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Com frieza, filho nega que tenha matado dona de floricultura em Estância Velha

O suspeito, que não demonstrou surpresa com a prisão, estava gerenciando o empreendimento da mãe desde o assassinato dela

Por Silvio Milani
Publicado em: 03.12.2022 às 09:18 Última atualização: 03.12.2022 às 09:19

Principal suspeito de matar a comerciante Silvia Regina Coelho de Brito, 50 anos, na floricultura dela, em Estância Velha, o filho já tinha assumido o negócio. É onde foi preso, na manhã desta sexta-feira (2), sem demonstrar surpresa. Com frieza, Anderson Adriano Rodrigues da Silva, 30, nega ter assassinado a mãe. Para a Polícia, ele planejou e executou o homicídio, por motivos financeiros. Silvia levou um tiro na nuca, enquanto arrumava flores, na manhã de 22 de novembro.

Local do assassinato é o mesmo onde o primogênito da vítima foi capturado dez dias depois
Local do assassinato é o mesmo onde o primogênito da vítima foi capturado dez dias depois Foto: Matheus Chaparini/GES-Especial
“Representamos no fim da tarde desta quinta-feira pela prisão preventiva. Saiu hoje cedo e foi cumprida por volta de 9 horas”, declara a delegada Raquel Peixoto, que responde pela Polícia Civil de Estância Velha.

Os agentes encontraram Anderson sozinho na floricultura, uma das mais tradicionais do ramo na cidade, na Avenida Brasil. Na peça que serve de escritório, em meio a amplo terreno com várias espécies de plantas e acessórios, foi apreendida uma carabina calibre 38. “Ainda não sabemos se é a arma usada no crime. Vamos apurar”, observa Raquel.

Dívidas

Anderson era empregado da mãe. Trabalhava na área externa de paisagismo. Fazia ajardinamento e entregas, entre outros serviços. Mas ele ganhava muito mais que um simples funcionário. Conforme testemunhas, chegava a sugar todo o faturamento, para abater dívidas que contraía em supostas atividades ilegais. “Eles discutiam muito por causa disso. Testemunhas confirmam que pedia muito dinheiro à mãe”, conta a delegada. Segundo ela, a natureza das dívidas é apurada. Uma delas seria jogatina.

Anderson queria faturar com a venda do negócio

Anderson
Anderson Foto: Reprodução
Mais recentemente, Silvia, considerada mulher trabalhadora e empreendedora, passou a negar os achaques do filho, que se assemelhavam a extorsão. Estava cansada de bancar vícios de Anderson. É o que teria custado a vida da comerciante. Com a morte da mãe, a suspeita é que o filho estaria tentando comercializar os produtos que restavam na floricultura para então colocar o ponto à venda.

Ele não tinha antecedentes criminais. Foi conduzido à delegacia de São Leopoldo para depois ser transferido a audiência de custódia na capital. Até a noite desta sexta-feira, não tinha advogado. A Defensoria Pública deve ser acionada.

Para delegada, há provas de premeditação

De acordo com a delegada, há um conjunto de provas que coloca o filho na cena do crime. É o único suspeito. “Descartamos a participação de outra pessoa.” Ela explica que, ao cruzar o horário do tiro com informações de testemunhas, entre elas lojistas que ouviram o disparo, e imagens de câmeras de segurança, foi possível chegar à convicção de que Anderson é o autor. “Outras pistas, como quebra do sigilo telemático, indicam que o investigado premeditou o crime”, ressalta. Raquel revela pesquisas do filho na internet sobre armas e métodos de assassinato.

Confissão do ex-marido foi descartada

Na tarde de 24 de novembro, o ex-marido de Silvia foi à delegacia de Estância e confessou o crime. Disse ser o mandante. A reportagem apurou, no mesmo dia, que os policiais receberam o depoimento com desconfiança. Paulo, 49 anos, não levantava suspeita. Não teria condições físicas nem financeiras de contratar matadores. Com dificuldade para falar e caminhar em razão de problemas crônicos de saúde, ele declarou que havia pago R$ 6 mil para um matador que não soube dizer quem é. Dias depois, ele voltou à delegacia e desmentiu tudo. Teria sido convencido por Anderson, único filho que teve com Silvia, a assumir o crime sob argumento de que não seria preso em razão da saúde precária.


No aniversário de Silvia, ele pediu desculpas

“Me desculpa por errar contigo, nossas brigas diárias sempre eu sendo errado contigo. Você não merece isso, você merece muito mais me desculpa por tudo minha mãe." A mensagem nas redes sociais, escrita em agosto do ano passado, era mais que uma homenagem de aniversário de Anderson para a mãe. Era o indicativo de conflitos. No velório de Silvia, conforme parentes e amigos, o filho se mostrava preocupado. Movimentações suspeitas na frente da capela seriam motivo de medo para ele.

Cenário de execução

Silvia Regina Coelho de Brito, 50 anos
Silvia Regina Coelho de Brito, 50 anos Foto: Arquivo pessoal
O corpo foi encontrado pelo atual companheiro da vítima, Carlos Weber, 55, por volta das 11h30. Abalado, ele relatou aos policiais que deparou com Silvia no chão, com muito sangue em volta. Comerciantes vizinhos já tinham ouvido ruído semelhante a disparo de arma de fogo. Silvia foi executada quando trabalhava em uma peça na Esquina das Flores, que ela mantinha há 20 anos na cidade.

O terreno é todo cercado. Há duas entradas, uma pela frente, na Avenida Brasil, e outra pelos fundos, pela Rua Padre Antonio Vieira. "Ela morreu no lugar que mais amava. Essa floricultura era a vida dela. Trabalhava de segunda a segunda", frisa um parente.

A floricultura não tem câmeras de segurança, mas vários outros pontos comerciais das imediações contam com o dispositivo. Nada foi roubado. O filho foi visto indo embora do negócio logo após o crime.
Silvia tinha dois netos, filhos de relacionamento anterior de Anderson, que espera um menino com a atual companheira grávida. A comerciante estava feliz com a notícia do terceiro neto.

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