Conheça a vida e a carreira do artista gaúcho Bebeto Alves, que morreu aos 68 anos

NU. Esse é o nome da última poética visual criada pelo cantor, compositor, fotógrafo e artista visual Bebeto Alves. Ele, que já havia recebido um transplante de fígado em 2013, estava enfrentando um câncer. O artista estava internado no hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre e morreu no início da madrugada desta segunda-feira (7) aos 68 anos de idade.

A exposição fotográfica NU integra a programação 15ª edição do Aldeia Sesc Capilé. Evento que terminou no último domingo (6). Mas como a exposição é uma ação paralela e descentralizada, a mostra segue até o dia 15 de novembro e instalada na Galeria Liana Brandão, no Centro Cultural José Pedro Boéssio.

Natural de Uruguaiana e morando em São Leopoldo, Bebeto queria muito participar do Aldeia. Queria muito cantar no espaço festa no Museu do Trem. Mas garantiu seu olhar com NU. Entre a rotina de hospital e seus projetos pulsantes, ele selecionou 20 obras que resultam de um amplo conjunto de novas preocupações conceituais e investigações colocando em foco o corpo. Na verdade, a sua ausência, uma espécie de nudez às avessas, na avaliação do artista e seus retratos.

Os resquícios, do que uma vez foi um corpo e suas formas, os seus conteúdos, seus apagamentos. Vestígios do corpo nu. Os traços desmanchados. O que restou de seus invólucros culturais internos e externo. Esses conceitos movem a mostra NU em seus volumes vazios. “A escolha de mostrar a nudez pelo viés da ausência pareceu razoável para esses tempos que estamos vivendo e vivenciando, essas dores, despedidas e vazio, além de toda violência que separa uma coisa da outra, seja pelo corte mais radical, o da morte, seja pela sua superficialidade, o desejo humano”, escreveu Bebeto sobre a mostra.

Paralelo 30

Com mais de 30 discos lançados, sendo o mais recente o álbum Contraluz. Disco que levou novamente Bebeto ao palcos em julho deste ano após o período mais intensado da pandemia. O artista conta com muitas músicas gravadas por outros artistas Ana Carolina, Belchior, Ednardo, Kleiton e Kledir e Tânia Alves. Artista de múltiplas sonoridades, transitando do pampa ao rock, Bebeto também integrou um marco histórico da música sulista o álbum Paralelo 30, lançando em 1978, a partir de um projeto de Juarez Fonseca.

Foi o primeiro disco considerado como Música Popular Gaúcha (MPG) e que impulsionou a carreira de vários artistas. O trabalho foi revisitado em um projeto da Unisinos, que resultou no álbum duplo Paralelo 30 - ontem e hoje, lançado em 2001. Um dos discos conta com a regravações do vinil de 1978 e o outro com obras inéditas. Bebeto integra a obra com as canções Milonga de Paus e Que Se Pasa.

Comoção

Bebeto deixa a esposa, Simone Schlindwein, as filhas, Kim Bins, Luna Lisboa Alves e Mel Lisboa, e quatro netos. Um dos principais nomes da música gaúcha, Bebeto Alves teve 30 discos lançados. Nas redes sociais, artistas autoridades e fãs prestaram homenagens ao músico. Ainda não há informações sobre local e horário de velório e sepultamento.

O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, se manifestou em um post no Twitter. "Profundo sentimento pela partida do Bebeto Alves. Morador de São Leopoldo, contribuiu com nosso governo na Secretaria de Cultura. Perdemos um músico querido, respeitado e admirado. Meus pêsames aos familiares, amigos e fãs", escreveu Vanazzi. 

O músico Duca Leindecker também prestou homenagens a Bebeto. "Saibas que não vais morrer na palavra fim, escrita em algum lugar. Estarás nas rodas de violão por aí a fora", escreveu Duca na legenda de uma foto em que aparece ao lado de Bebeto e de Humberto Gessinger.