O desaparecimento do casal Rubem Hegger, de 85 anos, e Marlene Hegger Safft, 53, tem mudado o clima do bairro Carlos Wilkens, em Cachoeirinha. Na rua onde fica a casa deles, o clima de tranquilidade tem sido de angústia e tensão entre os vizinhos que se conhecem há décadas. São pessoas como o Ênio Batista, 76 anos, que conhecia a rotina do vizinho só pelo ruído no pátio. “Lembro de quando Rubem tinha o caminhão de frete e sabíamos que ele estava saindo apenas pelo barulho da ré.”
Ênio e Rubem compartilham o mesmo endereço por quase o mesmo tempo, cerca de 30 anos. A convivência é um hábito que foi interrompido há mais de 15 dias. Em 27 de fevereiro foi a última vez que o casal esteve em casa, quando teria saído com uma das filhas do seu Hegger depois de um almoço em família. Desde o registro do desaparecimento do casal, em 1º de março, os moradores e familiares não têm notícias e o sumiço ainda é um mistério. A busca por respostas tem sido um dos principais assuntos entre moradores do bairro.
“Passam procurando, olhando pra casa deles e perguntando se sabemos alguma novidade, estamos aflitos”, completa Batista. Sentimento parecido com o da Regina Garcia, 51 anos, que mora ao lado da casa de Rubem e Marlene. “Ele estava bem debilitado e saía pouco nos últimos tempos.”
Em uma cidade com uma população estimada em 132.144 pessoas, conforme dados do IBGE, a história de um desaparecimento se espalha rapidamente, tendo se tornado assunto em bate-papos, principalmente na rua em que viviam. “Ele me conhecia desde criança, nunca imaginávamos que uma coisa dessas poderia acontecer tão próximo de nós, sempre vimos na televisão, internet e jornais”, diz apreensiva a moradora Viviane Kolesny, 30 anos. E completa. “Eles eram muito pacatos, estavam sempre juntos, até quando a Marlene comprava produtos cosméticos com minha tia, dizia que tinha que voltar logo para casa e ficar com o Rubem”, concluiu.
A Polícia Civil do município segue investigando o caso e aguarda para esta semana resultados de perícias solicitadas logo após o desaparecimento. “Realizamos alguns pedidos à Justiça e estamos começando a receber os resultados, esperamos ter em breve algo mais concreto sobre o caso”, afirma o delegado responsável, Anderson Spier.
A Polícia não informou quais diligências foram solicitadas, depoimentos também estão sendo colhidos desde que o desaparecimento foi relatado, no dia 1º de março. “Já escutamos os familiares, inclusive a filha que fez a visita naquele domingo e o vizinho do lado, que também aparece nas imagens recebendo uma garrafa de bebida”, concluiu.