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Notícias | Região CRIME ORGANIZADO

Traficante coordena da cadeia venda de drogas em raves e tele-entrega no Vale do Sinos

Operações da Polícia prenderam comparsas do criminoso e desativaram depósitos do grupo em Novo Hamburgo e São Leopoldo

Por Silvio Milani
Publicado em: 12.04.2022 às 21:42

O criminoso de 31 anos conhecido como “GG”, que passou de pequeno traficante a chefe de quadrilha do Vale do Sinos ao investir em drogas sintéticas para festas raves e depois na tele-entrega, vem sofrendo duras investidas da Polícia Civil desde segunda-feira (11). Um casal preso com ele há menos de dois meses foi novamente capturado em Novo Hamburgo. Em São Leopoldo, os agentes chegaram a um depósito do bando, onde prenderam dois. A suspeita é que GG coordena as operações de sua cela no presídio.

Depósito em apartamento no bairro Vila Nova, em Novo Hamburgo, foi descoberto ontem
Depósito em apartamento no bairro Vila Nova, em Novo Hamburgo, foi descoberto ontem Foto: Polícia Civil
São duas frentes de investigação. Uma da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo e outra da 3º Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo. Em razão do sigilo do trabalho, cada órgão foi apurando situações sem o outro saber. Há nomes e fatos em comum que acabaram sendo descobertos, mas também suspeitos e crimes complementares. O nome do líder GG e comparsas presos não são informados por conta da Lei de Abuso de Autoridade.

A expansão

GG começou com modesta “biqueira” no bairro Campina, em São Leopoldo. Expandiu para droga sintética, especialmente ecstasy (bala), e se tornou um dos principais fornecedores para raves. Ampliou o portfólio para anfetaminas, LSD, Special K, cocaína e anfetaminas em geral, o que o fez tomar parte do mercado de Novo Hamburgo.

Com a pandemia, a tele-entrega foi outro investimento que aumentou ainda mais o poder no tráfico. Enquanto no Vale do Sinos e raves preparava, embalava e vendia a droga, se associou a traficantes de Gramado para vender no atacado. 

Líder estava por trás de perfis nas redes sociais

Após seis meses de investigação, a Draco descobriu que era GG o traficante por trás de redes sociais desenvolvidas para vender droga. O homem, que ostentava carros e dinheiro, coordenava a logística da quadrilha pelo Instagram, Facebook e WhatsApp. Na tarde de 16 de fevereiro, ele foi surpreendido em um Audi A3, no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, quando chegava a uma casa que servia como depósito. No porta-malas, foram encontradas mais de 120 porções de maconha conhecida como camarão (flor pura da planta), difícil de ser encontrada.

No depósito, com auxílio de cão farejador, os policiais prenderam um homem de 22 anos e a companheira de 33 com cocaína, maconha, ecstasy, LSD e Special K embalados para venda. Pouco antes, a Draco havia prendido um homem de 26 anos na Campina, em São Leopoldo, entregando variedade de entorpecentes em um posto de combustíveis. O material, transportado em um Logan, tinha saído do depósito de Canudos. 

“Ele coordena todo o esquema”, frisa delegado

GG já tinha antecedentes por roubo, receptação de veículo e porte ilegal de arma de fogo, além de tráfico. “Está recolhido ao presídio de Sapucaia do Sul, mas ele ainda coordena todo o esquema de tele-entrega de drogas e a manutenção dos estoques nos depósitos”, observa o delegado da Draco, Ayrton Martins Figueiredo Júnior. 

Casal preso de novo, agora no Vila Nova

O casal preso com GG em fevereiro foi autuado em flagrante novamente ontem, por volta das 11 horas, desta vez em apartamento na Rua Arlindo Pasqualini, bairro Vila Nova, na frente da Feevale. Segundo o delegado, seguia na missão de cuidar de depósito de drogas.

No imóvel, a Draco encontrou 3.478 comprimidos de ecstasy, 585 pontos de LSD, 148 comprimidos de Special K, 577 porções de cocaína, 125 frascos de loló e 17 de cetamin, além de 43 porções de maconha, entre elas a “camarão”. O homem usava uma moto para entrega no Vale do Sinos e Gramado.

No fim da tarde de segunda, outros dois membros da quadrilha foram presos em Novo Hamburgo. Um homem de 27 anos transportava ecstasy em um Fox na Rua Guari, no bairro Boa Saúde. Os agentes chegaram depois a um depósito na Rua Valparaíso, na Santo Afonso, onde apreenderam 1.340 comprimidos de ecstasy, um quilo de maconha fragmentado em 37 unidades, 241 porções de cocaína, 24 porções de haxixe, 24 frascos de essência, seis porções de MD, 231 pontos de LSD e medicamentos de uso controlado. 

Foragido e comparsa são surpreendidos em outro depósito

A 3ª DP de Novo Hamburgo, que já havia prendido membros do grupo em janeiro último e no ano passado, deu ontem outro baque na quadrilha de GG. Por volta das 7 horas, os agentes flagraram o foragido de iniciais DSN, de 20 anos, e um parceiro de 23, ambos com vários antecedentes graves, como homicídio, fazendo preparo de droga em uma casa na Rua Constantino Alves dos Santos, no bairro São Miguel, em São Leopoldo. Era outro depósito do bando.

“A dupla era responsável por embalar as drogas que chegavam, para posterior distribuição para as bocas de drogas em São Leopoldo e Novo Hamburgo”, declara o delegado da 3ª DP, Alexandre Quintão. O foragido foi contratado de “biqueira” da região Sul de Porto Alegre, pela experiência no ramo, para o grupo do Vale do Sinos.

Duas motos usadas pela quadrilha foram apreendidas
Duas motos usadas pela quadrilha foram apreendidas Foto: Polícia Civil
Na casa, segundo Quintão, foram apreendidos 26 pinos de cocaína cheios, três porções de cocaína, duas porções de maconha, mais de 1,5 mil pinos vazios, uma balança de precisão, três aparelhos de celulares, um caderno de anotações do tráfico e 100 reais em dinheiro. Também 17 munições calibre 7,65 e uma pistola Taurus calibre 7,65, além de duas motos usadas na tele-entrega: uma Honda CG 150 Fan e uma Honda CG 125 Titan Ks. 

Quadrilha alugou casa por 500 reais

A casa descoberta nesta terça (12) em São Leopoldo era alugada por 500 reais mensais. “O preparo da droga funcionava 24 horas ali, com revezamento de traficantes. É um imóvel simples de alvenaria, com dois quartos, banheiro e cozinha. Havia poucos móveis: uma cama e um roupeiro. De eletrodomésticos, apenas uma geladeira”, descreve o chefe de Investigação da 3ª DP, inspetor Ivan Carlos da Silva.

O dono, que o havia alugado há alguns meses para outros traficantes do grupo, afirmou não saber que o os inquilinos usavam o imóvel para o crime. “A gente desarticulou novamente parte da mão-de-obra com o desfalque de mais drogas apreendidas.”

 

 

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