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Notícias | Região INVESTIGAÇÃO

Corpo carbonizado no porta-malas pode ser de hamburguense desaparecido

Morador da Boa Saúde saiu de casa dizendo que estava indo ajudar policiais e carro dele foi encontrado incendiado com cadáver em Lindolfo Collor

Por Silvio Milani
Publicado em: 21.03.2022 às 10:18

Só falta o laudo de DNA para confirmar a suspeita de que o corpo carbonizado no porta-malas é do dono do carro, mas o que está por trás da morte ainda é mistério. O morador de Novo Hamburgo Samuel Previdi, 32 anos, saiu de casa na madrugada do último dia 3 dizendo que estava indo ajudar policiais e, sete horas depois, o carro dele foi encontrado incendiado com um cadáver em Lindolfo Collor. Os ossos que sobraram foram recolhidos para identificação. Oficialmente, Samuel é considerado desaparecido.

O suposto auxílio e quem seriam os policiais são situações ainda desconhecidas da investigação. Conforme familiares, que têm medo de falar, ele já tinha sido usuário de droga e estaria passando informações sobre o tráfico a agentes. Por outro lado, é cogitado que ele possa ter inventado a ajuda. Passava por tratamento psiquiátrico e estava em período de depressão após perder emprego em fábrica de confecções de São Leopoldo. Suicídio, porém, é considerado improvável.

Isqueiro

“A gente não acredita que ele tenha tirado a própria vida, pois, apesar dos problemas que vinha enfrentando, era uma pessoa alegre, que tinha muitos amigos. Esperamos que a Polícia descubra tudo, pois queremos justiça, mas tememos nos envolver, pela nossa segurança”, relata um parente que mora longe. Um isqueiro encontrado no chão, do lado de fora do carro, indica que alguém ateou fogo no veículo com a vítima presa no porta-malas. “O Samuel não fumava e não tinha isqueiro”, acrescenta o familiar.

O dia do crime

Ao sair de casa, no bairro Boa Saúde, por volta das 4h30, Samuel relatou que iria ajudar policiais. E foi embora com o Palio branco.

Eram quase 10 horas quando a mãe fez ocorrência do desaparecimento na Central de Polícia de Novo Hamburgo.

Samuel Previdi
Samuel Previdi Foto: Reprodução
Às 11h30, a Brigada Militar foi avisada sobre um carro incendiado em área de mato na Estrada Picada das Mulas, Vila Três Passos, em Lindolfo Collor.

Os policiais avistaram, no porta-malas, fragmentos que pareciam ser de ossos humanos. E eram, conforme apontado por peritos.

Apesar da carbonização, os brigadianos conseguiram identificar a placa, que era do Palio ano 2001 de Samuel, já no sistema como desaparecido.

A mãe de Samuel foi chamada para coleta de material para DNA, cujo laudo não tem previsão de conclusão. Ainda em choque, ela prefere não falar.

Parentes acreditam em emboscada

De acordo com parentes, Samuel não tinha conhecidos em Lindolfo Collor ou qualquer motivo que o levasse para lá. “Para nós, ele caiu em uma cilada. Só pode ser. É tudo um mistério que a gente não faz ideia.” A Polícia tenta imagens de câmeras de segurança de possíveis trajetos do Palio naquela manhã. Segundo a delegada de Ivoti, Raquel Peixoto, que responde por Lindolfo Collor, o primeiro e crucial passo é confirmar a identificação da vítima. “Tudo indica que seja o desaparecido, mas somente a perícia poderá atestar.”

Para Raquel, o crime tem relação com o tráfico, mesmo que o hamburguense não estivesse envolvido. O celular de Samuel não responde. A suspeita é que tenha queimado junto no carro. Por mais improvável que possa parecer, não é descartada a possibilidade de ser o corpo de outra pessoa.

Era líder de torcida organizada

Samuel era conhecido como líder de uma torcida organizada do Grêmio em Novo Hamburgo. Em turma, com amigos e parentes, ia com frequência a jogos do clube. Era separado e não tinha filhos. “Difícil acreditar. Era um guri trabalhador, querido, que estava um pouco triste por causa da depressão, mas que ainda assim animava a todos. Estamos desesperados por notícias, à espera desse laudo”, comenta um familiar.

Nove dias depois, um caso muito parecido na região

Na tarde do último dia 12, outro Palio branco foi encontrado carbonizado com um cadáver transformado em ossos também entre rua de chão batido e área verde. Desta vez na Estrada do Pinheirinho, em Capela de Santana, próximo ao limite com São Sebastião do Caí e a cerca de 25 quilômetros de onde estava o Palio do hamburguense, nove dias antes.

Era sábado, por volta das 16 horas, quando o Corpo de Bombeiros Voluntários caiense foi chamado em razão de incêndio veicular. A equipe chegou e avistou restos mortais no banco traseiro. Devido à intensa queima, sequer era possível apontar o sexo da vítima. O carro não estava mais em chamas.

Pelos dados do Palio, a Polícia chegou à possível vítima. O dono, Avelino Assenheimer, 57, estava desaparecido. Tinha saído de casa, no bairro Vila São Martim, em São Sebastião do Caí, por volta das 15 horas, para buscar um filho. Segundo o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, que responde por Capela de Santana, falta o laudo de DNA para confirmar que se trata de Avelino. Sem revelar a linha de investigação, ele comenta que ela está avançada.

Ayrton e a colega Raquel admitem a intrigante semelhança entre os casos, mas afirmam que, até o momento, não há nada de concreto sobre eventual vinculação.

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