Dois Irmãos é segundo colocado no RS em ranking que mede ações sustentáveis

Dois Irmãos é a cidade da região que melhor atende os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). É isso que demonstra o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades Brasil (IDSC-BR), estudo elaborado pelo Instituto Cidades Sustentáveis – organização não-governamental com sede em São Paulo. 

O município do Vale do Sinos ficou na 88ª posição no Brasil e na segunda melhor colocação no Rio Grande do Sul, com nota 60,45, que corresponde a nível alto de desenvolvimento.

No País, o melhor desempenho ficou com São Caetano do Sul (SP), com 65,61 pontos. Todos os dez primeiros colocados em nível nacional são municípios paulistas.

No Estado, o líder do ranking é Cotiporã, que somou 60,61 pontos. Na região, Tupandi, Gramado e Linha Nova ainda ficaram entre os dez primeiros do RS. Entre as cidades maiores, com mais de 100 mil habitantes, destaca-se São Leopoldo, na 472ª posição nacional e 16ª no Estado.

Para o diretor-presidente do Instituto Cidades Sustentáveis, Jorge Abrahão, o Brasil entrou para a história como o primeiro país a reunir dados de todas as cidades quanto ao avanço em direção à Agenda 2030 da ONU. "Nós acreditamos que o IDSC será uma ferramenta fundamental para que os governos locais e a sociedade civil possam acompanhar os avanços das cidades onde vivem", avalia.

Desempenho

A pontuação média das 5.570 cidades brasileiras é 46,9. Santana do Araguaia, no Pará, obteve a menor pontuação: 30. Nenhuma cidade brasileira teve nível muito alto de desenvolvimento (80 pontos ou mais); 113 cidades (2%) atingiram o nível alto de desenvolvimento (60 a 79,99 pontos); 1.566 cidades (28%) o nível médio (50 a 59,99 pontos); 3.139 cidades (56%) ficaram com nível baixo (40 a 49,99 pontos); e 752 cidades (14%) com nível muito baixo (0 a 39,99 pontos).

A metodologia do IDSC-BR foi elaborada pela rede SDSN (UN Sustainable Development Solution Network), uma iniciativa da ONU para mobilizar conhecimentos técnicos e científicos da academia, da sociedade civil e do setor privado no apoio a soluções em escalas locais, nacionais e globais. Lançada em 2012, a SDSN já desenvolveu índices para diversos países e cidades do mundo.

Os indicadores contemplam áreas como saúde, educação, renda, moradia, assistência social, igualdade de cor e gênero, acesso à água e ao esgotamento sanitário, energia, segurança pública, emissões e diversas outras. Associados e agrupados por ODS, eles permitem que se obtenha pontuação específica por objetivo e pontuação geral para o conjunto de 17 compromissos estabelecidos pela ONU em 2015. (Veja abaixo quais são).

 

Gestão de resíduos

O ODS em que Dois Irmãos alcançou melhor nota foi o de Consumo e Produção Responsáveis, voltado ao uso e cuidado dos recursos naturais, com atenção para a gestão dos resíduos. "Dois Irmãos investe em um sistema de coleta seletiva e triagem de resíduos que tem sido referência no País", lembra o prefeito Jerri Meneghetti.

A coleta seletiva funciona desde 1994 na cidade, com 70% dos resíduos domiciliares recolhidos, segundo estimativa da Cooperativa dos Recicladores de Dois Irmãos. O serviço contempla 100% das famílias e faz com a prefeitura desenvolva ações de educação ambiental.

Do que chega até a usina de reciclagem, entre 23% e 25% é reciclado. O índice da cidade é muito mais alto se comparado ao nacional. Conforme dados do Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, apenas 2,1% de tudo que é coletado no País acaba sendo reciclado.

Meneghetti salienta que o município procura desenvolver ações que tenham o propósito de otimizar recursos ambientais, econômicos e humanos. "Além disso, a nossa comunidade tem como característica cultural o hábito de cuidar de suas residências e dos espaços públicos", observa.

Município sob impacto dos cuidados com o rio

Novo Hamburgo ficou na posição 1.172 no ranking nacional, com 52,22 pontos, desempenho considerado médio. No Estado, a cidade é a 116ª. Segundo a avaliação do índice, o ODS em que o Município menos pontuou foi o que trata da "vida na água", atingindo nota 2,581. Já o ODS de maior pontuação foi o que diz respeito a "tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos".

Na avaliação do titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam), Ráfaga Fontoura, o índice apresentou a realidade atual do Município. Em sua análise, a vida na água tem como referência o Rio dos Sinos, que é castigado pela falta de tratamento de esgoto doméstico. "Durante muitos anos, esse problema foi renegado, e o tratamento de esgoto ficou de lado."

Segundo Fontoura, a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Luiz Rau, com projeto para aumentar o tratamento de efluentes para 50%, vai melhorar as condições do rio. Neste momento, porém, as obras da ETE estão paralisadas por conta das chuvas e para que a Comusa Serviço de Água e Esgoto faça um ajuste no projeto.

Sobre as medidas para combater as mudanças climáticas e seus impactos, o secretário ressalta que a Semam tem fiscalização eficiente, e o Município, leis ambientais atualizadas, que acompanham a legislação nacional. Além disso, ele chama atenção para o volume de áreas arborizadas na cidade.

Como surgiram os ODSs?

Os ODSs foram elaborados como uma extensão dos Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) em 2000. Eram oito no total. Apesar de não alcançar todas as metas, a ONU percebeu que elencar objetivos funciona e, por isso, foi estipulada uma nova agenda de desenvolvimento sustentável para finalizar o trabalho iniciado em 2000.

A ideia central dos ODSs é absorver o que não foi cumprido pelos ODM, integrando temas como consumo sustentável, mudança climática, desigualdade econômica, inovação, diversidade, paz e justiça.