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Notícias | Região COVARDIA DO CRIME

Quadrilha paulista ataca idosos no Vale do Sinos e dois golpistas são presos

Uma das vítimas, de 79 anos, foi agredida em casa, em Estância Velha, e feita refém até Novo Hamburgo na manhã desta sexta-feira

Por Silvio Milani
Publicado em: 14.10.2022 às 21:54 Última atualização: 15.10.2022 às 08:52

Dois membros de uma quadrilha de São Paulo se hospedaram em hotel no Centro de Campo Bom para aplicar golpes e sequestrar idosos no Vale do Sinos. Duas mulheres de 79 anos sofreram ataques na manhã desta sexta-feira (14), nos bairros Bela Vista e Lyra, em Estância Velha. Uma delas foi agredida, assaltada em casa e levada a Novo Hamburgo para saques bancários. Dois suspeitos, de 24 e 31 anos, foram presos. Nos celulares deles, há contatos com dezenas de vítimas, também homens de idade avançada, a maioria da região.

Máquinas registradoras, cartões e celulares apreendidos
Máquinas registradoras, cartões e celulares apreendidos Foto: Polícia Civil
Por volta das 7h30, uma moradora da Rua Parque recebeu telefonema sobre o sequestro de uma filha que mora em Osório. Uma voz feminina, do outro lado da linha, pedia socorro. Assustada, a idosa informou o endereço para negociar o resgate. Pouco depois chegou um encapuzado, de carro, na frente da casa. Com dificuldade para caminhar, a uma semana do aniversário de 80 anos, a moradora foi rendida no portão com uma "gravata" e empurrada para a residência.

Sob ameaça de que a filha estava amarrada em um carro para ser morta, a idosa entregou R$ 3 mil em dinheiro e todas as joias ao criminoso. Mas ele queria mais. Do telefone de um comparsa, possivelmente no hotel, se repetiam pedidos de "socorro, mãe". Desesperada, a idosa pediu R$ 1 mil emprestado a uma vizinha e deu ao encapuzado. Ainda não era o bastante.

Falso cativeiro

A estanciense foi colocada no carro e levada a Novo Hamburgo, em área que não soube identificar. O bandido disse que estava na frente do cativeiro da filha e exigiu mais dinheiro para libertar as duas. Foi com a idosa a um banco. Também pediu pix, sempre com o comparsa aterrorizando pelo telefone. Quando viu que não tinha mais de onde tirar, retornou a Estância e deixou a vítima perto de casa. Segundo ela, estava armado de revólver e faca. A mulher não sabe precisar o modelo do carro. Ainda pela manhã, falou com a filha, que disse estar bem em Osório. A idosa ficou com lesões no pescoço.

Segundo caso levou policiais a hotel em Campo Bom

Perto do meio-dia, foi a vez de uma moradora da Rua Felipe dos Santos receber contato da quadrilha. Um homem dizia ser do banco e informava que o cartão dela havia sido clonado para compras em lojas. Falou que um funcionário da agência tinha que pegar o cartão para fundamentar provas contra os vigaristas. Também a poucos dias de completar 80 anos, a mulher passou o endereço.

A moradora foi ao portão conversar com o falso bancário, que a convenceu a escrever uma carta para desbloquear valores. Um vizinho suspeitou da movimentação e chamou a Brigada Militar. O homem foi abordado e informou o hotel onde estava hospedado em Campo Bom. No quarto, os policiais encontraram o comparsa e constataram que os dois são da capital paulista, com antecedentes por estelionato. Seis máquinas registradoras, vários cartões e celulares foram apreendidos. A caminho da delegacia, a dupla teria oferecido dinheiro aos brigadianos para não ser presa.

Alvo são pessoas debilitadas

O delegado de Estância Velha, Rafael Sauthier, autuou a dupla em flagrante por estelionato tentado com o agravante de ser contra idoso e corrupção ativa, pela oferta de suborno aos brigadianos. "A pena para cada um pode chegar a 40 anos", observa Sauthier.

Ele revela que vai ser investigado o esquema por trás dos presos. "Nos celulares dos dois, há várias conversas com outros comparsas, que passam endereços e fazem fotos dos cartões que pegaram dos saques, entre outras práticas criminosas."

Sauthier observa que a equipe está fazendo levantamento das vítimas. "Há muitas, de várias cidades. Aplicam golpe do falso sequestro, do cartão clonado, fazem pix, empréstimos e todo tipo de estelionato. O perfil das vítimas é de idosos. Vão atrás de pessoas debilitadas, como essa primeira da manhã, que tinha dificuldade para andar."

“Desligue o telefone e chame a Polícia”, orienta delegado

O delegado orienta a desconfiar de ligações de estranhos sobre sequestros e fraudes bancárias. "Aconselho as pessoas a não entregar documentos ou cartões em hipótese alguma. Os bancos não têm o procedimento de buscar cartões nas casas dos clientes. Se a pessoa se sente pressionada, desligue o telefone e chame a polícia imediatamente."

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