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Notícias | Região MEIO AMBIENTE

Dois animais silvestres são resgatados a cada três dias em São Leopoldo

Bichos resgatados por grupamento ambiental na cidade são atendidos no MiniZoo de Canoas

Por Alecs Dal'Ollmo
Publicado em: 24.11.2022 às 03:00 Última atualização: 24.11.2022 às 13:53

O Grupamento de Defesa Ambiental (GDA) Ipson Pavani, da Guarda Civil Municipal (GCM), resgatou agora em novembro um filhote de coruja. Foi mais uma ação de cuidado com animais silvestres em São Leopoldo. De janeiro a outubro deste ano, o GDA realizou 177 salvamentos e resgates de animais de um total, no período, de 1.194 ocorrências com bichos.

E muitos deles, que corresponde a 15% das ações do grupamento, como o caso da pequena coruja-orelhuda, são encaminhados para recuperação no Zoológico Municipal de Canoas, mais conhecido como MiniZoo, e que funciona semelhante a um Centro de Triagem de Animais Silvestres.

Equipe do GDA resgatou de janeiro a outubro 177 animais em São Leopoldo
Equipe do GDA resgatou de janeiro a outubro 177 animais em São Leopoldo Foto: Divulgação

Uma parceria fundamental para garantir os cuidados necessários e depois o retorno ao meio ambiente. A ave, da espécie Asio clamator, apresentava um ferimento em uma das asas. No Cetas, a coruja foi avaliada e está passando por um processo de reabilitação. E a cada ano vem aumentando o trabalho atendimento de animais silvestres oriundos de conflitos urbanos no MiniZoo, que existe desde 2004.

Os casos

Em 2021, por exemplo, foram recebidos 1.322 animais de 117 espécies distintas. Em 2018, foram 447, de 76 espécies. Conforme o Cetas, os casos mais comuns são de órfãos, caso da coruja de São Leopoldo, seguidos dos que sofreram colisões em vidros de prédios e também os animais atropelados. Até o início do dia 17 de novembro, 929 animais já haviam sido levados ao MiniZoo para tratamento.

Conforme o MiniZoo, 69% dos casos de atendimentos, envolvendo animais silvestres, são provenientes de Canoas. Os 31% restantes são de São Leopoldo, Porto Alegre, Nova Santa Rita e mais 29 cidades. A equipe do GDA, que tem como inspetor, Emerson dos Anjos, reforça que a parceria com o Cetas surgiu quando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, estava impossibilitado de receber animais silvestres.

Estrutura

E a parceria é considerada importante para o GDA, pois o MiniZoo possui estrutura adequada para a reabilitação dos animais silvestres capturados, além de proporcionar qualificação aos agentes, como capacitação para resgate e manejo que ocorreu neste ano, coordenada pela bióloga Gabriela Souza e pela veterinária Isadora Favreto, ambas atuam na estrutura do MiniZoo e na avaliação e cuidados de animais silvestres.

*Colaborou Raquel Kothe

MiniZoo só recebe animais silvestres
MiniZoo só recebe animais silvestres Foto: Paulo Pires/GES

Espécimes em atendimento e os moradores

A equipe do MiniZoo Espaço de trabalho para estudantes explica que na área existem dois tipos de animais. Os em atendimento por saúde e os moradores - que não tiveram condições de ser recolocados no habitat natural. A área de visitação surgiu dessa necessidade de abrigar os animais que não podem voltar à natureza. Atualmente, cerca de 120 animais moram permanentemente no local.

A visitação está suspensa desde a microexplosão que atingiu parte de Canoas em 15 de agosto deste ano. O veterinário Daniel Vasconcellos reforça que são recebidos apenas os animais da fauna brasileira. A época de primavera é justamente a recordista de casos que chegam ao MiniZoo, em função do período reprodutivo. “Principalmente os gambás se adaptam ao perímetro urbano. As fêmeas se arriscam em busca de alimentos para os filhotes. Tem gente que confunde com ratazanas e acaba agredindo as mamães que estão tentando alimentar oito ou dez bocas”, contextualiza ele, lembrando que os gambás são importantes para a dispersão de sementes, além disso, eles comem carrapatos.

Os recursos financeiros que mantêm a estrutura e serviços em Canoas, assim como para vários municípios vizinhos, são provenientes da prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. O contato para informações e pedidos de resgate pode ser por telefone e WhatsApp no número (51) 99787-1078.

Base Ecológica

Muitas animais resgatados e que passam por recuperação no Cetas são libertados em espaços como no Parque Natural Municipal Base Ecológica do Rio Velho, que é uma Área de Preservação Permanente (APP), que fica no bairro Vicentina, em São Leopoldo. São 8 hectares ao lado da zona urbana com remanescente florestal e que permanece inundado por longos períodos do ano por estar situado às margens de um meandro do Rio dos Sinos.

São áreas que, em seu estado natural, concentram uma grande biodiversidade. Os agentes do Grupamento de Defesa Ambiental reforçam que é sempre aconselhável manter distância segura em caso de avistar um animal silvestres e acionar a equipe pelo Centro de Comando e Monitoramento (Cecom) no telefone 153.

Espaço de trabalho para estudantes

A rotina no MiniZoo é bastante diversificada e também consiste em uma grande oportunidade para estagiários de várias instituições de ensino na área de Veterinária e Biologia, como Ufrgs, Unilasalle, UniRitter, Ulbra, Unisinos, entre outras, totalizando 24 universidades. Entre os bichinhos mais diferentes recebidos estão uma cobra cruzeira, uma iguana filhote e um falcão caburé. No MiniZoo são feitas cirurgias para o tratamento dos bichos, como castrações e amputações necessárias.

Apesar de todo o esforço, 69% dos bichos que chegaram para tratamento no ano de 2021 acabaram morrendo, enquanto que 20% voltaram ao habitat natural. E 7% seguem em reabilitação, 2% aguardam em cativeiro, 1% é adotado e 1%, incorporado ao zoo. Não há um tempo pré-determinado para o tratamento, que pode variar de uma semana até mais de um ano. Nesta semana, por exemplo, ocorreu a soltura de um tamanduá mirim na natureza. Ele chegou filhote, precisou ser amamentado e ficou cerca de seis meses na reabilitação.

“Quanto maior o tempo de cativeiro ou habituado à presença humana, menores são as chances de voltar à liberdade”, enfatiza Vasconcellos. Assim como ocorre com o GDA, a equipe do MiniZoo enfatiza a importância do cuidado em relação aos animais silvestres na área urbana. “A gente sempre explica que nos chamem e que não corram risco tentando pegar os animais. É mais adequado ao humano e melhor para o animal”, completa o veterinário.

Reforço na estrutura com equipamentos

Os profissionais do Grupamento de Defesa Ambiental Ipson Pavani receberam neste mês novos equipamentos para as ações, como dois novos fumigadores para apicultura, 20 luvas de napa, 10 macacões com máscara, uma motosserra, quatro calças jardineiras impermeáveis com bota acoplada, 20 luvas de vaqueta, oito perneiras de proteção para cobras e 200 inseticidas aerossol de 400ml.

“Todos esses equipamentos são fundamentais para manter o bom serviço que o GDA vem prestando. Algumas ações são perigosas para a integridade física dos profissionais, então é necessário que haja a proteção adequada. Os agentes precisam lidar com cachorros bravos, abelhas e animais silvestres. Isso só é possível com essa proteção” destaca o comandante da GCM, José Carlos Pedrozo.

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