Pães e confeitos com cheiro de novas oportunidades na Pecan em Canoas
Apenados estão ensinando quilombolas e venezuelanos a fazer pães
Ter uma nova oportunidade é importante. Poder dividir o conhecimento também. Da necessidade de quilombolas e venezuelanos de aprenderem a arte da panificação e do conhecimento em padaria de apenados do Complexo Penitenciário de Canoas (Pecan), surgiu o projeto "Ferramentas de Inclusão aos Imigrantes e Quilombolas".
Pela primeira vez no Estado, um presídio é aberto para ensinar pessoas da sociedade civil. No total, 15 quilombolas da Chácara das Rosas e imigrantes venezuelanos estão participando do curso, que terá um mês de duração, numa parceria entre a Susepe e a Secretaria Adjunta da Igualdade Racial e Imigrantes.
Os dois apenados, e agora professores, estão pura alegria em poder compartilhar o ofício de padeiro aprendido na casa prisional. Um deles já possuía a prática, mas não tinha a capacitação. "Para nós é uma satisfação, um prazer passar adiante o que aprendemos", declaram. Eles estão quase no fim do cumprimento da pena na Pecan e cheios de expectativas de um novo começo, agora com a profissão.
Próximos aos doces e salgados que produziram para a aula inaugural da turma de aprendizes, falaram da importância de colocar boas energias nos alimentos confeccionados. Eles ensinarão a confecção de pães caseiros, massinha, pão de hambúrguer, salgadinhos e doces, como panelinhas de limão e de chocolate e tortas de morango, chocolate e nata. Todos saborosíssimos.
Banco de alimentos
O Banco de Alimentos, representado por Henrique Ferrite na aula inaugural, está doando grande parte dos materiais utilizados no curso, ministrado na cozinha da Pecan.
Conforme a secretária da Igualdade, Ednea Paim, a ideia do curso surgiu justamente porque o quilombo recebeu doação de uma cozinha e não tinha a experiência para mexer no maquinário e produzir.
A assistente social da Susepe, Adalzisa Patrício, elaborou o projeto de capacitação para a inserção no mercado de trabalho e vida social, por meio do aprimoramento de conhecimentos da Língua Portuguesa e qualificação técnica em Panificação. "Os indivíduos presos e já capacitados pelo Procap, ministram o curso em módulos práticos e didáticos para que sejam agentes multiplicadores de conhecimentos, funcionando como ferramenta de empoderamento e inclusão econômica e social para todos", considera.