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Notícias | Região TRADIÇÃO E CULTURA

Presidente Lucena se curva ao doce da schmier e conta sua história em festa

Evento gratuito, com diversas atrações, ocorre durante todo este final de semana no Parque Municipal Egon Gewehr

Por João Ávila / Jornal NH
Publicado em: 12.11.2022 às 13:02 Última atualização: 12.11.2022 às 13:05

No período colonial, nada se perdia, tudo de aproveitava. Das frutas - desde a polpa até a casca - surgiu um produto que, misturado ao açúcar, ganhou o nome de schmier. Pastoso, era usado para passar em pães, cucas e biscoitos. Pois a tecnologia chegou, novos métodos de produção foram incorporados, mas a tradição se mantém viva até hoje, especialmente nas regiões onde a cultura germânica é bastante forte. Em Presidente Lucena, considerada a Terra da Schimier, ocorre neste fim de semana a 15ª edição da SchmierFest. Oportunidade de degustar o produto feito de forma artesanal, além de aproveitar uma série de outras atrações no Parque Municipal Egon Gewehr.

Vitorino Petry produz schmier comum e melado
Vitorino Petry produz schmier comum e melado Foto: João Ávila/GES-Especial

Tem música, parque de diversões, cerveja artesanal, serviços de saúde e muita opção gastronômica. Mas nada se compara ao espaço ocupado pelo casal Vitorino e Marna Liane Petry. Num tacho aquecido à lenha, o técnico contábil produz a schmier comum (colonial). Leva caldo de cana já em forma de melado e uma massa composta por batata doce, abóbora e aipim. A partir dali, mexe sem parar, até ficar no ponto. O segredo para produzir uma boa schmier, segundo ele, é ter produtos de qualidade. "A matéria prima tem que ser boa", diz ele, que se criou neste meio. Depois deixou a cidade para estudar e voltou na década de 1980 para ajudar os pais. Tem sua agroindústria própria desde 2010. Marna, sua esposa, diz que toda a matéria prima é produção própria. "Só compramos os potes e baldes para embalagens", brinca.

Foi com este bom humor que ela recebeu os irmãos Laura e Caio Mosmann Maier, de sete e quatro anos, respectivamente. Acompanhados da mãe, Paula, foram de Novo Hamburgo pra prestigiar a festa. E degustaram um pão caseiro com melado.

Melado e amendoim

No estande do lado, Joseane Holler, 34 anos, se encarrega de mostrar e vender a produção de rapaduras e outros produtos feitos à base de melado e amendoim. Tudo começou com o avô dela, Osório Schmitt, que já largou o ofício, mas diariamente experimenta o que a filha Vânia, tia de Joseane, se encarrega de produzir na agroindústria da família onde trabalham 15 pessoas. "Meu avô começou com a rapadura, depois um tio acrescentou o açúcar mascavo e os netos desenvolveram novos produtos e modernizara, inclusive as embalagens", diz ela. Os produtos são vendidos na região e em feiras, como na Expointer, por exemplo.

A matéria prima também é fundamental na produção. A cana-de-açúcar é produção própria, enquanto que o amendoim é comprado. Sobre as receitas, não arrisca. Diz que a maioria das coisas sua tia faz no instinto.

Embutidos

Moisés Arnhold, 32 anos, trocou o curso de gastronomia pela produção própria de embutidos e outros derivados de suíno, como torresmo e costela defumada. Ele também expõe na SchmierFest. "Trouxemos salame italiano, salame alemão (mortadela cozida), costela, bacon, lombo defumado, linguiça suína e mista", diz ele, que trabalha na produção junto com um funcionário. São 1,5 toneladas por semana de produtos. Um dos segredos, segundo ele, é não usar condimentos. "Nosso propósito e deixar o mais colonial possível", acrescenta.

A matéria prima é 50% comprada e 50% produção própria. "A nossa criação tem um tratamento diferenciado", diz ele, que abate uma média de quatro porcos por semana, num frigorífico contratado.

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