Óbito chegou a ser constatado pela equipe médica, que orientou a família a voltar para casa e aguardar a liberação do corpo. Funerária, porém, encontrou a paciente viva

Por Susana Leite
Publicado em: 09.01.2022 às 13:33

A família de Clotilde Riech, de 78 anos, ainda tenta entender o que aconteceu com a idosa, que, neste domingo (9), se recupera no Hospital Santa Clara, em Porto Alegre, depois de ter tido a morte atestada no dia 31 de dezembro. Moradora de Cidreira, Clotilde passou mal na manhã do dia 30 de dezembro, apresentando vômitos.

Primeiramente, foi acionado o Serviço de Móvel de Urgência (Samu), que orientou a família a levá-la ao hospital. A idosa foi então encaminhada ao Posto de Saúde 24 horas Eva Dias de Melo – o Postão – como é conhecida unidade de saúde.

Clotilde se recupera em hospital de Porto Alegre
Clotilde se recupera em hospital de Porto Alegre Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com a sobrinha-neta de Clotilde, Bianca Schneider, de 25 anos, a idosa deu entrada pela manhã, recebeu soro e fez exames que constataram uma infecção urinária leve. Na madrugada o dia 31, a paciente teve a primeira parada cardíaca, sendo reanimada. Deste momento em diante, a informação dada à família, segundo Bianca, era de que Clotilde deveria ser encaminhada para o hospital de Tramandaí.

“Os parentes mais próximos poderiam ir se despedir porque ela não voltaria mais”, diz Bianca sobre os primeiros sinais de que a tia-avó não sobreviveria. Contudo, às 10 horas, do dia 31, ainda no Postão 24 horas, Clotilde teve a segunda parada cardíaca. “Foi quando constataram o óbito”, afirma.

A partir daí a família foi orientada a voltar para casa e aguardar a funerária liberar o corpo. Informada sobre o óbito pela mãe Magda Riech, Bianca viajava de Canoas a Cidreira para iniciar o velório da tia-avó. Foi quando sua mãe recebeu uma ligação da funerária. “Minha mãe tomava banho quando o funcionário da funerária ligou para o telefone dela. Minha irmã atendeu. Ela deu um grito na hora, que minha mãe escutou do banheiro”, relata Bianca. Ao desligar o telefone, a irmã de Bianca teria dito: “Vamos para o hospital porque a tia está viva”.

Clotilde não chegou a ser transferida para Tramandaí. O óbito foi constatado em Cidreira. Bianca foi até o local e encontrou a tia-avó deitada numa maca. Lá, segundo ela, a médica não deu explicações sobre o que ocorrera com Clotilde. Nem acesso ao atestado de óbito a família teve acesso. Apenas conseguiram o registro do documento, que havia sido mencionado por um funcionário do Postão, quando foi relatado o andamento no plantão na troca de turno. A família de Bianca reclama do descaso da equipe médica para com o estado da tia-avó. Até a Polícia foi acionada para registrar um Boletim de Ocorrência.

Contratempo com caixão

Na madrugada de 31 de dezembro, quando foi atestado o óbito de Clotilde, a funerária que prestava o serviço não tinha um caixão adequado. Os únicos disponíveis suportavam um corpo de até 80 quilos, mas seria necessário outro modelo de caixão, capaz de aguentar peso superior.

Por isso, a família aceitou esperar até o dia seguinte para iniciar o velório. Para agilizar o processo, um funcionário da funerária decidiu antecipar a preparação do corpo. Foi ao chegar ao Postão que ele se deparou com Clotilde coberta, mas com o braço levantado e respirando. “Quando ele (funcionário) encontrou, ela estava muito ofegante”, conta Bianca.

A idosa foi intubada quando teve a primeira parada cardíaca. Ao ser atestado o óbito, a intubação havia sido retirada. “Não sabemos quanto tempo ela ficou desacordada, mas sabemos que em torno de quatro horas ela ficou sem respirador.” Bianca diz acreditar que o contratempo com caixão possa ter contribuído para que a tia-avó fosse encontrada viva. 

Clotilde se recupera bem

Quando viu que Clotilde respirava, o funcionário da funerária avisou a família, que conseguiu que a idosa fosse encaminhada para Porto Alegre, onde foi constatada uma embolia pulmonar e uma infecção urinária considerada grave.

Apesar disso, Bianca afirma que a tia-avó passa bem. “Ela até brinca de vez em quando”, conta. “Ela estava com fome e pediu iogurte para minha mãe, justificando que já que não morreu pode comer”, revela a sobrinha.

No entanto, a família segue com atenção redobrada para com a idosa. Ela não se lembra de tudo o que aconteceu, e os familiares contam sobre o ocorrido com certa reserva, para evitar que ela fique chocada. “Ela ainda não assimilou tudo direito, tem uns lapsos de memória”, afirma Bianca.

Prefeitura de Cidreira emite nota sobre afastamento de médica

"Acerca do episódio do possível erro médico ocorrido no Posto de Saúde Eva Dias de Melo em Cidreira, esclareço que no dia do acontecido não estava no Município, sendo informado através das redes sociais.

No mesmo instante, contatei a diretora do Posto 24h para me inteirar dos fatos e determinei que fosse prestada toda assistência à paciente e seus familiares e que a médica fosse dispensada do seu plantão imediatamente.

Salientamos que a Administração Municipal, através da Secretária Municipal de Saúde, está apurando o ocorrido, bem como a responsabilidade da médica que atestou o óbito da paciente.
Foi registrado também um boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil de Cidreira e exigido para que a empresa contratada afaste a profissional dos serviços prestados em nosso município.

Prefeito Elimar Pacheco."

Defesa da médica divulga nota à imprensa

"Os advogados, Bibiana Boaventura e Uilian Loose, em nome da Dra. Anne Letícia de Oliveira
Ferreira, através desta nota de esclarecimento, comunicam à imprensa que todos os meios de
tratamento e todas as manobras de ressuscitação cardiopulmonar disponíveis no Posto de Saúde
24 horas Eva Dias de Melo, na cidade de Cidreira/RS, especialmente no dia 31/12/2021, foram
realizados para preservação da vida da paciente Clotilde Rieck até a sua transferência para UTI -
Unidade de Terapia Intensiva na cidade de Porto Alegre/RS.

Esclarecem também, que até o presente momento a médica não foi contatada pela Prefeitura de
Cidreira, através do Prefeito Elimar Pacheco ou Secretaria de Saúde, para esclarecimento dos fatos ocorridos, comunicação de eventual afastamento das suas atividades.

Todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para os devidos esclarecimentos dos fatos e
demonstração da boa conduta médica adotada.

A equipe jurídica segue à disposição.

Porto Alegre, 08 de janeiro de 2022."

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