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Notícias | Região INVESTIGAÇÃO

Fotógrafo de Igrejinha é indiciado por golpes em clientes de festas de casamento e debutantes

Delegado menciona repetidas vítimas, enquanto acusado alega dificuldades financeiras para cumprir compromissos

Por Silvio Milani
Publicado em: 30.12.2022 às 07:00 Última atualização: 30.12.2022 às 07:10

Ele anunciava nas redes sociais preços promocionais para serviço de foto e vídeo em festas tradicionais, como casamentos e debutantes. Cobrava adiantado e não fazia o trabalho. Deixava famílias sem as lembranças de datas especiais. A acusação, em pelo menos 15 ocorrências registradas em várias cidades, resultou no indiciamento por estelionato do fotógrafo de Igrejinha Fernando Luís dos Santos, 29 anos. Ele alega dificuldades financeiras e de agenda para honrar os contratos.


"Entendemos que a conduta dele era premeditada, com dolo, de combinar com as pessoas um trabalho que não entregava apesar de receber os valores das vítimas. É o cerne do tipo penal de estelionato", declara o delegado de Igrejinha, Ivanir Luiz Moschen Caliari. Ele frisa que não era fato isolado. "As reiteradas ocorrências reportando a mesma conduta denota que assim agia para obter vantagem indevida."

Movimentação após recesso

Segundo o delegado, o fotógrafo foi indiciado em dois inquéritos, concluídos e enviados ao fórum na semana passada. Deve ser movimentado a partir de 9 de janeiro, quando o Judiciário retorna do recesso. O material irá para o Ministério Público, que avaliará se faz a denúncia.

Clientes lesados criaram o grupo 'vítimas do Fernando'

Clientes lesados criaram um grupo no WhatsApp com o nome "vítimas do Fernando". São 35 membros, de cidades como Novo Hamburgo, Campo Bom, Parobé, Canoas, Tramandaí, Taquara, Gravataí, Porto Alegre e Nova Santa Rita, entre outras.

Entre eles, está a moradora de Taquara Josiana Ritter, 34, que há mais de um ano contratou serviço de foto e vídeo para a festa de debutante da filha, pagou adiantado e ainda não recebeu o material. "Planejamos e trabalhamos duro para fazer do jeito que ela sonhou, mas ficamos sem o registro desses momentos especiais. É um sentimento de muita frustração e tristeza."

A taquarense conta que pagou 950 reais pelo serviço, quatro meses antes da festa, realizada em 6 de novembro de 2021. "Hoje eu estou lutando para que mais ninguém seja enganado por ele, porque isso mexe com o sentimento das pessoas. Minha filha lembra da festa com tristeza e decepção. Era pra ter sido um dia especial. Chorou muito, pois as amigas pediam os registros e ela não tinha."

"Promoção" exigia pagamento à vista

Enquanto alegava os mais diferentes motivos para não entregar o serviço, o fotógrafo continuava a atrair novos clientes por meio de "promoções" em seu perfil no Facebook. Apesar da exigência de pagamento à vista na assinatura do contrato, famílias de baixa renda foram cativadas pelo preço abaixo do mercado em pacotes audiovisuais de casamentos e festas de debutantes. Era o sonho de uma produção profissional para ficar de lembrança da data especial.

"Pretendia dar de presente para minha afilhada para os seus 15 anos no dia 10 de dezembro. Esse dinheiro é do meu trabalho com artesanato. Preparamos a festa da minha sobrinha com muito esforço", relata a moradora de Canoas Carin Lamerão, 43. Segundo ela, recebeu respostas grosseiras do fotógrafo quando o cobrou por ter desmarcado dois ensaios e pediu o dinheiro de volta. "Paguei 950 reais para garantir a promoção e, quando vi que o serviço não seria prestado, tentei que ele me devolvesse, o que disse que não faria. Então fiz boletim de ocorrência."

'Não sou golpista'

O escritório de advocacia contratado pelo fotógrafo saiu da causa. O indiciado estaria agora sem defesa. Na tarde desta quinta-feira, por mensagem, se limitou a dizer que só se manifestaria por meio de nota. No extenso texto, diz que não teve intenção de lesar clientes e que está tentando resolver as pendências. "Não sou golpista."

Ele menciona a pandemia como um dos fatores que teria desencadeado dificuldades financeiras: "Muitos eventos e agendamentos foram suspensos, e ultrapassado esse período todos esses trabalhos que ficaram representados começaram a ser marcados para datas muito próximas ou até mesmo em uma mesma data".

E garante: "Todos os eventos e atos que comparecemos e registramos as imagens e filmagens essas permanecem guardadas. Seus momentos não estão perdidos e estão registrados."

Mãe implora por material

Há pelo menos dois anos, conforme testemunhas, o fotógrafo não entrega material contratado e vai protelando datas, como na conversa com uma mãe aflita pelos registros de 15 anos da filha. Após garantir o dia e adiar várias vezes, ele alega dificuldades financeiras. 

Apelo das vítimas e desculpas do acusado
Apelo das vítimas e desculpas do acusado Foto: Reprodução

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