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Notícias | Região PROTESTO

Familiares e vítimas do médico João Couto Neto cobram ações do Cremers

Médico é investigado por mutilações e mortes em cirurgias realizadas em Novo Hamburgo

Publicado em: 08.02.2023 às 20:04 Última atualização: 08.02.2023 às 21:20

Um grupo de familiares de pacientes do médico João Couto Neto estiveram em Porto Alegre na tarde desta quarta-feira (8) para cobrar ações do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) em relação ao profissional que é investigado mortes e mutilações em cirurgias realizadas no Hospital Regina, de Novo Hamburgo. O grupo cobra ações mais efetivas por parte do Conselho em relação aos casos que envolvem Couto.

Manifestantes pedem por ações da Cremers contra João Couto Neto
Manifestantes pedem por ações da Cremers contra João Couto Neto Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

"Pedimos que o Cremers tomasse uma ação pró-ativa", conta Carlos Diego de Oliveira, filho de uma dos pacientes que faleceu após cirurgia realizada pelo investigado. Na avaliação dele, a reunião foi pouco produtiva. "Não nos trouxe nada conclusivo, é aquilo que qualquer atendimento nos diria", avaliou.

A ideia inicial do grupo era poder entrar com uma ação coletiva. Entretanto, os três representantes do Cremers que receberam os familiares orientaram a abertura de processos individuais. Além de entrar com novos processo, os familiares cobram a reabertura de casos antigos já julgados pelo Cremers.

Caso símbolo

A estudante Katrine Faria de Vargas tinha apenas 12 anos quando a mãe, Elizabete Faria de Vargas, então com 43, faleceu em decorrência de complicações devido a uma cirurgia de hérnia com Couto. Moradora de Porto Alegre, ela foi encaminhada para Novo Hamburgo porque queria fazer a operação a laser para não ficar com cicatriz. "Ela era muito vaidosa", lembra Katrine.


De acordo com a estudante, não demorou para surgirem complicações resultantes da cirurgia. "Ele perfurou o intestino dela em sete lugares e mandou ela para casa. Entramos em contato com ele nos outros dois dias e ele disse que era tudo normal. No terceiro dia, resolvemos levar ela em outro médico e não deixaram ela sair porque já estava com infecção generalizada, ela foi então encaminhada ao Hospital São Lucas e de lá não saiu mais", lembra Katrine.

Elizabete faleceu no dia 17 de janeiro de 2012. Sua operação havia sido realizada no ano anterior. A família então procurou o Cremers e denunciou o caso, que só foi julgado sete anos depois. "Ele foi acusado, teve a audiência em 2019 aqui no Cremers e eles ganharam de 7x0, falaram que a cirurgia tinha risco e isso podia acontecer", conta Katrine. Mesmo passado tanto tempo, a família não esquece o caso. "Já faz 10 anos que estamos tentando na justiça justamente para que não acontecesse outras vítimas."

Sindicato diz que vai procurar famílias

Corregedor do Cremers, Carlos Isaia Filho, afirma que o Conselho fará contato com os familiares das vítimas nos próximos dias. De acordo com ele, isso não foi possível antes porque ainda não havia sido disponibilizado o nome dos envolvidos. "Ontem [terça-feira] recebemos, em sigilo, todo o processo onde consta o nome de todas as pessoas. Então sabendo quem foram as pessoas, vamos fazer contato para saber quem quer fazer a denúncia no Conselho."

De acordo com Isaia, Couto já responde a um processo no Cremers e ainda há duas outras sindicâncias abertas para investigar o médico. "Mas não são de fatos relacionados a esses colocados agora", afirma ele, referindo-se aos casos que se tornaram públicos. Couto já foi suspenso pela Justiça, mas para que o Cremers tome uma atitude é preciso que os processos sejam abertos no próprio Conselho.

Em relação a processos passados, Isaia diz que eles só podem ser reabertos caso surjam fatos novos ou novas denúncias.

Inquérito criminal em andamento

Desde que as primeiras denúncias contra Couto vieram à tona só se fez aumentar o número de pessoas que se dizem vítimas do médico. O inquérito criminal, comandado pelo delegado Tarcísio Kaltbach, já tem 114 ocorrências contra o médico. Mais de 80 pessoas foram ouvidas durante as investigações. De acordo com Kaltbach, o próximo passo será por parte da perícia. “Em breve estaremos encaminhando ao IGP de POA os depoimentos, laudos, prontuários médicos e relatórios médicos para fins de análise pela junta médica do IML-IGP.”

Kaltbach diz que ainda não é possível determinar um prazo para o encerramento do inquérito, já que dependerá justamente de outros órgãos. “Logo mais as diligências que passarão a ser feitas é pelo IGP e daí eles têm o tempo deles”, explica. Mas mesmo antes do encerramento do inquérito criminal, as famílias acionaram Couto na área cível. Mais de 50 ações contra o médico já foram protocoladas.

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