Publicidade
Notícias | Região CRIME ORGANIZADO

Motorista preso em Novo Hamburgo com R$ 700 mil alega que não sabe da origem do dinheiro

Denarc apurou que quantia transportada em Palio de "laranja" seria usada por facção para compra de cocaína

Por Silvio Milani
Publicado em: 21.09.2022 às 21:44 Última atualização: 21.09.2022 às 22:00

Preso em Novo Hamburgo com mais de R$ 700 mil no carro na noite de terça-feira (20), um morador de Tramandaí de 33 anos alegou que não sabia da origem do dinheiro nem de quanto transportava. “Ele nos disse que só ia entregar em um local”, conta o delegado Guilherme Dill, do Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc). O homem não tinha antecedentes criminais. “As facções têm a estratégia de empregar pessoas sem histórico para não despertar a atenção da Polícia.”

Motorista preso em Novo Hamburgo com R$ 700 mil alega que não sabe da origem do dinheiro
Motorista preso em Novo Hamburgo com R$ 700 mil alega que não sabe da origem do dinheiro Foto: Polícia Civil
Segundo o delegado, o suspeito vinha sendo monitorado por transportar dinheiro da facção que manda no tráfico no Vale do Sinos e em boa parte do Estado. O flagrante aconteceu por volta das 19 horas no bairro Santo Afonso. “Ele vinha sendo acompanhado por um trecho até o momento e o local mais adequado para a abordagem.”

Revenda

No banco dianteiro do caroneiro, os agentes visualizaram uma mochila. Estava pesada. Cheia de maços de dinheiro, com notas de 10, 20, 50, 100 e 200 reais. “A dinâmica nos mostra que recém tinha pego o material para dar o destino. Temos a informação que o montante seria usado na compra de expressiva quantidade de cocaína para revenda”, expõe Dill.

Os pontos que unem o trajeto do motorista estão sendo levantados. O celular dele, apreendido, deve trazer informações cruciais à investigação. “Foi autuado em flagrante por associação ao tráfico de drogas. Não sabemos há quanto tempo trabalha para a facção, mas imaginamos que vinha fazendo serviços, quando solicitado, e recebia por isso.”

Contagem das cédulas levou mais de oito horas

A contagem do dinheiro, feita em uma máquina de propriedade do Denarc, demorou mais de oito horas. O total, segundo o delegado, ficou em R$ 700.554,00. “O expressivo valor encontrado em espécie demonstra o poderio que as facções criminosas podem atingir”, observa. O dinheiro será depositado em conta bancária para ficar à disposição da Justiça durante a ação penal.

Dono do carro será intimado pelo Denarc

O delegado revela que o Palio está em nome de outro homem, possivelmente um “laranja”. “Ele será intimado para depoimento. A gente ainda não tem conhecimento do grau de participação dele na facção.” O carro também foi apreendido e será periciado. O uso de veículos em situação legal é outro meio da facção para deixar o transporte discreto. É onde entram os laranjas, que dão o nome para o registro de posse do automóvel.

Abordagem foi perto de bar da execução de adolescentes

A rua da abordagem não foi informada, mas fica perto do bar da Rua Costa Rica onde dois adolescentes foram executados e um ficou ferido a tiros, na noite de domingo (18), em novo conflito do tráfico. Uma dupla abriu fogo contra grupo de jovens que estava ao redor de uma mesa de sinuca. O alvo seria um de 15 anos, que morreu na hora. Um de 16 morreu no Hospital Municipal e um de 13 segue internado. A perícia contabilizou 28 tiros de pistola calibre 9 milímetros.

O pai do “alvo”, um pedreiro de 47 anos respeitado no trabalho, está desaparecido há 20 meses. Era testemunha do assassinato de uma vizinha de 38 anos, que recentemente havia perdido o filho de 22 e a nora de 25 anos em meio a uma guerra do tráfico, conforme revelado pelo Jornal NH. 

A Polícia apura se a execução dos adolescentes tem relação com o conflito de facções responsável por onda de violência no mês passado no bairro Canudos, onde seis foram mortos e oito baleados entre os dias 6 e 10.

Recorde foi R$ 1,4 milhão há mais de dois anos

O maior desfalque em dinheiro da facção em Novo Hamburgo ocorreu na tarde de 11 de novembro de 2019. É quando a Brigada Militar apreendeu R$ 1,4 milhão em sacolas cheias de cédulas em uma casa na Rua Bananal, no bairro Canudos. O imóvel era ocupado pela família do então tesoureiro da facção criminosa.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas
Botão de Assistente virtual