Após dez anos de espera, Trensurb afirma que obra do Complexo Intermodal vai andar
Empresa de transporte público rescindiu contrato com consórcio Verdi-Cádiz; edital de Manifestação de Interesse deverá ser lançando ainda este ano
No coração de Novo Hamburgo, ao lado do Bourbon Shopping, um terreno gigante de 14,4 mil metros quadrados chama a atenção de visitantes e gera perguntas de moradores. A área contrasta com os prédios históricos e as modernas construções do centro da cidade. Projetado em 2012 pela Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb) e pelo consórcio Verdi-Cádiz, o Complexo de Integração Intermodal está próximo de ter sua obra finalmente iniciada após uma década de espera. Quem afirma é o diretor-presidente da Trensurb, Pedro Bisch Neto.Na época, a estimativa era construir no local um centro comercial com 5,7 mil metros quadrados e área de integração de 13,1 mil metros quadrados, com investimento estimado de R$ 12 milhões por parte do consórcio Verdi-Cádiz. Por divergências contratuais, a empresa não conseguiu cumprir o projeto e cobrava da estatal um conjunto de custos de investimentos feitos ao longo dos últimos anos com projetos, estudos, planejamento econômico e comercial no montante de R$ 2.112.159,57.
O valor é questionado pela Superintendência Comercial da empresa pública. “Conforme os demonstrativos apresentados pela concessionária analisados, a maior parte não era cabível, pois o que eles estavam nos cobrando estava previsto no contrato como demandas encarregadas a eles então não cabia ressarcimento”, explica o superintendente de Desenvolvimento Comercial da Trensurb, Diego Tarta. No total, conforme Tarta, cabia à Verdi-Cádiz o reembolso de R$ 916.357,52.
Casal encontrado morto em Parobé é identificado
Confira as rodovias que seguem bloqueadas por manifestantes no RS
Nível do Arroio Rolantinho sobe e bombeiros pedem atenção aos motoristas que trafegarem pela região
Com a decisão, o imbróglio chegou ao fim. “Conseguimos desatar esse nó que travava o andamento do projeto. Com o acordo, zeramos as contas de forma amigável e eles abriram mão das multas”, explica Neto, adiantando que assinatura do termo de rescisão, aprovado pela Diretoria e pelo Conselho de Administração da Trensurb deve ocorrer ainda essa semana e a posse do terreno retorna à empresa pública.
“A resolução deste conflito é vantajosa para ambas as partes, não só por não haver ônus, mas também pela retomada da área parada há sete anos sem judicialização, e pela possibilidade de buscar uma nova modelagem de negócio segura e efetiva”, argumenta Pedro Bisch Neto.
Procurado, o consórcio Verdi-Cádiz ainda não havia se posicionado até a publicação da reportagem.
‘Maior centro de integração da região’
Projetado para ser o maior centro de integração da região, interligando um terminal de ônibus, a Estação Novo Hamburgo da Trensurb e a implantação de um centro comercial, no bairro Rio Branco, o complexo contaria com espaço para 20 ônibus, bicicletário com 32 vagas, 4 vagas para táxi, 7 vagas para moto-táxi, estacionamento para automóveis particulares com cerca de 260 vagas e aproximadamente 230 espaços comerciais.
Essa estrutura servirá de parâmetro para o edital de Manifestação de Interesse, que deverá ser lançando ainda este ano. “Com o lançamento do edital vamos comunicar o mercado e aguardar as propostas de empreendedores, empresas e investidores que estejam interessados”, adianta Neto.
Antes disso, o diretor-presidente da Trensurb pretende se reunião com representantes da Prefeitura de Novo Hamburgo para “estruturar o projeto a quatro mãos”. “Cometeram um erro estratégico anteriormente, não ouvindo a Prefeitura para saber das necessidades da região e as exigências que um empreendimento deste porte requereria. Não quero cometer os mesmos erros do passado, por isso estamos abertos para propostas”, finaliza.
Enquanto isso, a área atrai usuários de droga e descarte irregular de lixo. A comunidade também presencia furtos nas imediações, o que gera insegurança na vizinhança e nos usuários do trem.
“É perigoso, principalmente à noite. Pra passar aqui eu aperto o passo”, afirma a recepcionista Gabriela Rocha, 27. Já a aposentada Maria Alice da Conceição, 66, encontrou uma alternativa para desviar do local. “Evito passar por aqui, ainda mais em horários de pouco movimento. Só venho em último caso ou uso as ruas transversais”, comenta.