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Uma festa cheia de amor à zona rural e o cultivo à tradição do campo. Assim começou o fim de semana em Novo Hamburgo durante a 18º Carreteada de Lomba Grande. O encontro, que reúne 300 carretas com integrantes de cidades da região e até mesmo com gente que veio de longe, como Gramado e Glorinha, segue até domingo (24).
"A gente se sente orgulhoso por organizar uma festa bonita dessas, poder envolver toda a comunidade, os moradores, os comerciantes, o pessoal que veio de várias cidades, aqui tem de tudo dentro da tradição da zona rural", se orgulha o presidente da Associação dos Carreteiros de Lomba Grande, José Décio Machado.
Na tarde de sábado, a comitiva seguiu da propriedade do Paulinho Koetz, na Rua Afonso Strack, até a Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. Foram 3 quilômetros de jornada que levou cerca de duas horas, na velocidade do passo do boi. À noite será a vez do baile com Os Quentucho.
E no domingo também tem programação. "Café da manhã com linguiça, cuca e rosca e meio-dia é hora do tradicional churrasco", comentou Décio. De tarde, sorteio de prêmios, entre eles uma junta de terneiros, uma terneira, um porco e uma ovelha. Daqueles eventos para quem ama o campo se sentir bem-vindo e já pensar na próxima edição.
Oito integrantes em duas carretas
Acompanhado da neta de 7 anos, genro, filho, três sobrinhos e de dois primos, o metalúrgico aposentado Saul Bazzoto, 57 anos, era um dos mais animados e mais participantes da carreteada. O morador da Lomba Grande é integrante do evento desde a primeira edição. “Isso aqui é cultivar a cultura do mais normal, mais simples, da zona rural. A gente se preparou uns 20 dias antes, cuidando da alimentação, da manutenção da carreta, o cuidado com os bois, a documentação. E a gente ama passear de carreta, todo findi saímos com os amigos pelas estradas do interior”, conta.
Ao som do berrante
José Eduardo Linck da Silva, de 9 anos, mostrou habilidade na convocação dos participantes para a saudação à tradição rural. O menino aprendeu por conta a tocar berrante, imitando o som no guidão de uma bicicleta. Depois ganhou um berrante de verdade do tio e dos primos. “Eu gosto muito. Aí quando ganhei fui pesquisar na Internet como tocar e aprendi. Às vezes os amigos me pedem para tocar”, conta o guri que participa da carreteada da Lomba Grande desde quando era um bebê no colo.
E quem não conhece o seu Léio?
Comerciante respeitado na Lomba Grande, Léio Urbano Moehckle, 85 anos, o Léio do supermercado, era um dos participantes mais velhos do evento e também mais animados. Em sua carreta, amigos tocavam gaita a tarde toda, numa preparação animada para a passeata pelo bairro. Na cabeça o seu chapéu, no peito o brasão da Associação dos Carreteiros da Lomba, e no coração seu Léio levava todo amor e trabalho com que se dedica ao bairro rural. “Eu gosto muito de ser daqui”, disse.
Deixa o celular de lado e vem aproveitar a festa
Gabriel Hasse, de 15 anos, é o orgulho do pai, o industriário Ildemar Hasse, 50. A família de Igrejinha se divertiu na carreteada, numa lição do verdadeiro significado de família e tradição rural. “Para mim isso aqui é felicidade e companheirismo. É melhor do que ficar só no celular. E a gurizada só quer sair, estou aqui com o pai, a gente tem que viver mais, e mais junto”, destacou Gabriel.
O sorriso de dona Vani diz tudo
Na carreta, a agricultora Vani Maria de Mello, 65, esperava o marido, o agricultor Luiz José de Mello, 63, ajeitar os últimos preparativos para a saída da comitiva. Com um sorriso largo, a moradora de São João do Deserto observava atenciosa todos ao redor e o carinho com que o esposo trata Campeão e Armado, os dois bois da carreta. “Não adianta vir com boi seco pra cá, né?”, questiona seu Luiz. Dona Vani é tímida, não quis entrevista, só disse que os dois filhos seguiam em outra carreta e que toda família ama o campo. E continuou a sorrir.
Rincão e Sertão preparados para a saída
Cangados para a ocasião especial, Rincão e Sertão eram os bois muito bem cuidados da família Haubert, da Lomba Grande. Na comitiva, o agricultor José Luiz Haubert, 60, o filho Diego Haubert, 22, a nora Taiele Domingues, 19, e a neta Gabriela Haubert, 2 anos. José Luiz se orgulha de poder ensinar a neta os valores da terra. “Aprendi com o pai e estamos seguindo nessa lida, ensinando aos mais novos a tradição”, se orgulha o vovô.
Corte e autoridades de Araricá
Vinte carretas seguiram de Araricá rumo ao evento de Lomba Grande neste sábado. Uniformizada, a comitiva teve apoio do poder público da cidade. “Viemos com nossas soberanas, nosso vice-prefeito, secretário de Saúde, secretário de Indústria e Comércio para prestigiar essa carretada porque Lomba Grande é importante para Araricá porque também estamos emanados nessa luta antiga, senão a tradição vai morrendo e não podemos deixar. Para nós é um privilégio estar aqui e nos unir. E em agosto temos a nossa festa e Lomba Grande sempre está presente em Araricá, então viemos com muito carinho e alegria prestigiar os nossos amigos e depois recebê-los em Araricá”, disse o prefeito Flávio Luiz Foss.
