Preso por estupro das filhas, político do Vale do Sinos é levado para penitenciária
Homem público, que define acusação como "absurda", aguarda decisão sobre pedido de liberdade
Preso na tarde de sábado (24) por estupro das duas filhas, de 12 e 16 anos, um político de São Leopoldo de 41 anos foi levado nesta segunda-feira (26) à Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan). No último interrogatório, quebrou o silêncio. Disse que a acusação é "absurda". O advogado dele, David Leal, tenta liberdade provisória no plantão do Judiciário. O nome e o cargo público do suspeito não são revelados para preservar a identidade das vítimas.O defensor conta que levou o cliente à Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de São Leopoldo às 14 horas de sábado, para o cumprimento da prisão preventiva. "Ele sempre colaborou com as investigações, tanto que se prontificou a se apresentar. No depoimento, afirmou que jamais cometeria os atos a ele imputados."
O advogado conta que foi o próprio acusado quem levou a família à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de São Leopoldo, na noite da terça-feira da semana passada (20), para registrar ocorrência. "Era uma acusação muito grave das filhas. A companheira perguntou o que fazer e ele, como figura pública, disse que tinha que registrar. Acreditou na Justiça." Para o defensor, se houve mentira, "as contradições irão aparecer".
Alto escalão na prefeitura
Na DPPA, o homem foi separado em salas distantes da mulher e filhas. "Ali foi deferida medida protetiva de urgência e ele não pôde mais se aproximar delas. Ele não tem perfil de abusador. Ainda se preocupou com a família, deixando o cartão de crédito à companheira para elas não passarem necessidade." No dia seguinte, à tarde, o político foi exonerado do cargo em comissão (CC) que ocupava no alto escalão da prefeitura da cidade. A administração municipal comunicou, em nota, que decidiu demitir o servidor ao tomar conhecimento de "conduta pessoal criminosa totalmente reprovável". A preventiva foi decretada na tarde de sexta-feira (23).
Companheira conta como descobriu
Conforme relato da companheira, os abusos vieram à tona quando foi olhar o celular da filha mais velha e percebeu que estava de conversa com um rapaz. Teria então questionado a jovem por que não contou a ela e ao pai, observando que o político "defende tanto" as filhas. A menor teria insinuado motivos ocultos para o pai protegê-la, ao mesmo tempo que desconversava. Instigada, a mãe insistiu para que parasse de enrolar e contasse o que parecia esconder.
Até que a menina veio com uma frase perturbadora: "Mãe, ele me defende tanto porque transou comigo quando eu tinha 13 anos e mais algumas vezes". Apavorada, a mulher ouviu mais. Que a última relação sexual entre pai e filha teria ocorrido há um mês. Mais tarde, veio o testemunho assombroso da filha mais nova. Afirmou que também era abusada pelo pai, mas sem "relação sexual de verdade".
Casal apresenta versões conflitantes
Ao registrar boletim de ocorrência, a companheira relatou que o político havia confessado. O advogado nega, reiterando que ficou em silêncio. No dia seguinte, à reportagem, o investigado manteve a posição de não se manifestar.
A mulher disse que, ao saber pelas meninas, foi cobrar o marido. Depois de tanto negar, conforme ela, foi confrontado com as meninas e acabou admitindo o crime. Teria pedido perdão e concordado em ir à delegacia para confessar. A ocorrência foi registrada como "estupro de vulnerável".
Para o defensor, a denúncia teria sido motivada por descontentamento da filha de 16 anos com o pai. "A outra a acompanhou, porque são unidas." A contrariedade da adolescente, segundo ele, seria pela cobrança sobre um relacionamento dela. "Repreendeu a filha por envolvimento com rapaz, preocupado que houvesse envolvimento com pessoas do tráfico. Meu cliente é uma pessoa conhecida e tem representatividade política."