Motorista de aplicativo foi assassinado em Igrejinha a mando de facção, suspeita a Polícia

A morte brutal de um motorista de aplicativo, com sequestro e mais de dez tiros no rosto, é encarada pela Polícia como crime encomendado por facção. Morador de Gramado, Kelvin de Paula, 20 anos, foi arrancado do carro em Três Coroas e levado ao interior de Igrejinha, onde quatro homens o executaram, na noite de terça-feira (27).

Não havia investigação contra o motorista por tráfico de drogas ou outro crime grave. Mas já tinha sido detido como usuário. A última vez no mês passado, em Gramado, com buchas de cocaína. “A forma como foi executado é típica ação de facção. Pode ter sido por dívida ou mesmo envolvimento”, declara o delegado de Igrejinha, Ivanir Caliari.

Namorada escapou

Kelvin descia a RS-115 com a namorada de 15 anos no Classic alugado para corridas, por volta das 21h30, quando foi interceptado por quatro encapuzados em um carro preto, que seria um Logan, no desvio do pedágio. Com armas longas, os criminosos pegaram o motorista, o colocaram no carro deles e fugiram.
A adolescente ficou no Classic. Ela pegou a chave, que os criminosos deixaram no para-brisa depois de tirar da ignição, e conseguiu dirigir até Gramado, onde avisou a Brigada Militar. “Ela recebeu a informação de que um homem havia sido baleado, com as características do Kelvin, e constatou que era ele”, acrescenta o delegado.

“Acabaram de matar um cara aqui na Saibreira 2”

Os tiros assustaram moradores do bairro Saibreira 2, em Igrejinha. O corpo de Kelvin ficou na lateral da Rua Irena Vilma Breyer, perto da RS-115. Uma testemunha fez relato assustado pelo WhatsApp. “Acabaram de matar um cara aqui na Saibreira 2. Tá aqui no chão. Eu tava passando. Um carro preto passou voando para os lados de Taquara. Chamei a Brigada pra vir aqui.” E detalhou o cenário de violência: “Parei a moto e vi a cabeça do cara furada de bala. O pessoal escutou um monte de tiro”.
De acordo com o delegado, os executores usaram pelo menos duas armas, que seriam uma espingarda e uma pistola, de calibres 12 e 40.

Vítima estaria sendo monitorada para emboscada

A suspeita é que os matadores tenham monitorado o jovem para planejar emboscada. No dia do crime e no anterior, ele publicou no Facebook que estava em um posto de combustíveis no bairro Planalto, em Gramado. A Polícia apura para onde iria com a namorada ao ser interceptado no caminho.

Antes de trabalhar como motorista, Kelvin era garçom em restaurante tradicional de Gramado. Pelas redes sociais, familiares de Caxias do Sul, onde nasceu, e amigos de Gramado postaram a perplexidade com a violência e a perda. “Acordar com a notícia que você se foi, acabou comigo. Talvez um dia venho a entender a sua partida, mas por agora só resta a dor, a tristeza e a saudade dos momentos compartilhados. Te amo e jamais será esquecido”, publicou uma prima.