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Notícias | Região INVESTIGAÇÃO

Postos de combustíveis eram usados por integrantes de facção para lavagem de dinheiro

Operação contra célula do grupo criminoso que agia em Porto Alegre foi alvo de operação na manhã desta terça-feira

Por Redação
Publicado em: 11.10.2022 às 08:03 Última atualização: 11.10.2022 às 08:05

Uma célula de facção com base no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, usava postos de combustível para lavar o dinheiro de crimes como extorsão, compra e venda de armas e tráfico de drogas. O grupo criminoso é alvo da Operação Benzina na manhã desta terça-feira (11). Até as 7 horas, seis pessoas tinham sido presas.

A quadrilha dos investigados está ligada à facção com berço no Vale do Sinos que está em guerra com uma terceira organização criminosa, explica o responsável pela operação, o delegado Marcus Viafore.


Durante a apuração, foram cumpridas 475 ordens judiciais, nove delas de prisão temporária e 86 de busca e apreensão. Os mandados foram cumpridos em 13 cidades do Estado: Porto Alegre, Eldorado do Sul, Viamão, Alvorada, Frederico Westphalen, Venâncio Aires, Campo Bom, Sapucaia do Sul, Gravataí, Novo Hamburgo, Xangri-lá, Tramandaí e Canoas. 

A ação também fez o sequestro e indisponibilidade de bens móveis e imóveis, com o valor acima de R$ 18 milhões, bloqueio de contas de 41 pessoas físicas e jurídicas, bem como afastamentos de sigilos fiscais e bancários de empresas e suspeitos envolvidos.

O delegado explica que a investigação durou dois anos. Segundo ele, durante este período, foram identificados os integrantes da organização criminosa, desde de o início da reciclagem do dinheiro – com depósitos de valores suspeitos em contas de postos de gasolina, lojas de conveniência e lojas que vendem telefone celular –, com a posterior mescla desses valores com dinheiro lícito, passando pelas transferências de grandes quantias a pessoas jurídicas vinculadas à facção. 

Viafore destaca que, em um dos postos vinculados à facção, localizado em Porto Alegre, mais de 50% do faturamento de três meses foi em dinheiro em espécie, o que não ocorre na atividade normal do mercado para esse ramo. "Também atípicas são transferências de um desses postos de combustíveis para presos e familiares desses, como em um caso de um detento condenado por roubos a agências bancárias e lotéricas."

A operação da Polícia Civil é realizada pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DRLD), da Divisão Estadual de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCCOR), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

R$ 18 milhões

Em dois anos, a quadrilha movimentou R$ 18 milhões por meio de três dos postos de combustíveis e uma loja de celulares.  De acordo com o delegado, a administração dos negócios era feita ou por gerentes da facção que estivessem em liberdade, ou pelos familiares e laranjas, principalmente no caso daqueles que estivessem presos.

Também verificou-se que um dos gerentes do esquema tinha negócios com um suposto empresário, também suspeito de lavagem de dinheiro e já indiciado por crime de homicídio, que atua em diversos ramos, entre eles, venda de aparelhos eletrônicos e administração de imóveis para terceiros, sendo possuidor de um milionário patrimônio como barco, carros importados e imóveis de luxo em nome de interpostas pessoas.

Durante as investigações, um dos gerentes da facção foi assassinado, crime esse que está sendo apurado pelo Departamento de Polícia de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Após sua morte, um de seus postos de gasolina foi transferido a outra pessoa, vinculada à facção, a fim de não interromper a estrutura empresarial de lavagem de dinheiro.

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