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Na segunda-feira (25) pela manhã, o Hospital Bom Jesus, de Taquara, começou a receber os primeiros novos pacientes oncológicos do Vale do Sinos, levados por veículos da Prefeitura de Novo Hamburgo. No primeiro dia, foram 23 pacientes, sendo que 11 já estavam em atendimento no Hospital Regina.
Pacientes do SUS que estavam em tratamento contra o câncer em Novo Hamburgo agora têm de se deslocar até Taquara, no Vale do Paranhana, a 38 quilômetros. A mudança ocorreu em função do descredenciamento da oncologia do Hospital Regina junto ao Estado. A partir do dia 27 de maio, o município deixa de ser referência na especialidade e passa a enviar os pacientes para o Hospital Bom Jesus.
Até lá, cerca de 950 pacientes que eram atendidos em Novo Hamburgo serão transferidos para o Hospital Bom Jesus, de Taquara, para iniciar ou dar continuidade ao tratamento contra o câncer ou tumor. Além destes, virão outros 1 mil pacientes que estão em acompanhamento e precisam consultar a cada seis ou 12 meses.
Seis horas
A autônoma Layr Irma Klein, 57 anos, é uma das pacientes que se deslocaram ontem a Taquara com o transporte da Prefeitura de Novo Hamburgo. Em função de um câncer de pele, Layr já passou por duas cirurgias, em 2017 e 2019, mas as lesões voltaram.
"Eu poderia vir de carro, mas eu sou sozinha, aí se o doutor faz algum procedimento, fica ruim de voltar dirigindo. Foi bom o atendimento, nada a reclamar. Mas é um transtorno ter que ir até Taquara. Temos que lutar para voltar a oncologia em Novo Hamburgo", afirma.
Por volta das 6 horas, ela foi pega em casa pelo veículo da Prefeitura, que levou mais dois pacientes. O grupo chegou ao hospital logo após as 7 horas. Layr consultou por volta das 10 horas e, às 11 horas, o grupo retornou. Ao meio-dia, ela estava em casa. Ao todo, ela ficou fora de casa cerca de seis horas.
Custo extra
A doméstica Ana Maria Oliveira, de 47 anos, contratou um transporte particular para levar o pai, Pedro Simão Pereira, de 71 anos, para a primeira consulta. Pedro foi diagnosticado com câncer no estômago há dois meses e aguardava pelo tratamento. O trajeto de ida e volta custou 120 reais. Como trabalha das 7 às 17 horas, Ana Maria perdeu um turno de trabalho.
"Como era primeira consulta, achei melhor eu vir. Mas como eu trabalho, nas próximas, minha mãe que deve acompanhar."
Para os pacientes dos quatro municípios que tinham Novo Hamburgo como referência - Ivoti, Dois Irmãos, Estância Velha e Campo Bom -, a transição começou antes, ainda no fim de 2021. Com isso, o número de cidades que têm o Hospital Bom Jesus como referência para Oncologia chega a 13.
Uma moradora da Estância Velha que acompanhava o marido avalia que a qualidade do atendimento se manteve boa. O paciente faz quimioterapia e não pode dirigir após o procedimento. Com o tratamento em Novo Hamburgo, o trajeto até o hospital era de cerca de 15 minutos.
"O inconveniente é que pegou todo mundo de surpresa. A gente tem que acordar 5h30, porque não sabe se vai pegar trânsito. Acaba perdendo a manhã inteira de trabalho", diz a mulher, que prefere não ser identificada.
