O vereador Alberi Dias (MDB), preso duas vezes e investigado pela Operação Caritas, retornará às sessões ordinárias da Câmara de Vereadores de Canela a partir da próxima segunda-feira (11). A informação foi confirmada por seu advogado de defesa, Ademir Campana. O parlamentar possuía um afastamento de 60 dias, determinado pelo juiz Vancarlo Anacleto. O prazo encerrou nesta segunda-feira (4).
Em relação ao seu retorno, o advogado afirma que, a única possibilidade do parlamentar não voltar para a Casa Legislativa, é se vier alguma ordem judicial. Com a chegada de Alberi na segunda-feira, Joãozinho Silveira (MDB) cede sua cadeira e volta a ser suplente.
Na sessão ordinária desta segunda-feira (4), o assunto principal da Câmara canelense foi a leitura e votação de aceitação de denúncia de falta de decoro contra Alberi Dias. O documento havia sido protocolado na última terça-feira (29).
A denúncia foi aceita por unanimidade, sendo dez votos favoráveis e nenhum contrário, após votação aberta. O presidente da Casa, Alfredo Schaffer, não vota conforme regimento, sendo necessário apenas em caso de empate. Com isso, foi autorizada a instalação do processo de ética.
Após a votação, houve a o sorteio dos vereadores que integram a comissão parlamentar processante, que analisará a conduta e proporá ou não sua cassação, dando direito à defesa. Os vereadores sorteados são: Roberto Grulke (MDB), como presidente; Merlin Jone Wulff (PDT), como relator; e Mário Augusto Weirich (MDB), como membro.
A partir de agora, a comissão tem 90 dias, a partir da notificação do acusado, para analisar a denúncia e após apresentação de um relatório no plenário. Em seguida, os vereadores deverão votar se aceitam ou não o documento. Para que haja a cassação de Alberi Dias, será necessário maioria absoluta na votação, com oito parlamentares concordando.
Para a vereadora Emília Guedes Fulcher (MDB), o processo a partir de agora deve ser aproveitado com uma visão geral sobre a situação do ex-presidente do Legislativo. "Acredito que esse momento não seja um espaço de cassação, e sim, um espaço para que o vereador nos esclareça tudo o que está acontecendo com ele. É um momento delicado, que se faz necessário e a comunidade espera por isso", comenta.
Para Roberto Grulke, que presidirá a comissão, o processo como um todo será novidade e confessou durante o final da sessão ordinária que não gostaria de ter sido sorteado. "Eu não queria ser sorteado. pra mim é novidade, nunca participei de algo assim. A única coisa que vou dizer é q seguirei a constituição, a lei orgânica, o regimento interno e tomar todo o cuidado necessário. Não somos nós que iremos julgar, vamos nos ater aos fatos", justifica o vereador.
Para o vereador da oposição, Jerônimo Terra Rolim (PDT), a aceitação da denúncia é iminente. Porém, lamenta a não realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). "Acredito que a melhor forma deveria ser pela CPI. Não é que sejamos contrários, mas é que para nós, a melhor forma de cassação deveria ser pela CPI, onde se apuraria os fatos dessas 40 pessoas envolvidas. Por ser uma denúncia de decoro, não se falará sobre crime no hospital, na administração pública, das prisões, nada mais", argumenta.