Feliz terá parque holandês e a maior tirolesa urbana do mundo
Empreendimentos vão impulsionar o turismo na cidade, que pretende se tornar mais do que um ponto de parada para quem viaja à serra gaúcha
Conhecida pelo tradicional festival do chope, a cidade de Feliz, no Vale do Caí, contará com dois grandes empreendimentos para impulsionar ainda mais seu potencial turístico: o Zaandam Vrolijk e o Happy Valen.O primeiro, que já tem raízes em Nova Petrópolis e retrata a cultura e gastronomia da Holanda, terá investimento de R$ 45 milhões e deve ficar pronto em até cinco anos. Já o Happy Valen, consiste no turismo de aventura e vai contar com a maior tirolesa urbana do mundo.
Mas como uma cidade de aproximadamente 13 mil habitantes acabou entrando no radar de grandes investidores e deve virar um novo polo turístico? Para o prefeito Junior Freiberger a resposta é simples: "Basta vir ao município que se sabe a resposta".
"Feliz sempre teve no DNA a veia para o turismo, com suas belezas naturais, alegria do seu povo, cultura cervejeira e pontos turísticos. Temos nosso parque, e é difícil achar dentro da área urbana um parque com tamanha grandeza, preservando características naturais. Temos a ponte centenária. Esses empreendedores enxergaram estas qualidades somadas ao fato de estarmos no meio do caminho entre Gramado, Canela e o Vale dos Vinhedos. Quando tu selecionas um pacote pra Gramado, já vem sugestão para o Vale dos Vinhedos e passa por Feliz. Já havia um fluxo turístico, só que antes éramos cidade de parada e seremos mais do que isso."
O lançamento oficial dos projetos será na próxima segunda-feira (23), no Centro de Cultura de Feliz, a partir das 19h15, com a assinatura do protocolo de intenção dos dois novos empreendimentos.
Os empreendimentos
Zaandam Vrolijk será erguido em um terreno, cedido pela prefeitura, junto à RS-452, em direção a Caxias do Sul. O complexo faz parte da expansão da Cidade Zandam, que fica em Nova Petrópolis e é conhecida por retratar a Holanda.
O primeiro passo do 'complexo holandês' na cidade de Feliz será a fábrica Zaandam Blije Stadm. A obra deve começar ainda este ano e ela deve ficar pronta para operar em 2023. Ela será equipada apenas com equipamentos importados da Holanda e deve gerar, pelo menos, 50 postos de trabalho, o que pode evoluir para mais de 2 mil vagas na fase de entrega da cidade holandesa.
Segundo a gerente de Marketing do Zaandam, Jerusa Schroeder, as obras, a estrutura e todo maquinário da fábrica devem somar uma fatia de R$ 8 milhões dentro do investimento total estimado. A fábrica irá produzir cerca de 500 mil unidades do famoso biscoito holandês por dia, tornando-se referência nacional em stroopwafel.
Jerusa também falou sobre a escolha pela cidade. “A geografia de Feliz também é muito semelhante à da Holanda, inspirando os canais de águas, diques e toda recriação da Holanda no Brasil que construiremos no parque temático. E, ainda, sua localização é apropriada para a distribuição dos biscoitos para todo o Estado e seus moradores são altamente capacitados e motivados para colocar a cidade novamente no protagonismo turístico."
Já o Happy Valen terá como ponto de partida uma área localizada no Morro das Batatas e a chegada será no Parque Municipal, espaço concedido pela Administração Municipal. No Parque será construída a torre, em estilo enxaimel, e será uma espécie de hub de acesso para todas as atividades. Ela terá 25 metros de altura e quatro andares e será também o local da chegada da grande tirolesa que terá ao todo percurso de 2,5 km. O Happy Valen inclui ainda a tirolesa molhada, que passará sobre o lago do parque.Em relação à altura da tirolesa, ela passará boa parte do percurso com 80 metros, sobre as residências com 110 metros de altura e a 30 metros sobre a RS-452. A velocidade está estimada em 80 a 100 km/h. Isso no início, já que ela vai tendo frenagem para chegar ao parque com toda a segurança.
Henrique Rauber Petry é natural de Feliz e foi o idealizador do Happy Valen ao ver no visual da cidade, o potencial para a instalação da tirolesa, e no parque, o espaço para receber também outros atrativos, como arvorismo e rapel. "Identificamos a viabilidade técnica e começamos a desenvolver o projeto. A previsão é começar a obra em julho e inaugurar em dezembro." O nome do empreendimento de turismo de aventura é uma homenagem ao seu avô Valentim, um dos proprietários da área original do parque, e de seu filho, e também ao município.
Qualificar a mão de obra
Como novos serviços serão gerados, a mão de obra deverá ser qualificada. "Vamos intensificar ações de qualificação para todos os setores, assim como proporcionar ainda mais qualidade ao turista que vem à nossa cidade" diz a presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Feliz (Acisfe), Gabriela Feltes Seibert, que também ressalta a importância de um plano de turismo. "Estamos engajados, com a administração municipal e Sebrae, na construção do Plano Diretor do Turismo."
O prefeito Junior Freiberger dá mais detalhes sobre as iniciativas:
Quando as tratativas começaram?
Freiberger: Foram de forma paralela. O Cidade Zaandam a negociação começou há uns seis meses, de forma despretensiosa. Um amigo tem negócios em Nova Petrópolis e lançou o nome de Feliz, falando da questão geográfica e por ser cercado de montanhas, o que se assemelha ao que procuravam. O Happy Valen partiu de um felizense tendo como foco o turismo de aventura e vimos a viabilidade da execução do projeto.
Quais os investimentos municipais?
R: A área do Zaandam será doada pelo município. Demos o passo na desapropriação e esta área já estava no nosso radar de futuros investimentos. A área fica na saída da cidade, na rodovia, em direção à Caxias do Sul. Temos trecho de uns 2 km de área reta e neste perímetro temos uns 5,5 hectares, que já desapropriamos e o entorno é limpo. Ao todo uns 15 hectares sem habitações.
O Happy Valen vai usar também nosso parque, temos toda estrutura e eles vão melhorar. Acredito que vamos inaugurar a tirolesa com a chegada do nosso Papai Noel, no natal deste ano. Temos leque de incentivos para empresas e indústrias em geral, doação de áreas, pagamentos de aluguéis, isenção ou abatimento de alguns impostos. E também temos fundo municipal de desenvolvimento que trata de retornar percentual de imposto que a empresa gera para o município em até 75%.
Que impacto vai gerar na economia local e regional?
R: Não conseguimos mensurar ainda retorno da receita, mas será muito significativo. A economia de Feliz hoje é bem fracionada. Provém do setor primário, indústria e comércio e serviços. A partir disso, novos serviços serão gerados. Estamos abertos a investidores do setor hoteleiro e gastronômico. Será um efeito cascata e bastante positivo.