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Notícias | Região ELEIÇÕES 2022

Mulheres são maioria do eleitorado, mas têm menor representação nos partidos

Dados do TSE mostram que, mesmo com mais de 50% do eleitorado, participação feminina dentro das legendas contraria o perfil de votantes

Por Eduardo Amaral
Publicado em: 19.07.2022 às 19:02 Última atualização: 19.07.2022 às 20:33

Em todo País, as mulheres totalizam 81,96 milhões de eleitores, o que representa 52,39% dos votantes no Brasil. Entretanto, dentro dos partidos, se inverte a lógica das ruas e a participação feminina diminui para 45,31%. No Rio Grande do Sul o cenário se repete em percentuais parecidos. Já em Taquara e Novo Hamburgo, o número de filiadas em partidos políticos alcança o índice próximo ao nacional. Em todas as outras maiores cidades da região, a representação feminina nas legendas não alcança a casa dos 42%, mesmo que em todos os municípios as eleitoras representem mais de 52% do total.

Mulheres são maioria do eleitorado, mas têm menor representação nos partidos
Mulheres são maioria do eleitorado, mas têm menor representação nos partidos Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE

A participação feminina nos partidos abaixo da representação é considerada um problema de difícil resolução e está diretamente ligada a uma questão histórica do Brasil, de acordo com o professor de Ciência Política Everton Rodrigo Santos, que também leciona no PPG de Diversidade e Inclusão Social da Feevale. “Isso tem raiz na formação política do País, muito baseada no patriarcado. Já que para as mulheres, ainda no Brasil Colônia, cabia o papel do cuidado da casa, enquanto a política sempre foi coisa de homem”, analisa.

Santos considera essa participação política abaixo da presença social um sério problema para a democracia. “Acaba acontecendo uma oligarquização da política, com o poder ficando sempre na mão dos mesmos. Nós homens também ganhamos com a maior participação de mulheres na política”, afirma o professor. Segundo ele, a evolução da participação das mulheres na política é pequena nas últimas décadas, o que ainda passou por um retrocesso com a chegada de Jair Bolsonaro (PL) ao poder. Na avaliação do especialista, o presidente fortalece uma ideologia e comportamentos reacionários dentro dos partidos.

Melhores índices da região

Nos maiores municípios da região, Taquara e Novo Hamburgo destoam quando o quesito é a participação de mulheres em partidos. Os dois municípios mantém a média nacional e estadual de eleitoras, ambas na casa de 52%. Porém, são as únicas a romper a casa de 42% de mulheres do total filiadas a partidos políticos até 2020, dado mais atualizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em Novo Hamburgo, onde há 95,9 mil eleitoras, são 10,3 mil filiadas nas diferentes legendas da cidade. O número representa mais de 47% do total de integrantes de partidos políticos do Município. Taquara, que tem no total 22,1 mil eleitoras e 5,95 mil filiados em partidos políticos, também consegue um destaque na representatividade feminina, com 2,74 mil mulheres integrando as legendas, o que representa 45,47% do total de filiados.

O professor Santos destaca a necessidade de cotas como forma de ampliar a participação de mulheres e outros grupos sub representados dentro da política brasileira, mas ressalta a importância de que essa participação seja efetiva e os partidos permitam que as mesmas ocupem os espaços de forma efetiva. “Quem pode melhor falar de mulher é a mulher”, destaca.

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